Vídeo mostra homens e mulheres vestidos de verde e amarelo com os braços estendidos enquanto cantam o Hino Nacional, em ato contra o resultado das eleições na cidade de São Miguel do Oeste. Promotoria especializada no combate aos crimes de racismo, ódio e intolerância investiga suposta saudação nazista em manifestação em Santa Catarina
A promotoria especializada no combate aos crimes de racismo, ódio e intolerância abriu investigação para apurar suposta saudação nazista, na quarta-feira (2), em Santa Catarina.
A manifestação aconteceu nesta quarta (2) na cidade de São Miguel do Oeste, em Santa Catarina, em frente a uma base do Exército. Foi um ato contra o resultado das eleições. Um vídeo mostra homens e mulheres vestidos de verde e amarelo com os braços estendidos enquanto cantam o Hino Nacional.
O gesto é semelhante à saudação nazista "sieg heil", que significa "salve a vitória" e foi usada durante o governo de Hitler, na Alemanha.
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As reações foram imediatas. Nesta quarta (2), em uma rede social, a Confederação Israelita do Brasil divulgou uma nota de repúdio, afirmou que as imagens “são repugnantes e precisam ser investigadas e condenadas com veemência pelas autoridades e pela sociedade como um todo. O nazismo prega e pratica a morte e a destruição. A sociedade brasileira não pode tolerar posturas como essa. Fazer esse gesto vestindo camisa da seleção brasileira é também uma ofensa às nossas Forças Armadas, que lutaram bravamente contra as forças nazistas na Europa durante a Segunda Guerra Mundial”.
O Museu do Holocausto também condenou o ato: “estética e contexto (social e histórico) deveriam ser suficientes para que não precisássemos nos deparar com cenas ofensivas como estas”.
Nesta quinta-feira (3), o embaixador da Alemanha no Brasil, Heiko Thoms, afirmou que “o uso de símbolos nazistas e fascistas por "manifestantes" claramente de extrema direita é profundamente chocante. Apologia ao nazismo é crime!”.
A Embaixada de Israel reforçou as críticas: "rejeitamos qualquer forma de referências nazistas no Brasil e em geral. Estamos preocupados com esse fenômeno aqui e contamos com as autoridades competentes para que tomem as providências necessárias para acabar com esse tipo de atos ultrajantes".
Segundo o Ministério Público de Santa Catarina, que abriu investigação para apurar o ato, os manifestantes disseram que o gesto foi executado após serem conclamados pelo locutor do evento, empresário local, a estenderam a mão sobre o ombro da pessoa a sua frente ou, se não houvesse, para que estendessem o braço a fim de emanar energias positivas, como mostram as imagens.
Nesta quarta-feira (2), o Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas, GAECO, regional de São Miguel do Oeste, informou que não houve intenção de apologia ao nazismo no ato e que não há evidências de prática de crime.
Nesta quinta (3), o Ministério Público de Santa Catarina informou que a investigação está a cargo da promotoria especializada no combate aos crimes de racismo, ódio e intolerância e que o promotor de Justiça Luís Fernando Fernandes Pacheco vai abrir um procedimento investigatório criminal sobre o caso.
