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Blanco nega pedido de propina em jantar, mas não esclarece relação com Dominguetti

Por Redação em 04/08/2021 às 20:04:22

Em seu depoimento à CPI da Covid-19, o tenente-coronel do Exército Marcelo Blanco, ex-assessor do departamento de Logística do Ministério da Saúde, afirmou que tratou com o policial militar Luiz Paulo Dominguetti sobre a compra de vacinas para a iniciativa privada. Ele admitiu que levou Dominguetti, que se apresentou como vendedor da Davati Medical Supply, para um jantar com o então diretor da pasta Roberto Ferreira Dias em um restaurante em Brasília, mas negou que seu superior tenha pedido propina de US$ 1 para cada uma das 400 milhões de doses negociadas. O depoente estava amparado por um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que lhe permitia ficar em silêncio em questões que pudessem incriminá-lo, mas respondeu a todos os questionamentos.

Aos senadores, Marcelo Blanco afirmou que foi procurado por Dominguetti no início de fevereiro. Segundo a sua versão, ele manteve contato com cabo da PM de Minas porque tinha interesse de negociar imunizantes com a iniciativa privada, não tendo atuado para intermediar vendas para o Ministério da Saúde. Logo no início da sessão, o vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que a justificativa não fazia sentido, uma vez que o projeto de lei que permitia a doação de vacinas para entes privados só foi sancionado em 11 de março. No período da tarde, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) apontou, baseado nos dados obtidos pela CPI da Covid-19, que o depoente manteve 108 conversas telefônicas em um intervalo de um mês com Dominguetti. “Em 30 dias, o senhor trocou 108 ligações com o senhor Dominguetti. Mais interessante ainda: dessas 108 ligações , 64 foram de iniciativa sua. Ligava duas vezes por dia”, disse Vieira. “Com a formação que tem, o senhor foi incapaz em 64 ligações de sua iniciativa e mais 44 de iniciativa do senhor Dominguetti, de compreender que [Dominguetti] era um estelionatário?”, questionou o senador.

Em vários momentos da oitiva, Blanco também foi questionado sobre a mudança da situação cadastral de sua empresa – inicialmente, ela oferecia cursos de ensino à distância, mas passou a atuar na representação comercial de produtos da área da saúde. “O senhor tem a cara de pau de vir nessa CPI para se apresentar como uma pessoa que atuou sem intenções?”, questionou Vieira. O senador Izalci Lucas (PSDB-DF) relembrou que um homem, identificado como coronel Odilon, apresentou Blanco a Dominguetti. Odilon, segundo o parlamentar do PSDB, ganhou notoriedade por se apresentar como alguém que vendia vacinas a Estados e municípios. O depoente, no entanto, disse que não tinha conhecimento deste fato. O tucano, então, ironizou: “Precisamos comprar um detector de mentiras para essa CPI, para a gente descobrir essas coisas. Não tem sentido isso que está acontece aqui. A gente fica aqui o dia todo, estou aqui desde 8h da manhã, e ouvimos isso”.

O depoimento também foi marcado por um embate acalorado entre o senador Marcos Rogério (DEM-RO), aliado do presidente Jair Bolsonaro no Congresso, e o senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da comissão. Rogério disse que a oitiva virou uma “encheção de linguiça”, criticou os trabalhos da comissão e disse que os parlamentares não respeitam “o devido processo legal”. Aziz reagiu: “O coronel Blanco disse que não pediu [propina], em momento algum, mas ele deve ser o cara mais humano que já vi na vida. Ele fez todo esse esforço [de apresentar Dominguetti ao Ministério da Saúde] a troco de quê? Um tapinha nas costas? Me erre. Me erre, meu irmão. Aqui não tem otário, não. Vossa Excelência não é nenhum menino para acreditar em história da carochinha. Vossa Excelência quer desclassificar a CPI toda hora. Isso que estamos mostrando é o governo que você defende, o governo desqualificado, sim, que permitiu que chegássemos a quase 600 mil mortes. O senhor defende um governo irresponsável, incompetente e com pessoas incompetentes”.

Fonte: Política

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