A colheita de milho "safrinha" da safra 2023/24 já começou em algumas regiões do país, e as primeiras indicações são otimistas em relação às perspectivas de produtividade, como reflexo das chuvas de fevereiro e março.
O cenário é bem diferente do início do plantio, em meados de janeiro, quando as dúvidas dominavam os produtores, já que o alongamento do ciclo da soja reduziu a janela ideal de semeadura do milho em muitas áreas, especialmente em Mato Grosso, maior produtor brasileiro do cereal.
"O clima estava bom até abril, mas em maio a chuva deu uma segurada. Isso pode reduzir um pouco a expectativa para a safra, mas ela não será tão ruim quanto era esperado no início. Em Mato Grosso, os relatos são de uma colheita até maior que a do ano passado", afirmou Glauber Silveira, diretor da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho).
Para o dirigente, devido às boas condições de lavouras em algumas áreas do Brasil, a safra total de milho no país (somando a produção da primeira safra) ficará acima das 111,63 milhões projetadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em maio. Desse volume, a autarquia previu uma colheita de 86,15 milhões de toneladas de milho na safrinha. Por outro lado, Silveira acha pouco provável que este ciclo repita as 131,8 milhões de toneladas de 2022/23.
A percepção é mais otimista entre muitos produtores, como é o caso de Marcos Fernando Feldhaus, sócio da Agropecuária Feldhaus. A empresa plantou 8,5 mil hectares, e o produtor espera colher 130 sacas por hectare, acima das 120 sacas por hectare alcançadas na última temporada.
"As chuvas propiciaram uma janela excelente para o plantio, e estamos otimistas com a colheita, principalmente dos talhões mais produtivos, que devem render até 155 sacas por hectare", disse.
O cenário para a produção de milho safrinha em Mato Grosso deve compensar parte dos problemas em outros Estados. No Paraná, o segundo maior produtor nacional, o clima seco está minando o potencial da safra no Estado. A mesma situação também deve impactar a oferta em áreas de Mato Grosso do Sul e São Paulo. Ainda assim, isso não diminuiu as boas perspectivas para colheita nacional, na visão de Ronaldo Fernandes, analista da Royal Rural.
"A produção em Mato Grosso e Goiás tende a compensar disparadamente as perdas em outras regiões. Há relatos em Mato Grosso com rendimento inicial de 160 sacas por hectare, com alguns talhões rendendo até 200 sacas. E a colheita só está começando", ressaltou o analista.
Dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) da última sexta-feira (24/5) mostram que a colheita de milho safrinha no Estado chegou a 1,94% dos quase 7 milhões de hectares plantados em 2023/24. Apesar de estar apenas no início, o ritmo da colheita é o mais adiantado da série histórica do Imea, e deve se intensificar na próxima semana, algo que é comum no Estado apenas em junho, segundo o instituto.
"Vale destacar que as atenções estão voltadas para as produtividades, já que no início da semeadura as expectativas não eram animadoras. Mas, com o decorrer do desenvolvimento das lavouras e as chuvas se mantendo presentes ao longo do ciclo, já foram relatados pelos informantes do instituto bons rendimentos nos primeiros talhões", disse o Imea, em boletim.
Em suas projeções feitas em maio, o instituto estimou 45,04 milhões de toneladas para a colheita de milho safrinha em Mato Grosso, 4,1% a mais que o previsto em abril, mas 14,2% inferior à colheita do ano passado. A estimativa do Imea para a produtividade foi elevada em 4,1%, para 108,16 sacas por hectare, embora 7,4% abaixo da última safra.
Fonte: Globo Rural