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Moradores de cidade de vereador que usou nome falso por 12 anos em MT após duplo homicídio em RO se dizem surpresos

Por Redação em 15/03/2022 às 14:52:57
Márcio Túlio (PSDB), nome usado para ser eleito, é, na verdade, Valdoir Bento Tavares. Vereador Márcio Túlio (PSDB) foi preso suspeito de um duplo homicídio

Câmara de Nova Nazaré

A notícia de que o presidente da Câmara de Nova Nazaré, a 800 km de Cuiabá, preso no dia 7 deste mês suspeito de duplo homicídio em Ariquemes (RO), usava nome falso há 12 anos deixou os moradores da cidade surpresos.

"Márcio Túlio" (PSDB), como é conhecido em Mato Grosso, além do duplo homicídio, é investigado por uso de documento falso, falsidade ideológica e posse ilegal de arma de fogo. Conforme as investigações, o verdadeiro nome do parlamentar é Valdoir Bento Tavares.

A defesa do vereador afirma que ele é inocente sobre o duplo homicídio em Rondônia e que vai recorrer para ele responder em liberdade pelos flagrantes de falsidade ideológica e posse ilegal de armas.

“Estava junto [com os moradores] direto. Era um cara que não tinha dúvida, não apresentava dúvida nenhuma que faz uma coisa dessa, né. Foi uma surpresa para todos”, disse o comerciante Joberto da Cruz.

O mecânico Aderbal Ribeiro Moraes, também morador de Nova Nazaré, disse que o vereador foi apelidado de "preto" na cidade e que era muito conhecido.

“A gente chama ele de preto. É um cara muito popular. Todo mundo gosta dele, tudo que a gente precisava, ele estava presente. Ninguém esperava isso, nem acredito que isso está acontecendo”, relatou.

Foi com o apelido que o vereador foi eleito pela primeira vez, em 2016. Mais conhecido, em 2020, candidato à reeleição, o nome Márcio Tulio aparece.

Nova Nazaré, no leste do estado, é uma cidade jovem e pequena, tem 22 anos de emancipação, e cerca de 5 mil habitantes

Câmara de Vereadores de Nova Nazaré (MT) aguarda conclusão de inquérito para tomar decisão sobre vereador

Câmara de Vereadores de Nova Nazaré (MT)

Amigos e colegas de trabalho

Na Câmara, os colegas vereadores ainda estão sem saber ao certo o que fazer.

“Estamos esperando o inquérito policial e, assim que a gente tiver um posicionamento correto, a Câmera tomará as medidas cabíveis. A gente sabe que pode ter uma possível cassação, mas tem que sentar com todos os colegas conversar certinho”, explicou a vereadora Rosana Aires de Souza Silva (PSD).

O vice-presidente Marcos Vinícius Xavier de Carvalho (PSDB), mesmo partido do colega preso, assumiu a presidência temporariamente.

“De acordo com o nosso regimento interno, ele está afastado até o período de três sessões ordinárias consecutivas. Ele não conseguindo estar presente até a terceira sessão, automaticamente, é abandono de cargo, então temos que extinguir o cargo e convocar o suplente dele”, explicou.

"Marcio Túlio" não teve projetos expressivos para o município, mas por ser da base, dava total apoio às pautas da prefeitura. Ele era visto como uma liderança política jovem e promissora. Até agora, o principal nome para suceder o atual prefeito.

O atual prefeito de Nova Nazaré, João Teodoro Filho, afirmou que era amigo pessoal do vereador e ficou surpreso com a notícia.

“Se conseguir provar que ele é outra pessoa, que a gente não sabia, vai continuar sendo meu amigo do mesmo jeito, tanto que não foi um fato, um crime hediondo, algo tão grave. Às vezes atribuiu a ele o assassinato que o irmão dele confessou ter sido o responsável. É normal o cidadão exercer seu direito de defesa também”, pontuou.

O parlamentar agora está na penitenciária de Ãgua Boa. A polícia deve encerrar o inquérito ainda nesta semana ao cumprir o mandado de Rondônia, por duplo homicídio.

“Já estávamos com elementos robustos de que realmente o foragido da Justiça de Ariquemes era o atual presidente da Câmara, então fomos atua-lo. Ele insistiu em manter a identidade do parente falecido, mas como a equipe já tinha a confirmação de que realmente não era ele, o autuamos em flagrante pelo uso de documento falso”, disse o delegado Valmon Pereira da Silva.

Segundo o delegado, o vereador também havia adquirido armas a partir do nome falso, o que caracteriza crime de posse ilegal de arma de fogo. A polícia aprendeu as armas na casa dele.

O Ministério Público Eleitoral também pediu à Justiça o afastamento do vereador do cargo, como medida cautelar, enquanto a polícia também apura o crime eleitoral.

O duplo homicídio

Consta no processo que tramita em Rondônia que Valdoir e o irmão dele, Valteir Bento Tavares, se envolveram em uma briga com outros dois homens na madrugada do dia 1º de janeiro de 2007, por causa de vaga de estacionamento, próximo a uma casa noturna.

Éder da Silva Martins e Edeilson Moura dos Santos foram assassinados a tiros. Outra pessoa que estava com as vítimas também foi baleada, mas sobreviveu porque conseguiu fugir.

O que dizem os irmãos

Os irmãos foram presos ao mesmo tempo na semana passada. Em goiás, além da verdadeira identidade, o irmão de Valdoir, Valteir Tavares, confessou que foi ele quem matou duas pessoas em Rondônia em 2007 em uma briga.

“Começou aquele empurra-empurra, empurraram meu irmão mais novo e eu perguntei para que isso? Eles vieram para cima de mim, quatro homens, me deram garrafada na cabeça, me machucaram. Como eu estava com a arma, me defendi. Efetuei os disparos e fiquei em choque. Nessa hora, meu irmão pegou a arma e fez menção que ia atirar, mas não deu nenhum tiro”, diz Valteir no depoimento.

Em Mato Grosso, na audiência de custódia, Valdoir contou praticamente a mesma história.

“Eu tinha 18 anos. Meu irmão propôs se entregar e conversou na época com o delegado para se entregar, o delegado falou não é você é seu irmão. Meu pai falou não, que não entregaria os dois filhos, porque um não tem nada a ver. Eu não tenho nada ver com a situação”, disse.

No entanto, no processo em Rondônia a versão é diferente. Na briga por causa de uma vaga no estacionamento de uma festa, um amigo dos irmãos teria passado uma pistola para Valdoir, indicando em que ele deveria atirar.

Com a cobertura de Valteir, ele teria atirado, matado duas pessoas, e ferido outra que conseguiu fugir. Por fim, Valteir teria pego a arma que estava com o irmão e disparado contra as vítimas, mas a arma teria falhado.

O advogado de Valteir assumiu também o caso do vereador.

“As informações do irmão são importantes no sentido de que ele confessou que efetuou os disparou. Se ele não tiver sido participe disso, é mais um ponto para ele, ainda mais ele que é uma pessoa bem querida na cidade, então a gente acredita que é de suma importância. Mas isso a Justiça de Rondônia que vai decidir”, pontuou o advogado Rafael Borges.

Fonte: G1/MT

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