Substância será vendida em farmácias pela primeira vez no Brasil e é uma alternativa para os que sofrem de epilepsia refratária, o tipo mais grave da doença. Canabidiol começa a ser vendido no Brasil
Uma indústria de Toledo, no oeste do Paraná, recebeu uma autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para produzir medicamento à base de canabidiol. A substância será vendida em farmácias pela primeira vez no Brasil.
O canabidiol é uma das mais de 400 substância derivadas das maconha. Quando processado, é livre de alucinógenos e é uma alternativa para milhares de brasileiros que sofrem de epilepsia refratária, o tipo mais grave da doença. O acesso ao produto só era possível caso as famílias importassem de outros países.
Anvisa autoriza comercialização de fármaco à base de canabidiol
Ângela Schmitz sempre precisava importar o produto para o filho que possui um alto grau de eplepsia. Segundo ela, essa será a primeira vez, em cinco anos, que a compra para o tratamento será mais fácil.
"Evita todo aquele trâmite de você ter laudo, prescrição, ir para a Anisa, esperar a autorização, importar. Fica com o coração na mão, não sabe se vai chegar, quando que vai chegar", disse ela.
Indústria do Paraná recebe autorização da Anvisa para produzir medicamento à base de canabidiol
Reprodução/RPC
Outra família que está aliviada com a autorização da comercialização mais próxima, é a da Maria Fernanda, que tem oito anos, e luta contra uma síndrome rara, desde os dois meses de vida.
"Ela tinha entre 80 a 100 crises por dia, uma quantidade grande, e era muito forte. Hoje ela tem uma ou duas por dia", comentou a mãe.
Maria Fernanda tem oito anos e luta contra uma síndrome rara desde os dois meses de vida
Reprodução/RPC
A industria farmacêutica de Toledo pesquisa o canabidiol há seis anos em parceria com a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) e conseguiu em abril a autorização para comercializar o produto.
11 mil frascos do canabidiol foram colocados a venda em mais de 5 mil farmácias em todo país. Cada frasco será vendido por R$ 2,5 mil, praticamente o mesmo valor de importar o produto.
"Hoje o grande custo do canabidiol é o processo de purificação, isso que acaba elevando o custo. São equipamentos muito caros e a capacidade de produção é muito pequena", explicou Eder Maffissoni, diretor-presidente da indústria farmacêutica Prati-Donaduzzi.
Mesmo com o alto custo, a comercialização do canabidiol no país é vista como um avanço por essa neuropediatra.
"O fato de estar disponível na farmácia é o primeiro passo para você colocar dentro do Sistema Único de Saúde com algumas indicações, assim que as pesquisas estiverem concluídas", disse a neuropediatra Marta Clivatti.
Eder Maffissoni diz que a empresa tem buscado formas de baratear o custo do produto. O laboratório criou um canabidiol sintético, uma fórmula a partir de reações químicas.
"Estimamos que em aproximadamente três anos teremos um produto canabidiol de origem sintética e não mais de origem vegetal, como ela é hoje".
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