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FamĂ­lias com filhos que tĂȘm TDAH se unem em busca de ajuda após falta de neuropediatras em VĂĄrzea Grande (MT)

Por Redação em 01/08/2022 às 18:48:35
As famílias se ajudam através de um grupo de voluntários com encontros semanais, no qual trocam informações sobre onde buscar tratamento profissional. Crianças deficientes estão sem atendimento com neuropediatras em Várzea Grande

TV Centro América

A falta de profissionais neuropediatras na rede pública de saúde em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá, fez algumas famílias se unirem em um grupo de voluntários para buscar por tratamento médico aos filhos com deficiência.

Eles estão sem o devido acompanhamento médico há bastante tempo. Para não interromper as medicações, os pais estão buscando saídas alternativas.

A secretaria de Saúde de Várzea Grande informou, em nota, que está providenciando a contratação de novos médicos, mas tem encontrado dificuldades em encontrar profissionais para algumas áreas especializadas. (Veja nota na íntegra ao final da reportagem).

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Para a dona de casa Luciana Pereira dos Santos, essa luta tem sido cansativa por causa da falta de compreensão das pessoas com relação às especificidades que o filho Alex, de 15 anos, precisa ter em alguns ambientes. Ele tem Transtorno Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e dislexia.

"É fácil julgar quando você não está na pele do outro. É muito triste para uma mãe ser taxada de que cria um filho mal educado. Não é isso. As pessoas não entendem sobre dislexia e TDAH. Eu estou cansada das pessoas falarem 'esse menino tem alguma coisa?' É difícil ter que ficar esfregando o laudo na cara dos outros", desabafou.

Já o segundo filho dela, Davi, nasceu com malformação na coluna vertebral. Os dois pequenos precisam atualizar constantemente o laudo médico, mas apenas Davi tem sido atendido em Cuiabá, apesar da família ser da região metropolitana.

"Várzea Grande ficou mais de três anos sem neuropediatra. Meu filho até foi atendido, mas quando a gente foi para ter um retorno, ele não estava mais lá. A gente fica na espera", disse.

Essa situação se repete na família da dona de casa Elizângela Laurenço. A filha dela, Gabriela, nasceu com a espinha bífida e, ainda bebê, teve uma complicação e desenvolveu hidrocefalia, que provoca acúmulo de líquido na cabeça.

A cirurgia foi feita quando ela tinha cinco meses de vida e agora ela usa uma válvula, porém, necessita de acompanhamento médico a vida inteira. Segundo Laurenço, a filha está há dois anos sem ser atendida por um especialista na cidade.

"Ela precisa das dosagens corretas por causa das crises convulsivas. Ela tem o tamanho de uma criança com 13 anos, mas tem uma deficiência muito grande intelectual. Então, quanto menos crise ela tiver, melhor vai ser", contou.

Para manter a medicação em dia, a mãe disse que precisou levar a filha a um psiquiatra para atualizar a receita e dar continuidade ao tratamento. Contudo, a filha segue sem atendimento de um neuropediatra.

"Sem as terapias, as medicações, sem o acompanhamento do neuropediatra, infelizmente a nossa realidade é que as nossas crianças não vão conseguir evoluir, não vão melhorar", afirmou.

Grupo de voluntários buscam se ajudar enquanto seguem sem atendimento com neuropediatras aos filhos

TV Centro América

Tanto Luciana quanto Elizângela encontraram apoio em um grupo que reúne crianças com deficiência em Várzea Grande. As famílias se reúnem e auxiliam uns aos outros para garantir os direitos que eles têm por lei.

Este grupo foi criado pelo voluntário Tadeu Bezerra Gomes da Silva. Há 10 anos, ele vive em uma cadeira de rodas após ter levado um tiro nas costas e perder o movimento das pernas.

Inicialmente criado para reunir cadeiras de rodas e doá-las para quem precisa, o grupo aumentou para 200 voluntários, atualmente.

"Cada um dá um pouquinho. A gente vai juntando nosso montante e faz as doações para quem está mais precisando. Nós também participamos das reuniões com as secretarias municipais. Sempre tentamos reunir o máximo de pessoas com deficiência para mostrar que existimos, que estamos juntos e precisamos nos olhar cada vez mais", contou.

Para Laurenço, o grupo tem ajudado a fortalecer a luta das famílias pela garantia de direitos dos filhos com deficiência.

"Esse grupo realmente é o que tem nos fortalecido. Em Várzea Grande, a gente se reúne e troca informações diariamente. Isso está nos ajudando, já que o poder público nos abandonou", disse.

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Nota na íntegra

Existem profissionais médicos especialistas em neuropediatra e em psiquiatria na Rede Pública Municipal, principalmente no Centro de Especialidades em Saúde (CES) mais conhecido como Postão;

No entanto, é importante que se esclareça que existe uma demanda muito maior do que a capacidade de atendimento, até mesmo pela procura de pacientes de outras cidades ou Estados, e que por estarem no SUS, recebem o mesmo tratamento que qualquer pessoas que procure as unidades de saúde de Várzea Grande;

Recomendamos que os pacientes se encaminhem as Unidades de Saúde Básicas para solicitarem o encaminhamento e o agendamento das referidas consultas para atendimento.

Os órgãos municipais informam ainda que a Secretaria de Saúde de Várzea Grande está providenciando a contratação de novos profissionais médicos, respeitando a legislação para eventuais contratos temporários ou mesmo a realização de concurso público ou teste seletivo, mas tem encontrado dificuldades para profissionais de algumas áreas especializadas.

Os esforços são no sentido de recompor as equipes de profissionais médicos, respeitando a legislação e as exigência dos órgãos de controle.

Fonte: G1/MT

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