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Lauana Prado diz que soube lidar com 'carinho' para ter orientação sexual respeitada e busca ir além dos hits: 'Não quero algo efêmero'

Por Redação em 15/07/2022 às 05:24:06
Cantora vai se apresentar no Jaguariúna Rodeo Festival em setembro. Ela falou com exclusividade ao g1 sobre a necessidade de buscar uma musicalidade diferente do que é feito no mercado, novo projeto só com mulheres e a bissexualidade. Lauana Prado

Caio Duran/Divulgação

Aquela Lauana Prado que ganhou projeção nacional em 2019 hoje aproveita o sucesso de uma carreira que a colocou no topo entre as mulheres do sertanejo. O momento consolidado, repleto de fãs e prestígio do segmento pela qualidade do trabalho que apresenta, veio após 15 anos de carreira e muita dificuldade até se tornar conhecida. No entanto, a transição da cantora, que passou por três realities shows e bateu na porta de estúdios, para a estrela dona dos hits "Cobaia" e "Zap", foi guiada por um só fio condutor: uma personalidade muito forte dentro e fora da música.

Confirmada no line-up de grandes festas da música sertaneja neste ano, entre elas o Jaguariúna Rodeo Festival, Lauana Prado teve uma conversa exclusiva com o g1 por telefone e falou dos posicionamentos sempre contundentes, como lidar com carinho e naturalidade com a bissexualidade, detalhou um projeto só com mulheres do gênero que sonha em concretizar, e reforçou a necessidade que tem de buscar uma musicalidade diferente do que é feito no mercado atual, para não virar apenas uma fábrica de hits líderes em execuções de streamings.

"Os números são importantíssimos, mas eu tenho que ter longevidade. Não dá pra fazer só músicas com potenciais de hits. Eu gosto de trabalhar nas duas frentes, faço músicas com cara de hit, mas tenho músicas diferentes, com melodias mais trabalhadas. Eu prefiro caminhar em passos mais tímidos do que só fazer hit atrás de hit que duram dois meses de sucesso. Eu vislumbro carreiras longas, como Chitão, como Zezé. Eu não quero algo efêmero", pontuou Lauana.

A personalidade para fugir do comum está presente no novo trabalho audiovisual da artista, "Natural", gravado no meio do Jalapão, no Tocantins, onde ela passou maior parte da infância e adolescência. O álbum apresenta uma diversidade grande de referências musicais e participações que têm os pés no sertanejo, como Juan Marcus e Vinícius e Paula Fernandes, mas também reúnem o pagode de Dilsinho, o funk de Dennis e o pop de Vitão.

Lauana Prado

Divulgação

"Eu tenho mesmo essa intenção de destoar do que tem sido feito, que por sinal eu acho muito bom. O que se faz no sertanejo hoje é excelente, nós temos artistas muito bons no mercado, que eu gosto muito. Mas eu sempre procurei trazer mesmo minha personalidade e busco essa sonoridade de forma única. Se eu fizer algo semelhante a gente vai ter sempre a mesma sonoridade. O 'Natural' tem essa pretensão com arranjos mais fora da caixa. Até porque eu tenho fãs que não são do sertanejo, então as participações também trazem essa pluralidade", afirmou.

Ao mesmo tempo em que passeia por outros gêneros e se arrisca em experimentações, Lauana também reserva uma parte da carreira para dar vazão a toda sua paixão pelo sertanejo raiz. Não à toa, junto com o "Natural", ela lançou o álbum "Raiz", só com releituras de quatro décadas do segmento, desde os anos 80 até o universitário, inclusive com canções "Lado B" nunca regravadas. A intenção é trabalhar os dois projetos em paralelo.

"Eu quis me desafiar, porque eu sou muito 'rata' de sertanejo. Eu achei que era hora de voz a essas músicas para a nova geração conhecer. Hoje, o sertanejo tem um público muito novo, que gosta muito dos artistas da nova geração, mas não conhece o que veio antes, que foi o alicerce para o que se faz hoje. Então, eu entendi que era hora de mostrar as coisas dos anos 80, anos 90, para esse público. É preciso apresentar para eles", explicou.

No show, a cantora mescla um pouco de seus sucessos anteriores, como "Cobaia", que a fez estourar em 2019, trabalha as músicas do "Natural" e reserva um momento para as regravações do "Raiz". Tudo isso tocando quatro instrumentos: guitarra, violão, piano e ukulele. O formato vai desembarcar no Rodeio de Jaguariúna na noite de 17 de setembro, na primeira vez da artista na festa, que é uma das maiores do Brasil. A estreia causou orgulho e satisfação por ela estar cada vez mais presente em festas de peão.

