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Em áudio, presidente da Funai oferece apoio a servidor preso por arrendar terras indígenas em MT; PF investiga irregularidades

Por Redação em 25/08/2022 às 11:06:28
Interceptação da Polícia Federal flagrou conversa entre Marcelo Augusto Xavier e Jussielson Silva Presidente da Funai, Marcelo Xavier.

Mário Vilela/Funai

Um áudio interceptado pela Polícia Federal expõe uma conversa em que o presidente da Funai, Marcelo Augusto Xavier, oferece apoio ao servidor Jussielson Silva, que foi preso em maio por arrendar terras indígenas no Mato Grosso. O material foi divulgado primeiramente pelo jornal "O Globo" e obtido também pelo g1 nesta quinta-feira (25).

Segundo a PF, o áudio integra o relatório que investiga irregularidades no órgão de proteção aos indígenas. Silva, que atua em Ribeirão Cascalheira, a 893 km de Cuiabá, foi preso junto com um policial militar e um ex-PM. Eles são suspeitos de alugar áreas na Terra Indígena Marãiwatsédé, do povo Xavante.

“Eu vou dar ciência já do caso ao corregedor lá de Mato Grosso, ao corregedor nacional da Polícia Federal aqui e já vou acionar nossa corregedoria para atuar nisso aqui. Pode ficar tranquilo”, diz Xavier no áudio.

Jussielson responde: “Eu agradeço porque a gente está na ponta da lança. O senhor é o meu apoio de fogo. O senhor me protegendo, fico mais feliz ainda”, conforme a interceptação da PF.

O presidente da Funai continua: “Pode ficar tranquilo aí que você tem toda a sustentação aqui. Pode ficar sossegado”.

O coordenador, que atua em Ribeirão Cascalheira, a 893 km de Cuiabá, foi preso na Operação Res Capta em março junto com um policial militar Gerrard Maxmiliano Rodrigues e Souza e o ex-policial militar Enoque Bento de Souza.

Os três são réus no processo. Gerrard e Enoque respondem por integrar milícia privada, sequestro qualificado, abuso de autoridade, peculato, favorecimento pessoal, usurpação de função pública na forma qualificada, porte ilegal de arma de fogo e estelionato.

Procurada, a defesa de Jussielson disse que não tinha interesse em comentar o áudio. "Trata-se de um processo complexo, o MPF acabou de denunciar os fazendeiros pedindo o pagamento de mais de 600 milhões de reais por dano ambiental. Falar a respeito só de desse áudio para defesa de Jussielson é irrelevante", afirmou em nota.

Até a última atualização, o g1 não conseguiu contato até o momento com o presidente da Funai nem com a defesa dos outros envolvidos.

Coordenador da Funai e sargento da PM negociam valores a serem pagos a cacique

De acordo com as investigações anexadas ao processo, os réus agiam como um “poder armado” paralelo ao estado e tinha como marcas registradas o uso de vestes militares, o porte de arma de forma ostensiva e uma forte atuação denotando poder de polícia.

Os réus se valiam da intimidação por meio de ameaças e violência física ou psicológica, ainda conforme o processo.

“Foi verificado ainda que os réus praticavam a desinformação como ferramenta para encobrir e dificultar as ações dos órgãos encarregados de realizar as investigações para exercer poder sobre os indígenas, bem como manipular todos os demais envolvidos, incluindo a direção da própria Funai”, diz o documento.

Coordenador da Funai, Jussielson Gonçalves Silva foi preso pela PF.

Facebook/Reprodução

Testemunhas relataram que foram ameaçadas e Gerald Maxmiliano e Enoque tinham total acesso à Funai, como se fossem servidores, e participavam de reuniões, faziam buscas em terras indígenas e recebiam representantes de outros órgãos, segundo o MP.

Também durante as investigações, exames periciais apontaram extenso dano ambiental provocado por queimadas para formação de pastagem, desmatamento e implantação de estruturas voltadas à atividade agropecuária. Em quatro dos 15 arrendamentos ilícitos, os peritos estimaram o valor para reparação do dano em R$ 58,1 mil

Fazendeiros identificados como arrendatários das terras no interior da reserva tiveram que desocupar as áreas e retirar o gado, estimado em 70 mil cabeças.

Conforme as investigações, além das propinas aos servidores, os arrendamentos geraram repasses de aproximadamente R$ 900 mil por mês ao cacique Damião Parindzané, também investigado pela Polícia Federal por suspeita de receber dinheiro em troca da concessão ilegal de áreas indígenas a fazendeiros. A caminhonete do cacique foi apreendida na operação. Segundo a polícia, ele recebeu o veículo em troca da permissão de uso da área.

Os envolvidos, na época, negociavam aumentar o valor repassado ao cacique para R$ 1,5 mil ainda neste ano.

Carro que liderança indígena teria ganho no esquema

PF/MT

Fonte: G1/MT

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