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Defensoria PĂșblica processa CFM e pede indenização de R$ 60 milhões pela indicação de medicamentos ineficazes contra Covid

Por Redação em 01/10/2021 às 20:13:42
Ação é assinada por defensores pĂșblicos da União de 10 estados e do Distrito Federal, que pedem que o conselho oriente a comunidade médica sobre a ineficĂĄcia de cloroquina e hidroxicloroquina no tratamento contra a Covid-19. Em nota, o Conselho Federal de Medicina afirmou que ainda não foi notificado.

A Defensoria PĂșblica da União entrou nesta sexta-feira (1) com uma ação civil contra o Conselho Federal de Medicina (CFM) por danos morais coletivos pela indicação do uso de cloroquina e hidroxicloroquina em pacientes com Covid-19, medicamentos comprovadamente ineficazes no tratamento da doença.

A ação foi protocolada na 22° Vara CĂ­vel Federal de São Paulo e é assinada por defensores de 10 estados e do Distrito Federal.

Além de indenização coletiva no valor de R$ 60 milhões, a ação também pede indenizações individuais a familiares que tiveram parentes que foram tratados com os medicamentos e tiveram o quadro de saĂșde piorado e morreram.

Os defensores também pedem que o Conselho "oriente ostensivamente a comunidade médica e a população em geral sobre a ineficĂĄcia de cloroquina e hidroxicloroquina no tratamento contra a Covid-19".

No documento, é citado o parecer do CFM de 2020 que autorizou a indicação dos remédios para o chamado "tratamento precoce".

Também são apontadas manifestações posteriores do Conselho que mantiveram a orientação para o uso sob a justificativa de autonomia do médico e do paciente, mesmo após estudos cientĂ­ficos terem apontado aumento da mortalidade e ineficĂĄcia da cloroquina no uso contra a Covid-19.

"Apesar de toda a evidĂȘncia cientĂ­fica acumulada, em 5 de maio de 2021, foi divulgado que o CFM ratificou que não mudaria sua postura em relação ao uso da cloroquina no Brasil", diz a ação.

Em nota, o CFM afirmou que ainda não recebeu comunicação judicial sobre a ação. "Caso seja acionado, oferecerĂĄ todas as informações pertinentes", diz ainda.

CPI da Covid

Na terça-feira (28), durante depoimento de mais de 7 horas na CPI da Covid, em BrasĂ­lia, a advogada Bruna Morato, que representa 12 médicos que denunciaram a Prevent Senior, afirmou que o plano de saĂșde coagia os empregados a prescreverem remédios ineficazes contra a Covid.

Disse também que o plano fez um "pacto" com o chamado "gabinete paralelo" do PalĂĄcio do Planalto, que, segundo a CPI, orientava o presidente Jair Bolsonaro sobre condutas para o enfrentamento da pandemia.

Bruna Morato também afirmou que a Prevent Senior ergueu um hospital de campanha na Vila OlĂ­mpia, em São Paulo, para atender pacientes de Covid-19 durante a pandemia em um prédio que funciona sem elevador para macas e sem as adaptações necessĂĄrias para receber pacientes (veja mais aqui).

O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) afirmou, por meio de nota, que "estĂĄ ciente dessas graves acusações e, na estrita fiscalização da profissão médica, em benefĂ­cio da sociedade, instaurou procedimentos para apuração dos fatos e delimitação das responsabilidades".

"Foram levadas ao conhecimento de diversos entes de fiscalização denĂșncias envolvendo prescrições de medicamentos sem comprovação cientĂ­fica para o tratamento de Covid-19, suspeitas de fraudes em atestados de óbito, possĂ­veis falsificações de prontuĂĄrios médicos com mudanças da Classificação Internacional de Doenças (CID) e envio de kit de medicamentos, de maneira compulsória, a serem administrados aos conveniados, sem autorização da famĂ­lia e/ou prescrição médica, além da suposta imposição aos médicos do cumprimento de protocolos institucionais. (...) Este Conselho seguirĂĄ colaborando com as autoridades competentes para todos os esclarecimentos necessĂĄrios e a plena elucidação das denĂșncias", disse a nota.