"Jaguariúna é um grande sonho realizado para mim. É uma honra máxima, eu estou muito ansiosa por esse dia. Reformulamos o show, a ideia é que a gente chegue com esse show novo. Eu fiz Barretos em 2019, vou fazer Barretos esse ano também. É uma galeria imensa, um grande orgulho eu estar presentes em rodeios tão grandes e reconhecidos do Brasil. Eu gosto muito de falar com esse público", contou.

Lauana Prado grava DVD na pedra furada, ponto turístico do Jalapão

Ricardo Brunini/Divulgação

Bissexualidade em um meio conservador

Mayara Lauana Pereira e Vieira do Prado sempre precisou ser muito transparente para conseguir viver de música e fazer sucesso. Ainda como Mayara Prado, participou de dois programas de calouros do Raul Gil - "Jovens Talentos", em 2011, e Mulheres que Brilham, em 2014" -, além de ter sido semifinalista do The Voice Brasil, da TV Globo, em 2012. Nessa época, também batia na porta de estúdios em São Paulo para que seu talento como compositora e cantora fosse enxergado.

A sinceridade de dar a cara a tapa se mantém até hoje na vida de Mayara, que precisou mudar o nome artístico para Lauana após uma sugestão de Fernando Zor, da dupla com Sorocaba, que também é produtor musical e indicou que a artista buscasse uma sonoridade inédita, considerando que a música sertaneja já tinha nomes como Maiara e Maraísa, Naiara Azevedo, e Simone e Simaria. Atualmente, ela vive um relacionamento com a influenciadora Verônica Schulz Ribeiro, e sempre falou abertamente sobre sua bissexualidade, o que a fez ser respeitada.

"Eu sempre foi muito carinhosa para lidar com a minha vida pessoal. O mercado da música sertaneja é conservador. As pessoas no nosso meio às vezes não entendem e não sabem lidar, eu tive pessoas da minha família que também não entenderam. Então eu tento trazer de maneira prática e muito natural. Acho que esse é o caminho para mostrar que meu relacionamento não tem diferença nenhuma de qualquer outro. Tem carinho, amor, parceria. É assim que eu busquei respeito", ressaltou.

Lauana ainda lembrou que sempre procurou conquistar um lugar dentro do estilo musical pelo trabalho, sem levantar nenhuma bandeira. Por isso, ela acredita que lidar com leveza é o melhor caminho para assumir uma bissexualidade em um mercado conhecido pelo conservadorismo. Além disso, a artista espera que no futuro isso não seja uma questão a ser discutida.

"Eu nunca contei com a sorte, sempre pautei meu trabalho no meu profissionalismo e é assim que eu me apresento no mercado. Às vezes a militância se confunde com um confronto, eu não faço essa relação, eu falo disso como falo de qualquer assunto. E acredito que no futuro as questões de sexualidade vão ser mais respeitadas. Isso já está mudando com a educação, as crianças já estão vindo diferentes. Eu não sinto esse preconceito, em todo lugar que vou, sou tratada muito bem", completou.

Lauana Prado durante gravação de DVD no Hopi Hari

Divulgação

União após a perda de Marília Mendonça

Oito meses após a morte da cantora Marília Mendonça em um acidente aéreo em Piedade de Caratinga (MG), Lauana disse que ainda não sabe lidar com a perda da "Rainha da Sofrência", a quem considera a grande inspiração e referência feminina da música sertaneja. Segundo a artista, a ausência nunca será preenchida, mas ela seguirá trabalhando para que as mulheres sejam cada vez mais fortes na música sertaneja.

Um exemplo disso é um projeto que pretende lançar em 2023, produzido pela própria Lauana, para unir artistas mulheres do segmento, de gerações e níveis de sucesso diferentes, para fazer regravações de clássicos sertanejos que também foram gravados por vozes femininas.

"É um projeto para mulheres de qualquer geração e também de várias representatividades. Já entrei em contato com algumas mulheres, falei com Day e Lara, Rayane e Rafaela, vou falar com quem já está no topo também. É um projeto voltado para o feminino, para trazer essa união. A ideia é que a banda também tenha algumas mulheres", disse.

Enquanto a ideia não é colocada em prática, a cantora já pensa em lançar um novo álbum de inéditas até o fim do ano, com boa parte de composições próprias. "Não consigo tirar a mão da composição. Claro que essa parte artística é o que me move. Antigamente, eu fazia 20 músicas por mês. Hoje, eu não consigo mais, mas ainda tiro uma parte do meu dia para compor sozinha e com meus parceiros", finalizou.

Lauana Prado no camarim do show na Festa do Peão de Barretos 2019

Caio Duran

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Fonte: G1

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