Convocação simultânea para confrontar versões havia sido marcada para esta quarta. Senadores avaliam que encontro não produziria resultado e poderia ser usado para confundir os trabalhos. A cúpula da CPI da Covid decidiu, em reunião na noite desta segunda-feira (16), suspender a acareação entre o ministro do Trabalho, Onyx Lorenzoni, e o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF).
A reunião para confrontar as versões do ministro e do parlamentar sobre invoices (notas fiscais internacionais) da negociação entre o Ministério da Saúde e a Precisa Medicamentos, para a compra da vacina Covaxin, estava prevista para esta quarta (18).
No lugar da acareação, os integrantes da cúpula da CPI decidiram colocar o depoimento de Túlio Silveira, advogado da Precisa Medicamentos – empresa que intermediou a negociação suspeita entre o governo brasileiro e o laboratório indiano que desenvolveu a Covaxin.
Os senadores avaliaram que uma acareação entre o ministro e o deputado seria pouco produtiva e poderia ser explorada pelo governo para tentar atacar a CPI e os integrantes de oposição ao Palácio do Planalto.
A suspensão da acareação já era estudada pelos senadores desde o fim de semana – veja no vídeo abaixo:
CPI da Covid estuda cancelar acareação entre Onyx e Luis Miranda para não perder foco da Covaxin
Na última semana, o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), compareceu à CPI e afirmou que o colegiado tem atrapalhado no enfrentamento à pandemia.
A fala irritou os senadores independentes e de oposição do chamado "G7", que acreditam que a CPI ajudou a evitar desvios e pressionou pela aquisição de vacinas.
Versões
Pela versão dos Miranda, foram encaminhadas ao Ministério da Saúde três versões de uma invoice (nota fiscal internacional) para a importação da Covaxin.
O documento indicava, por exemplo, a cobrança de um pagamento antecipado no valor de US$ 45 milhões. O valor deveria ser depositado na conta de uma empresa localizada em Singapura chamada Madison Biotech.
Não havia previsão de pagamento nem menção à empresa no contrato da Covaxin. A CPI da Covid apura se o valor seria desviado para uma empresa de fachada.
Onyx sobre Covaxin: "Não houve favorecimento, não houve sobrepreço, não houve compra alguma"
Coube a Onyx Lorenzoni, à época ocupando a cadeira de ministro da Secretaria-Geral da Presidência, sair em defesa do governo e negar a existência de irregularidades no contrato para compra da vacina Covaxin pelo Ministério da Saúde.
Onyx chegou a afirmar que o documento apresentado pelos irmãos era “falso”. Os Miranda, porém, sustentam a veracidade do material.
“Desta forma, é necessário que a CPI proceda à acareação entre ambos a fim de chegar à verdade dos fatos e encaminhar a responsabilização dos agentes culpados pelas mais de 565 mil mortes pela pandemia da covid-19 no país”, escreveu o senador Randolfe Rodrigues no pedido de acareação.