Órgãos de classe

A Secretaria de Estado da SaĂșde de São Paulo afirmou na nesta segunda-feira (27) que notificou o Cremesp, o Conselho Regional de FarmĂĄcia (CRF) e o Conselho Regional de Enfermagem (Coren) para "adoção de medidas cabĂ­veis com relação a hospitais da rede Prevent Senior, considerando as atribuições legais de fiscalização do exercĂ­cio de cada profissão".

Segundo a secretaria, o pedido foi feito após "os fatos noticiados na CPI da Covid-19 relacionados à "alteração" de diagnósticos nos prontuĂĄrios de pacientes e omissão do CID da doença nas declarações de óbitos, bem como a prescrição de medicamentos sem eficĂĄcia cientificamente comprovada para tratamento da doença, como a cloroquina".


Fachada de prédio da Prevent Senior em São Paulo — Foto: Reprodução/TV Globo
Fachada de prédio da Prevent Senior em São Paulo


Apesar da notificação, a secretaria estadual afirmou que os hospitais Sancta Maggiore da rede localizados na capital paulista foram alvo de vistoria das equipes de Vigilância SanitĂĄria estadual e municipal, em março de 2020, após indĂ­cios de subnotificação de casos e óbitos naquela fase inicial da pandemia e tĂȘm cumprido as exigĂȘncias sanitĂĄrias do estado.

"As Vigilâncias realizaram inspeção colaborativa para avaliar os protocolos e fluxos de atendimento, notificação de casos de COVID-19 e condições técnicas e sanitĂĄrias. A rede realizou melhorias, implantou medidas de segurança e de otimização de atendimentos e notificação referentes à doença, sendo constatada conformidade com legislação sanitĂĄria", declarou a secretaria.

DenĂșncias

No começo do ano, médicos denunciaram à GloboNews que a diretoria do plano de saĂșde Prevent Senior os obrigou a trabalhar infectados com Covid-19 e a receitar medicamentos sem eficĂĄcia para pacientes.

Depois disso, um dos médicos inclusive registrou um boletim de ocorrĂȘncia em que relata ter sofrido ameaças do diretor-executivo da operadora de saĂșde, Pedro Benedito Batista JĂșnior.

Agora, a CPI da Covid-19 investiga um dossiĂȘ que aponta que a Prevent ocultou mortes em um estudo com hidroxicloroquina, remédio que não funciona contra Covid.

Os indĂ­cios da fraude aparecem em documentos e ĂĄudios e, segundo os documentos, houve pelo menos o dobro de mortes entre os pacientes tratados com cloroquina analisados pelo estudo.


Pedro Benedito Batista JĂșnior, diretor da Prevent Senior, durante depoimento à CPI — Foto: Edilson Rodrigues/AgĂȘncia SenadoPedro Benedito Batista JĂșnior, diretor da Prevent Senior, durante depoimento à CPI


A suposta pesquisa seria um desdobramento de um acordo da operadora de planos de saĂșde com o governo federal, e teria resultado na disseminação do uso da cloroquina e de outros medicamentos. A Organização Mundial de SaĂșde (OMS) jĂĄ descartou o medicamento para esse tipo de tratamento.

A Prevent repudia as denĂșncias e afirma que "sempre atuou dentro dos parâmetros éticos e legais". O diretor-executivo do plano de saĂșde, Pedro Batista JĂșnior, foi ouvido na CPI na quarta-feira (22) e afirmou que foram os pacientes que passaram a exigir a prescrição da cloroquina, mas confirmou que a operadora orientou médicos a modificarem, após algumas semanas de internação, o código de diagnóstico (CID) dos pacientes que deram entrada com Covid-19.

Além da CPI da Covid-19, no Congresso Nacional, a operadora é investigada pelo Ministério PĂșblico Federal, pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo e pela agĂȘncia reguladora dos planos de saĂșde, a ANS.

Em São Paulo, o Ministério PĂșblico iniciou uma investigação ainda em março sobre a distribuição do "kit Covid" pela Prevent Senior. Neste mĂȘs, após novas denĂșncias, o MP criou uma força-tarefa, com quatro promotores: Everton Zanella, Fernando Pereira, Nelson dos Santos Pereira JĂșnior e Neudival Mascarenhas Filho.

O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Mario Sarrubbo, disse que os profissionais médicos e diretores da Prevent Senior poderão responder por crime contra a vida, caso fique comprovado o uso de tratamentos ineficazes contra a Covid-19 em pacientes da operadora.

Fonte: G1

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