Ex-presidente e candidato do PT afirmou que episódio é fruto de uma 'mĂĄquina de destruir valores democrĂĄticos'. Bolsonaro repudiou ato de Jefferson, mas também criticou inquérito do STF que investiga o ex-deputado. Bolsonaro e Lula repercutem ataques de Roberto Jefferson a ministra CĂĄrmem Lucia e disparos contra agentes da PF
O ex-presidente e candidato ao Planalto, Luiz InĂĄcio Lula da Silva (PT), e o presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), criticaram neste domingo os ataques do ex-deputado Roberto Jefferson a policiais federais e as ofensas dirigidas por ele contra a ministra CĂĄrmen LĂșcia, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Neste domingo, decisão do ministro Alexandre de Moraes, também do STF, revogou a prisão domiciliar e determinou prisão comum para Jefferson (veja mais abaixo os motivos apontados pelo ministro).
Quando agentes da policiais chegaram à casa do ex-deputado para cumprir o mandado judicial, Jefferson disparou contra eles. Dois agentes ficaram feridos, mas passam bem.
Lula
Ao comentar a ação armada de Jefferson, Lula também lembrou xingamentos proferidos por Jefferson contra a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) CĂĄrmen LĂșcia. No fim da semana passada, Jefferson apareceu em um vĂdeo ofendendo a ministra, em razão de decisões judiciais tomadas por ela.
"As ofensas contra a CĂĄrmen LĂșcia não podem ser aceitas por ninguém que respeita a democracia. Criaram na sociedade uma parcela violenta. Uma mĂĄquina de destruição de valores democrĂĄticos. Isso gera o comportamento como o que vimos hoje", afirmou Lula.
"Ninguém tem o direito de utilizar os palavrões contra uma pessoa comum, muito menos contra uma ministra da Suprema Corte", continuou o ex-presidente.
Bolsonaro
Nas redes sociais, Bolsonaro disse que repudia "as falas do Sr. Roberto Jefferson contra a ministra CĂĄrmen LĂșcia e sua ação armada contra agentes da PF", mas afirmou ser contra também a "existĂȘncia de inquéritos sem nenhum respaldo na Constituição e sem a atuação do MP". Ele fez referĂȘncia ao inquérito no qual Jefferson é investigado, que apura a atuação de uma organização criminosa que promove atos contra o Estado DemocrĂĄtico de Direito.
O presidente também informou que determinou a ida do ministro da Justiça e Segurança PĂșblica, Anderson Torres, ao Rio de Janeiro para acompanhar o caso.
"Repudio as falas do Sr. Roberto Jefferson contra a ministra CĂĄrmen LĂșcia e sua ação armada contra agentes da PF, bem como a existĂȘncia de inquéritos sem nenhum respaldo na Constituição e sem a atuação do MP. Determinei a ida do ministro da Justiça ao Rio de Janeiro para acompanhar o andamento deste lamentĂĄvel episódio", escreveu Bolsonaro.
Decisão de Moraes
Na decisão que determinou a prisão de Jefferson, Moraes afirmou que houve "notórios e pĂșblicos descumprimentos" de decisões judiciais.
"No caso em anĂĄlise, estĂĄ largamente demonstrada, diante das repetidas violações, a inadequação das medidas cautelares (...), o que indica a necessidade de restabelecimento da prisão, não sendo vislumbradas, por ora, outras medidas aptas a cumprir sua função", afirma o ministro.
Moraes citou outras condutas que, segundo ele, ensejaram a revogação da prisão domiciliar, entre elas, receber visitas e passar orientações a dirigentes do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), conceder entrevista e compartilhar fake news que atingem a honorabilidade e a segurança do Supremo e seus ministros. Segundo Moraes, a defesa não justificou os "notórios e pĂșblicos descumprimentos".
Moraes também afirma que as condutas de Jefferson podem configurar novos crime, como "calĂșnia, difamação, injĂșria, abolição violenta do Estado DemocrĂĄtico de Direito e incitar publicamente animosidade entre as Forças Armadas, ou delas contra os poderes constitucionais, as instituições civis ou a sociedade, além da questão discriminatória presente no vĂdeo".