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Necropsia é questionada por Jairinho e Monique: veja o que dizem os réus pela morte de Henry e o que aponta o laudo

Por Redação em 13/02/2022 às 04:52:08
g1 também ouviu o perito Nelson Massini, professor de medicina legal da Uerj, que explica os pontos levantados pelas defesas e acusação. Jairinho e Monique em audiência realizada em dezembro: defesas contestam pontos da necropsia

Reprodução/TV Globo

A audiência de instrução e julgamento que ouviu Monique Medeiros, uma das acusadas pela morte do menino Henry Borel, no último dia 9, mostrou que um dos pontos sensíveis do processo são as perícias feitas no corpo da criança.

Com informações que suscitam dúvidas nos acusados, elas têm sido exploradas pelas defesas da mãe de Henry e de Jairo Souza dos Santos Júnior, o Dr. Jairinho, o outro réu pela morte.

Henry Borel morreu no dia 8 de março de 2021, em decorrência de uma hemorragia interna por laceração hepática por ação contundente, segundo o laudo complementar de necropsia do IML. O laudo também revela que o corpo do menino tinha 23 lesões. O documento foi feito no dia 21 de abril de 2021.

O g1 reuniu essas informações, o que diz cada defesa e consultou o perito e professor de medicina legal da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), Nelson Massini, para comentar se as possibilidades oferecidas nas audiências – e que podem determinar a ida do ex-casal a júri popular – são viáveis ou não.

Inforgráfico elaborado com base no laudo pericial da polícia

Reprodução

“Vi tudo isso e não vi um roxo no meu filho. Eu vi meu filho pelado e ele não tinha um roxo" - Monique Medeiros durante audiência de instrução e julgamento no dia 9 de fevereiro para justificar que não sabe o que aconteceu na noite da morte do filho.

O que diz o laudo de Henry Borel: "Abdômen possui múltiplas equimoses (manchas roxas) de 10mm cada produzidas entre 12 e 48 horas antes do exame, mas que podem ter ocorrido no histórico hospitalar. Difícil precisar."

O que diz o perito consultado pelo g1: “O corpo produz equimoses de forma imediata após elas serem provocadas. A equimose é um derramamento de sangue no local da pancada. É a infiltração desse sangue no tecido, e ele só pode ser produzida por ação contundente. Se o médico legista descreveu, ele não iria inventar. Além disso, ele descreve hemorragia pulmonar, no rim e no fígado, e isso provoca uma equimose por fora. A pancada foi externa e afetou lá dentro. Além disso, o laudo tem documentação fotográfica. É facilmente comprovável.”

“Henry tem histórico de doença hepatológica, ainda que não diagnosticada? ” – Pergunta feita pela defesa de Jairinho a Monique Medeiros, e a qual ela não respondeu. Durante a audiência, no entanto, ela disse que Henry era um menino completamente normal.

O que diz o laudo de Henry Borel: "Causa da morte foi hemorragia interna por laceração hepática por ação contundente. "

O que diz o perito consultado pelo g1: “Mesmo que ele tivesse doença hepatológica, nunca produziria esse tipo de laudo na necropsia. Ação contundente, é ação violenta.”

“Eu vi todo o procedimento de reanimação no meu filho. Eles aplicaram 8 injeções de adrenalina, fizeram massagem cardíaca, quando um cansava, vinha outro. Eu vi meu filho ser intubado" – relatou Monique Medeiros sobre o socorro prestado a Henry e cogitando que algumas lesões podem ter sido causadas no procedimento.

O que diz o laudo de Henry Borel: "Algumas podem ter sido causadas na tentativa de socorro e equimose. As lesões assinaladas com números 2 e 3 são sugestivas de lesões produzidas por procedimento médico de intubação oro-traqueal. As lesões numeradas como 4, 5, 20 são punctórias, compatíveis com as produzidas em procedimento hospitalar de acesso venoso. O restante das lesões é compatível com as produzidas por ação contundente. As rupturas viscerais guardam relação direta com as lesões externas."

O que diz o perito consultado pelo g1: “O perito identificou as lesões causadas por manobras médicas e que as demais têm outra causa. Até podem produzir laudos contestando se as manobras médicas de reanimação da criança causaram os ferimentos, mas situações desse tipo só acontecem quando feitas por leigos, jamais em uma emergência hospitalar. ”

Foto de arquivo de Henry Borel. postada nas redes sociais do pai, Leniel

Reprodução

“Um dos laudos diz que Henry deu entrada no IML vindo do Lourenço Jorge, de fralda, apresentava íris castanhas e que a laceração hepática tinha sido feita entre 24 ou 48 horas antes. Mas desconfiei porque meu filho tinha ido do Barra D"Or, nu e tem olhos azuis” – Monique Medeiros sobre não saber o que houve com o filho no dia da morte e alegando que nem a necropsia ajudou a esclarecer.

O que diz o laudo de Henry Borel: "Cadáver de uma criança de cor branca, que deu entrada vindo do Hospital Barra D"Or, onde deu entrada já cadáver, vindo da residência, trajando fralda descartável, a face exibe olhos com córneas transparentes, íris castanhas. Lesões hepáticas com hemorragia maciça podem levar ao falecimento da vítima em poucos minutos ou, em caso de ruptura de vasos menos calibrosos, em até 4 horas."

