As fitas com as falas de Eichmann, que estavam guardadas em um arquivo federal alemão, foram obtidas por produtores de cinema de Israel e divulgadas num documentário recém-lançado. Áudios inéditos mostram líder nazista admitindo crimes do Holocausto
As fitas com as falas de Adolf Eichmann, que estavam guardadas num arquivo federal alemão, foram obtidas por produtores de cinema de Israel, e divulgadas num documentário recém-lançado. Nos áudios, o nazista conversa com um amigo em Buenos Aires, na Argentina, e fala à vontade sobre as atrocidades que cometeu durante a Segunda Guerra Mundial.
“Eu não me importava com os judeus deportados para Auschwitz. Não me importava se estavam vivos ou mortos. (...) Se eu tivesse recebido a ordem para colocar judeus na câmara de gás ou atirar neles, eu teria cumprido”, disse o alemão nos áudios.
O Fantástico conversou com Yariv Mozer, diretor do filme.
"Nós fomos os primeiros cineastas a ter acesso às 15 horas de gravação. Talvez, os donos das fitas tenham autorizado porque sou israelense, e porque já se passaram 60 anos do julgamento. Entenderam estar na hora do mundo conhecer a verdadeira face de Adolf Eichmann", explica Mozer.
Adolf Eichmann é considerado o arquiteto do holocausto, o massacre de cerca de seis milhões de judeus pela ditadura de Adolf Hitler. Ele comandava o transporte ferroviário para o extermínio.
“Eichmann é responsável pela morte de 430 mil judeus de origem de língua húngara. Isso é incontestável”, afirma George, um dos sobreviventes do campo de concentração de Dachau.
Como Eichmann chegou a Buenos Aires
Com o fim da Segunda Guerra, muitos nazistas acabaram presos – Adolf Eichmann foi um deles, mas fugiu, e passou quatro anos perambulando pela Alemanha.
Até que, com a ajuda de figuras de extrema-direita da Igreja Católica, tomou o chamado "Caminho dos Ratos", da Alemanha para a Áustria, de onde atravessou os Alpes até a Itália. E, de lá, em Gênova, embarcou sozinho num navio para a Argentina.
Os encontros aconteciam na casa de outro nazista escondido na Argentina: o jornalista holandês Willem Sassen. Foi dele a ideia de gravar um longo depoimento de Adolf Eichmann.
No documentário, as reuniões de Eichmann em Buenos Aires são encenadas com atores, mas o áudio é original. (Veja mais trechos do documentário e a entrevista com o cineasta no vídeo acima)
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