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ViaMobilidade acumula quase R$ 10 milhões em multas por falhas nas Linhas 8 e 9 de trens

Por Redação em 14/10/2022 às 20:28:28
Ao todo, foram 69 falhas registradas neste ano; concessionária ainda não realizou nenhum pagamento. Aglomeração e revolta de passageiros por conta de nova manhã de falhas nos trens das linhas 8 e 9

Reprodução/TV Globo

A ViaMobilidade, concessionária que administra as Linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda de trens metropolitanos, acumula quase R$ 10 milhões em multas registradas por falhas. Somente em cinco meses, a empresa cometeu 19 infrações.

A concessionária ainda não realizou nenhum pagamento porque está em um processo de recurso e análise do governo do estado. Alguns desses processos estão correndo há mais de sete meses.

Entre as infrações está o avanço de sinal vermelho, a abertura das portas do vagão fora da estação e uma batida na estação Julio Prestes, entre outras.

A empresa também foi multada pela morte de um funcionário durante um serviço de manutenção em 10 de março, por operar com intervalos acima do máximo definido e descumprir prazos.

No total de multas, a concessionária deve cerca de R$ 9,7 milhões.

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) investiga os prejuízos que a ViaMobilidade tem provocado aos passageiros que compram as passagens e quais os direitos dos consumidores.

"Essa situação, nós compreendemos que obrigatoriamente ela tem que ser objeto de uma reparação, de uma indenização, o que eu coloco é o seguinte: independentemente da regularização do transporte, a empresa tem obrigação de fazer essa reparação junto aos usuários e também à sociedade", afirma o promotor Luiz Ambra.

Segundo um balanço financeiro da CCR, uma das donas da ViaMobilidade, no primeiro semestre de 2022, foram transportados mais de 87,5 milhões de passageiros. A empresa recebeu uma tarifa média de R$ 3,30 por pessoa, o que rendeu, só com passagens, mais de R$ 288 milhões.

A concessionária assumiu as duas linhas em 27 de janeiro, antes disso, teve seis meses de transição em uma operação conjunta com a CPTM. Desde que a empresa assumiu, o número de falhas na Linha 8 cresceu 14 vezes e, na Linha 9, quase 6 vezes, de acordo com um levantamento realizado pela TV Globo.

Em maio, o governo decidiu fazer um convênio para ceder peças e mão de obra para conserto de problemas, como uma tentativa de diminuir as falhas no transporte. Mas, segundo informações obtidas pelo SP2 por meio da Lei de Acesso à Informação, o total desses empréstimo chegou a R$ 910.965,61, quase R$ 1 milhão, para equipamentos de ar condicionado, monitores, discos de freio, motores, rodas e R$ 42 mil em mão de obra para apoio técnico.

A ViaMobilidade informou que todos os custos para a CPTM serão devolvidos e disse que está investindo em melhorias para solucionar as falhas. Sobre as multas de quase R$ 10 milhões que ainda não foram pagas, a Secretaria de Transportes Metropolitanos informou que a análise dos recursos está dentro do prazo previsto em lei.

Insatisfação dos usuários

Satisfação de usuários com serviços das Linhas 8 e 9 de trens da ViaMobilidade despenca em SP

Uma pesquisa de avaliação dos serviços prestados nas Linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda mostra que a insatisfação dos usuários caiu para pouco mais da metade desde a privatização das duas linhas.

O índice de insatisfação atingiu o patamar de 1996, quando as linhas chamavam B e C e ainda eram de operação da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).

As duas linhas têm sofrido problemas quase diários de operação desde que foram concedidas para a gestão da ViaMobilidade no início de janeiro.

Segundo a sondagem feita pelo Datafolha, a média de avaliação positiva, que era de 85%, caiu para pouco mais de 50%, entre 2021 e 2022, quando a concessionária assumiu o controle das linhas.

A pesquisa contratada pela Viamobilidade é uma obrigação do contrato de concessão e é avaliada pelo governo paulista como um dos indicadores de desempenho da empresa.

Avaliação positiva dos serviços prestados pela ViaMobilidade nas Linhas de trens de SP.

Reprodução/TV Globo

Segundo os dados, a avaliação positiva na Linha 8-Diamante caiu de 88% para 53% de 2021 para 2022.

Na Linha 9-Esmeralda, a queda foi de 83% de satisfação com o serviço prestado para 54%.

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Trens das linhas 8 e 9 tiveram uma falha a cada dois dias em SP após concessão para ViaMobilidade

Nas duas linhas, o que se vê entre os usuários são pessoas que estavam com a esperança de que a concessão melhorasse a vida de quem anda de trem.

“Eles [os trens] param, ficam parados nas estações. Você paga uma coisa que não funciona”, afirma o encanador Ananias Souza.

“A gente queria saber o que acontece com os trens porque nós não sabemos. Porque tem tudo para dar certo, todo mundo vem no horário, mas não dá. E acontece os atrasos sem explicação. Ninguém dá explicação sobre isso”, disse a gerente de vendas Ana Cláudia Melo.

Insatisfação dos serviços prestados pela ViaMobilidade nas Linhas de trens de SP.

Reprodução/TV Globo

Concessão das linhas

A Viamobilidade assumiu as linhas 8 e 9 em 27 de janeiro deste ano. O contrato com a concessionária vai durar 30 anos. Nesse período, devem ser investidos R$ 4 bilhões em melhorias, segundo o contrato de concessão.

Mais de 1 milhão de passageiros por dia passam pelas duas linhas, 35% do que as linhas da CPTM transportam na Grande São Paulo.

A Linha 8-diamante tem hoje 22 estações e 37 quilômetros entre as estações Júlio Prestes, na capital, e Itapevi, na Grande São Paulo.

Já a Linha 9-Esmeralda tem 32 quilômetros e 19 estações entre Osasco, na Grande São Paulo, e Grajaú, na Zona Sul da capital paulista.

Os usuários disseram que melhorou a questão da segurança nas linhas, dizem que não presenciam mais tantos assaltos e furtos, mas que piorou a questão da superlotação, e o funcionamento dos trens piorou muito. O nível de insatisfação subiu 61% na Linha 8, e 64% na 9.

O SP2 embarcou na Linha 9-Diamante, na estação Júlio Prestes, nesta quinta-feira (13) e ouviu dos passageiros o quê mais atrapalha.

“Atrasos e lentidão é o forte deles. E a gente tem horário pra chegar no serviço, às vezes chega atrasado por causa disso, o patrão não quer saber”, declarou a auxiliar de limpeza Daniele Leite.

“Vai fazer um ano que eu pego esse trem, então, para mim tem defeito direto. Para, fica 20 minutos, fala que tá sem energia e depois começa. Quebra direto”, disse a cozinheira Maria Bernardo.

Fonte: G1

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