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CPI dos Atos Golpistas: relatora pede indiciamento de Bolsonaro, Torres, Cid, Braga Netto e militares

Por Redação em 17/10/2023 às 10:23:57

A relatora da CPI dos Atos Golpistas, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), pede em seu relatório o indiciamento de pelo menos 56 pessoas, entre civis e militares. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e parte do nĂșcleo de governo dele — cinco ex-ministros e quatro ex-auxiliares — estão na lista.

O relatório final, protocolado no sistema do Senado, foi apresentado na manhã desta terça-feira (17) ao colegiado. A votação, no entanto, deve ocorrer somente na quarta (18).

Além de focar no entorno de Bolsonaro, o documento confirma o apelo de parlamentares da base aliada ao governo do presidente Luiz InĂĄcio Lula da Silva (PT) e pede o indiciamento de militares das Forças Armadas, como os ex-comandantes da Marinha, Almir Garnier Santos, e do Exército, Marco Antônio Freire Gomes.

Também estão no rol integrantes da PolĂ­cia Militar do Distrito Federal, responsĂĄvel pela segurança da Esplanada dos Ministérios (veja a lista completa abaixo).

Os pedidos feitos por Eliziane no parecer não significam indiciamentos automĂĄticos. A lista é, na prĂĄtica, uma sugestão. Cabe aos órgãos responsĂĄveis, como o Ministério PĂșblico, avaliar a apresentação de denĂșncias.

Os indiciados

O parecer da senadora sugere indiciamentos por 26 delitos diferentes. Os crimes de tentativa de abolição violenta do Estado DemocrĂĄtico de Direito e tentativa de depor governo legĂ­timo são os mais frequentes.

No total, os dois tipos penais foram atribuĂ­dos a 46 pessoas.

São indiciados pela relatora no documento:

ex-presidente Jair Bolsonaro

general Braga Netto, candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro e ex-ministro da Casa Civil e da Defesa

Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro e então secretĂĄrio de Segurança PĂșblica do DF nos atos

general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional de Bolsonaro

general Luiz Eduardo Ramos, ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro

general Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa de Bolsonaro

almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha

general Freire Gomes, ex-comandante do Exército

tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens e principal assessor de Bolsonaro

Filipe Martins, assessor-especial para Assuntos Internacionais de Bolsonaro

deputada federal Carla Zambelli (PL-SP)

coronel Marcelo Costa Câmara, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro

general Ridauto LĂșcio Fernandes

sargento Luis Marcos dos Reis, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro

major Ailton Gonçalves Moraes Barros

coronel Elcio Franco, ex-secretĂĄrio-executivo do Ministério da SaĂșde

coronel Jean Lawand JĂșnior

MarĂ­lia Ferreira de Alencar, ex-diretora de inteligĂȘncia do Ministério da Justiça e ex-subsecretĂĄria de InteligĂȘncia da Secretaria de Segurança PĂșblica do DF

Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da PolĂ­cia RodoviĂĄria Federal

general Carlos José Penteado, ex-secretĂĄrio-executivo do GSI

general Carlos Feitosa Rodrigues, ex-chefe da Secretaria de Coordenação e Segurança Presidencial do GSI

coronel Wanderli Baptista da Silva Junior, ex-diretor-adjunto do Departamento de Segurança Presidencial do GSI

coronel André Luiz Furtado Garcia, ex-coordenador-geral de Segurança de Instalações do GSI

tenente-coronel Alex Marcos Barbosa Santos, ex-coordenador-adjunto da Coordenação Geral de Segurança de Instalações do GSI

capitão José Eduardo Natale, ex-integrante da Coordenadoria de Segurança de Instalações do GSI

sargento Laércio da Costa JĂșnior, ex-encarregado de segurança de instalações do GSI

coronel Alexandre Santos de Amorim, ex-coordenador-geral de AnĂĄlise de Risco do GSI

tenente-coronel Jader Silva Santos, ex-subchefe da Coordenadoria de AnĂĄlise de Risco do GSI

coronel FĂĄbio Augusto Vieira, ex-comandante da PMDF

coronel Klepter Rosa Gonçalves, subcomandante da PMDF

coronel Jorge Eduardo Naime, ex-comandante do Departamento de Operações da PMDF

coronel Paulo José Ferreira de Sousa Bezerra, comandante em exercĂ­cio do Departamento de Operações da PMDF

coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues, comandante do 1Âș CPR da PMDF

