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MPE pede arquivamento de denĂșncia contra juiz investigado por autorização de escutas ilegais em MT

Por Redação em 20/10/2022 às 13:53:49

O Ministério PĂșblico Estadual (MPE), por meio do NĂșcleo de Ações de CompetĂȘncia OriginĂĄrio (Naco), pediu à Justiça o arquivamento da investigação que apurava escutas ilegais determinadas pelo juiz Jorge Alexandre Martins Ferreira, entre 2014 e 2015. Na época, ele atuava na Comarca de CĂĄceres.

De acordo com as investigações, nestes anos, o magistrado determinou vĂĄrias interceptações telefônicas requeridas por policiais militares que, criminosamente, haviam instalado um nĂșcleo de escuta telefônica ilegal que, mais tarde, ficou conhecido como "Grampolândia Pantaneira".

As interceptações visavam a observação de conversas de pessoas civis, servidores pĂșblicos, militares e outros profissionais, com o objetivo de atender interesses de polĂ­ticos, especialmente do ex-governador Pedro Taques e do ex-secretĂĄrio estadual, Paulo Taques.

As investigações, iniciadas em 19 de junho de 2017, foram realizadas por uma força-tarefa da PolĂ­cia Civil, a pedido do desembargador do Tribunal de Justiça Orlando Perri, coordenada pela delegada Ana Cristina Feldner.

No decorrer da apuração, conforme pontuado pelo próprio Ministério PĂșblico, o foco das investigações foi, de certa medida, "alargado", sendo trazidos para os autos documentos que não guardavam relação com o objeto do inquérito e, sim, com outras interceptações telefônicas realizadas nas variadas comarcas do estado.

Em dezembro de 2019, entretanto, o Ministério PĂșblico, depois de analisar mais de quarenta volumes de documentos produzidos pela equipe de policiais, concluiu que não havia nenhum indĂ­cio de participação de qualquer magistrado no esquema de grampos ilegais e, por isso, manifestou pelo arquivamento dos autos.

A manifestação do MPE, entretanto, não foi pontamento acatada pela Justiça e, assim, as investigações prosseguiram.

Agora, cinco anos após o inĂ­cio dos trabalhos, o Ministério PĂșblico tornou a manifestar-se pelo arquivamento da investigação contra o magistrado. Nesse sentido, o coordenador do Naco, procurador de Justiça Domingos SĂĄvio de Barros Arruda, atestou que "depois de meia década dedicada, exclusivamente, à investigação do objeto deste feito, a autoridade policial não trouxe nenhum elemento de prova que pudesse apontar materialidade delitiva ou eventual envolvimento de algum magistrado em prĂĄtica criminosa".

Domingos SĂĄvio ainda acrescentou que, relativamente à conduta do juiz Jorge Alexandre Martins Ferreira, foi possĂ­vel constatar que "em que pese a profusão de investigações que passaram a ser realizadas, muitas, inclusive, sobrepostas, em nenhuma delas, frise-se, em nenhuma sequer, seja no âmbito disciplinar, seja na esfera criminal, foram encontrados indĂșcios e/ou elementos a sugerir que o magistrado investigado, Jorge Alexandre Martins Ferreira, participou de alguma forma, ou ao menos de que ele tinha ciĂȘncia dos crimes que estavam sendo praticados pelos polĂ­ciais militares no "escritório de arapongagem" clandestino".

Grampolândia

Cerca de 80 nĂșmeros de telefone foram grampeados pelo nĂșcleo de inteligĂȘncia da PolĂ­cia Militar de Mato Grosso, em um esquema ilegal de espionagem.

As interceptações clandestinas teriam ocorrido entre outubro de 2014 e agosto de 2015 e tiveram entre os alvos o desembargador aposentado do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) José Ferreira Leite, a deputada estadual JanaĂ­na Riva (PMDB), e o vereador VinĂ­cius Hugueney (PP).

Autoridades, profissionais liberais, jornalistas e advogados tiveram os telefonemas interceptados em um esquema conhecido como "barriga de aluguel", no qual os nĂșmeros foram inseridos indevidamente em processos de investigação de trĂĄfico de drogas para obter autorização judicial para a quebra de sigilo.

Na época, o ex-secretĂĄrio de Segurança PĂșblica, Mauro Zaque, disse ter entregue ao governador documentos que comprovavam a existĂȘncia de 'escritório clandestino de espionagem', para que o caso fosse investigado. No entanto, o governador negou ter recebido essa documentação.

Inquérito concluĂ­do

Em setembro, a PolĂ­cia Civil concluiu e enviou ao Tribunal de Justiça o inquérito sobre as investigações que apuravam possĂ­veis escutas telefônicas ilegais concedidas por magistrados no escândalo que ficou conhecido como "Grapolândia Pantaneira".

O inquérito foi instaurado por determinação do próprio Tribunal de Justiça para apurar eventual conduta dolosa de magistrados do estado no deferimento ilegal de intercepções telefônicas, previstas no artigo 10 da Lei 9296/96.

As investigações apuram fatos ocorridos entre janeiro de 2014 e junho de 2017, durante a gestão do ex-governador Pedro Taques, resultando em aproximadamente 178 mil pĂĄginas, entre fĂ­sicas e digitais. Foram cerca de 52 mil interceptações telefônicas feitas neste perĂ­odo.

Fonte: G1/MT

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