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Alimentação e câncer: recomendações durante o tratamento

Por Redação em 18/11/2022 às 15:46:32
Os desafios alimentares se tornam cada vez maiores nesses pacientes à medida que o próprio efeito dos diversos tipos de câncer se associa aos efeitos colaterais do tratamento. O câncer é uma doença muito complexa com muitos fatores de risco para seu desenvolvimento. Um fator de risco bem conhecido é a associação com hábitos alimentares inadequados, sendo que a mudança nesses hábitos alimentares se associa com a menor chance de desenvolvimento de câncer ao longo da vida. Tivemos a oportunidade de discutir aqui em outro artigo a importância dos hábitos alimentares na redução de risco desta doença.

https://g1.globo.com/mt/mato-grosso/especial-publicitario/oncocenter/noticia/2021/09/13/alimentacao-e-cancer-descubra-a-relacao-entre-eles.ghtml

A desnutrição em pacientes com câncer é muito comum, sendo uma consequência do aumento de citocinas inflamatórias no organismo, alterações metabólicas e pouca disponibilidade de nutrientes provocada pela doença e eventualmente pelos tratamentos.

Nos pacientes que tiveram diagnóstico de câncer, o consumo de alimentos adequados é fundamental para minimizar os efeitos adversos que possam ocorrer durante o tratamento, potencializando uma recuperação mais rápida e aumentando as chances de bons resultados.

O médico cirurgião oncologista da Clínica Oncocenter, Adalzizio Vieira de Araújo Filho, afirma que a alimentação é essencial e importante durante o tratamento do câncer.

“Os regimes de tratamento com quimioterapia contra o câncer atualmente são eficazes para alcançar o controle da doença e curar os pacientes, a depender também do estágio em que é diagnosticado. No entanto, tais tratamentos podem causar efeitos colaterais que podem ser intensos, como secura da boca, inflamação das mucosas, dificuldades para mastigar, engolir e digerir os alimentos, além de quadros de diarreia”, destaca.

Os medicamentos quimioterápicos são eficazes em destruir as células cancerígenas, mas acabam agindo também em células saudáveis do organismo. Essa ação nas células normais é a responsável pelos efeitos colaterais dos quimioterápicos, particularmente nas células de sangue, cabelos e intestino, provocando queda da imunidade, náuseas, vômitos e queda de cabelos.

O especialista explica, a seguir, os pontos mais relevantes a respeito da alimentação durante o tratamento de câncer. Confira.

Desafios alimentares

Os desafios alimentares se tornam cada vez maiores nesses pacientes à medida que o próprio efeito dos diversos tipos de câncer se associa aos efeitos colaterais do tratamento. Isso compromete a ingestão de alimento e muitos pacientes experimentam perda de peso não intencional acompanhada de perda de massa muscular.

Essa perda de massa muscular pode levar à queda de força, aumentar a fadiga e cansaço e diminuir a qualidade de vida, além de influenciar nos resultados do tratamento de forma negativa. Isso pode ser mais acentuado em pacientes operados de câncer de intestino, estômago e pâncreas, por exemplo, órgãos diretamente relacionados com a digestão dos alimentos.

Todos os pacientes com câncer devem ser rastreados regularmente para o risco ou a presença de desnutrição. O próprio estágio do câncer afeta a possibilidade de melhora do estado nutricional. Pacientes com doença avançada tendem a apresentar problemas nutricionais mais graves.

Importância de uma boa nutrição

Diante do exposto, é fundamental que os pacientes em tratamento quimioterápico tenham acesso a especialistas em nutrição como médicos nutrólogos e nutricionistas que atuem juntamente com os oncologistas antes, durante e após o tratamento.

Sempre que possível, a via de alimentação deve ser a via oral. Quando a redução na ingestão de alimentos por via oral é devido a ação da doença no organismo ou devido efeitos colaterais relacionados ao tratamento, a nutrição através de sondas alimentares ou pelas veias pode ser uma forma de alimentação adequada nesta fase.

Durante o tratamento do câncer o organismo pode ter dificuldades para combater as infecções. Portanto, é fundamental que os alimentos utilizados sejam seguros e bem higienizados -principalmente frutas e vegetais frescos -, reduzindo o risco de doenças de origem alimentar e outras infecções.

É muito importante manter o organismo hidratado - ingerir líquidos em quantidade suficiente - durante o tratamento quimioterápico.