major FlĂĄvio Silvestre de Alencar, comandante em exercĂ­cio do 6Âș Batalhão da PMDF

major Rafael Pereira Martins, chefe de um dos destacamentos do BPChoque da PMDF

Alexandre Carlos de Souza, policial rodoviĂĄrio federal

Marcelo de Ávila, policial rodoviĂĄrio federal

MaurĂ­cio Junot, empresĂĄrio

Adauto LĂșcio de Mesquita, financiador

Joveci Xavier de Andrade, financiador

Meyer Nigri, empresĂĄrio

Ricardo Pereira Cunha, financiador

Mauriro Soares de Jesus, financiador

Enric Juvenal da Costa Laureano, financiador

Antônio Galvan, financiador

Jeferson da Rocha, financiador

Vitor Geraldo Gaiardo , financiador

Humberto Falcão, financiador

Luciano Jayme Guimarães, financiador

José Alipio Fernandes da Silveira, financiador

Valdir Edemar Fries, financiador

JĂșlio Augusto Gomes Nunes, financiador

Joel Ragagnin, influenciador

Lucas Costar Beber, financiador

Alan Juliani, financiador

Amauri Feres Saad, advogado

Justificativas

A relatora afirma no parecer que os ataques de 8 de janeiro às sedes dos TrĂȘs Poderes, em BrasĂ­lia, foram resultado de uma suposta "omissão" do Exército.

"O Oito de Janeiro é resultado da omissão do Exército em desmobilizar acampamentos ilegais que reivindicavam intervenção militar; da ambiguidade das manifestações e notas oficiais das Forças Armadas, que terminavam por encorajar os manifestantes, ao se recusarem a condenar explicitamente os atos que atentavam contra o Estado DemocrĂĄtico de Direito; e de ameaças veladas à independĂȘncia dos Poderes", diz.

Eliziane Gama também avalia que o entorno de Bolsonaro sabia do "alcance" e, deliberadamente, estimulou manifestações de cunho golpista.

"Jair Bolsonaro e todos os que o cercam sabiam disso [articulações golpistas]. Conheciam os propósitos e as iniciativas. Compreendiam a violĂȘncia e o alcance das manifestações. Frequentavam os mesmos grupos nas redes sociais. Estimulavam e alimentavam a rebeldia e a insatisfação. Punham deliberadamente mais lenha na fogueira que eles mesmos haviam acendido."

No caso especĂ­fico de Bolsonaro, a relatora pede indiciamento pelos seguintes crimes:

associação criminosa;

tentativa de abolição violenta do Estado DemocrĂĄtico de Direito;

tentativa de depor governo legitimamente constituĂ­do;

e emprego de medidas para impedir o livre exercĂ­cio de direitos polĂ­ticos.

Foco em militares

O relatório apresentado por Eliziane Gama confirmou a estratégia apontada por governistas de responsabilizar militares das Forças Armadas e da PolĂ­cia Militar do DF.

No documento, ela aponta que a "omissão de militares diante de movimentos de cunho golpista levaram aos ataques de 8 de janeiro. Ao todo, 29 militares das Forças e da PMDF foram indiciados por Eliziane.

HĂĄ destaque para o ex-comandante da Marinha almirante Almir Garnier Santos e para o ex-comandante do Exército general Freire Gomes.

A senadora apontou que Garnier atuou "conjuntamente" com Bolsonaro e outros indivĂ­duos "dolosamente" para o ato de 8 de janeiro.

O ex-comandante da Marinha foi mencionado pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, em delação premiada, sobre reuniões do ex-presidente para tramar um golpe de Estado.

Eliziane afirma que, se confirmada a delação de Cid, Garnier deve ser indiciado pelos crimes de associação criminosa e de tentativas de abolição violenta do Estado DemocrĂĄtico de Direito e de governo legĂ­timo.

Próximos passos

Para ser aprovado, o documento com mais de mil pĂĄginas precisarĂĄ dos votos da maioria dos membros da CPI mista de deputados e senadores — o que deverĂĄ ocorrer, diante da predominância de aliados do Planalto no colegiado.

O conteĂșdo do parecer aprovado é enviado a diversos órgãos que avaliam e decidem pela apresentação de denĂșncias baseadas nele. Entre as instituições para as quais o documento é encaminhado estão órgãos policiais, o Ministério PĂșblico e a Advocacia-Geral da União (AGU).

Fonte: G1

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