O que diz o perito consultado pelo g1: “Quando vi imagens divulgadas, eu fiz um diagnóstico de que a criança já estava morta no elevador, ele já chegou cadáver ao hospital. A manobra de ressuscitação teria pouco resultado porque ele já devia estar parado há 10, 20 minutos. Não existe nenhuma reação pós-morte que mude a cor da íris dos olhos, isso deve ter sido erro de observação do perito. Mas as fotos no laudo devem comprovar qual era o corpo analisado.”

"Henry chegou com o Leniel por volta das 19h30 vomitando, chorando e dizendo que queria ir para a casa de Bangu. Peguei ele e fomos a uma padaria e comprei várias besteiras. Sentamos embaixo de um ombrelone, e falei para ele agradecer todas as coisas boas que ele tinha. Depois, subimos, dei banho nele e o coloquei para dormir" – Monique Medeiros sobre como recebeu o filho e o que fez na noite da morte.

O que diz o laudo de Henry Borel: "Nos casos de rupturas de vasos menos calibrosos do fígado seria possível observar aumento progressivo da dor abdominal, com perda da consciência após o aumento do volume de sangue perdido. No início a vítima queixaria-se de dor, evoluindo para prostração e perda da consciência. "

O que diz o perito consultado pelo g1: “Casos em que o fígado se rompe, a pessoa começa a sentir dor imediatamente. Jamais conseguiria andar, comer ou tomar banho. Vômito não é um sintoma disso, mas um sintoma de estresse da criança.”

Imagem da câmera de segurança do condomínio mostrando Henry no colo de Monique quando voltou da casa do pai

Reprodução

“A senhora sabe o que é trismo (limitação de abertura da mandíbula)?” – advogado da assistência da acusação perguntando a Monique Medeiros sobre um estado físico de Henry Borel e descrito por uma das médicas que o atenderam no Barra D"Or.

O que diz o laudo de Henry Borel: Conforme o Boletim de Atendimento Médico do Hospital Barra D'Or, em nome de Henry Borel Medeiros, a vítima, ora paciente, foi admitida “parado, cianótico, pálido, extremidades frias e cianóticas e sem perfusão capilar periférica”. “Com rigidez da mandíbula, temperatura de 34 graus e flacidez do restante do corpo”, descrita pelos médicos como hipotonia global, apresentando também cianose central e periférica. Cabe informar que as características descritas são compatíveis com o surgimento dos fenômenos cadavéricos e o tempo estimado para esse aspecto do corpo encontra-se dentro de uma faixa compreendida entre uma e três horas após a morte.

O que diz o perito consultado pelo g1: “O boletim médico do hospital comprova que ele já chegou morto. O primeiro grupo que começa a entrar em rigidez cadavérica é a mandíbula, depois os braços e as pernas, e após, rigidez completa. Isso mostra que ele estava nos primeiros minutos da morte com rigidez da mandíbula.”

Henry com a mãe e Jairinho no elevador depois de voltar da casa do pai

Reprodução

“Nunca acreditei que ele estivesse morto, até porque não ficariam duas horas fazendo ressuscitação em uma pessoa morta” – Monique Medeiros respondendo à assistência da acusação sobre o estado de Henry ao chegar ao hospital.

O que diz o laudo de Henry Borel: "Pode-se afirmar, baseado nas informações médicas analisadas, que o evento que conduziu à morte ocorreu entre 23:30h e 03:30h."

O que diz o perito consultado pelo g1: “Sempre se tenta reanimar a vítima, se os médicos não fizessem nada, iam alegar que não fizeram nada. Eles tentaram. É o que a medicina tem para fazer. Pode ser que se consiga restabelecer, trazer a criança de volta. É muito difícil porque ele já estava há mais de 10 minutos parado, mesmo que o coração voltasse a bater, ele teria algum tipo de comprometimento. Três minutos sem oxigenação já é muito coisa e compromete o cérebro. ”

“Meu filho não tinha roxo! Não tinha porque eu não acreditar que tinha sido um acidente doméstico.”

Monique Medeiros sobre a versão inicial de que Henry havia sido vítima de uma queda.

O que diz o laudo de Henry Borel: “Lesão hepática pode ter sido causada durante a reanimação? (Questão formulada pela polícia ao perito no laudo). Não há margem para tal questionamento uma vez que a lesão hepática foi a causa da morte e a reanimação foi feita após a morte (responde o perito no documento).

O que diz o perito consultado pelo g1: “Mesmo que se queira contestar a lesão no fígado, que causou a morte e que já vimos que raramente pode acontecer, e só quando feita por leigos, uma hemorragia no retroperitônio (espaço da cavidade abdominal) é impossível de ser causada em manobras de ressuscitação. Além disso, o laudo aponta infiltração hemorrágica na cabeça, na região parietal e occipital com inchaço no cérebro. É como se chacoalhassem a cabeça e formasse um edema. Nunca poderia ser causada pela reanimação, nem por queda, como se chegou a dizer uma época. Foi uma pancada na cabeça que causou uma repercussão externa, com o sangue, e refletiu internamente com o inchaço no cérebro. O que é certo é que Henry sofreu algum tipo de pancada em várias regiões, inclusive na cabeça e nas costas, que originou uma hemorragia renal e no fígado. Ele foi espancado violentamente."

Fonte: G1

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