Além da água, a hidratação também e mantida através de sopas, caldos, sucos de frutas e vegetais, chás e gelatinas e outros alimentos liquefeitos de fácil digestão.

Dificuldades

Durante o tratamento os pacientes podem experimentar períodos de maior ou menor dificuldade para comer. Refeições em quantidades habituais podem ser muitos difíceis de tolerar por diminuição do apetite ou se sentir satisfeito muito rapidamente.

Algumas sugestões podem melhorar a alimentação ao longo do tratamento, como fazer refeições pequenas e frequentes em 6 a 8 refeições pequenas por dia, não esperar até sentir fome, fazer uso de suplementos indicados pelas equipes de médicos e nutricionistas. Casos de náuseas podem ser melhorados com medicações próprias usadas nestes períodos mais difíceis.

Equilíbrio alimentar

É importante também manter o equilíbrio entre calorias e proteínas. É possível que haja necessidade de aumentar temporariamente a quantidade de proteínas na alimentação, principalmente em casos de cirurgias recentes, o que é fundamental nos processos de cicatrização. Alimentos ricos em proteínas como frango, peixe, carne bovina, ovos, leite sem lactose, queijos e alimentos à base de soja podem ser consumidos.

Os suplementos nutricionais também podem ser utilizados, são bebidas prontas com alto teor calórico e nutricional, com vitaminas e minerais adicionados. A maioria é isenta de lactose, o que significa que podem ser consumidos por pacientes que sejam intolerantes à lactose

Alguns alimentos devem ser evitados, como frituras e alimentos processados ou embutidos, como salsichas, presunto, salame, mortadela e linguiça.

A mucosite, que é uma forma de inflamação que ocorre particularmente na boca pelo uso de alguns quimioterápicos, se apresenta como aftas ou vermelhidão intensa na boca, podendo dificultar muito a alimentação. Alimentos macios e pastosos podem ajudar nessa fase até a recuperação dos efeitos adversos, evitando de tempero forte ou apimentados. Frutas cítricas devem ser evitadas também juntamente com diminuição do sal.

Sintomas intestinais

Esses casos são também bastante frequentes. A diarreia pode se incapacitante para o paciente, levando a perda de nutrientes e desidratação. Aumentar o consumo de líquidos e ingerir em pequenas quantidades ao longo do dia e evitar alimentos gordurosos, frituras, leites e derivados. No caso de náuseas e vômitos alimentos de cheiro mais forte podem também exacerbar os sintomas. Medicações específicas para náuseas e vômitos induzidos pelo tratamento podem ser prescritos pela equipe médica.

É importante que quadros de náuseas e vômitos sejam bem avaliados para que seja descartada a possibilidade de obstruções no intestino em casos de pacientes com em tratamento de tumores originados no abdome.

É frequente também a diminuição do apetite e o uso de suplementos nutricionais pode ajudar.

Abordagem multidisciplinar

Evitar a desnutrição pode se tornar um desafio para pacientes em tratamento do câncer. Dificuldades na alimentação influenciam diretamente na resposta aos tratamentos contra o câncer e na diminuição da qualidade de vida.

A avaliação nutricional e a prevenção da desnutrição devem ser uma parte vital de qualquer plano abrangente de tratamento do câncer.

Nos últimos anos a abordagem multidisciplinar ao paciente com câncer melhorou muito os resultados dos tratamentos, com o envolvimento de médicos oncologistas, médicos nutrólogos e nutricionistas, favorecendo melhora significativa na qualidade de vida durante as fases mais difíceis do tratamento.

Isso reforça a importância do tratamento oncológico em ter suporte de um aconselhamento nutricional individualizado com um plano de dieta especializado, equilibrando alimentação saudável com as necessidades alimentares próprias de cada paciente.

DR. ADALZIZIO VIEIRA DE ARAUJO FILHO, MÉDICO - CIRURGIÃO ONCOLOGISTA - CRM-MT 3943 RQE 1995

MESTRADO EM CIRURGIA, NUTRIÇÃO E METABOLISMO

PROFESSOR DA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

CIRURGIÃO ONCOLOGISTA DA ONCOCENTER – CUIABÁ – MT

Responsável Técnico pela Clínica Oncocenter Dr Cleberson Queiroz CRM - MT: 4431 / RQE: 1817

Fonte: G1/MT

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