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Primeiro Ambulatório Pós-Covid do Rio passa de 22 mil atendimentos de pacientes com sequelas

Por Redação em 23/01/2022 às 05:44:16
Unidade, que funciona na estrutura de uma escola ao lado do Hospital Universitário Pedro Ernesto, atende pelo menos 15 especialidades. Ambulatório Pós-Covid do HUPE realizou mais de 22 mil atendimentos em sete meses

Quando José Roberto de Souza Aguiar, de 55 anos, chegou ao Ambulatório Pós-Covid do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe), em Vila Isabel, em agosto do ano passado, ele reclamava de dores e enfrentava dificuldades nos movimentos do corpo.

"Eu fiquei com sequelas de mobilidade, com formigamento. A minha perna direita ficava dormente e as laterais das duas pernas doíam. Eu já tinha um problema de hérnia na cervical, e a Covid praticamente reativou isso", contou.

Pouco mais de quatro meses, ele celebra a proximidade da alta do hospital na Zona Norte do Rio de Janeiro, e agradece o conselho de uma amiga, pela qual, com a ajuda da Clínica da Família de Olaria, foi encaminhado ao projeto.

"Minha vida está bem melhor, minha mobilidade está bem melhor", afirmou.

Desde 14 de junho do ano passado até o fim do ano, o Ambulatório Multidisciplinar Pós-Covid-19 do Hupe realizou 22.975 atendimentos em pelo menos 15 especialidades.

A iniciativa, que funciona nas dependências do que já foi uma escola ao lado da unidade de saúde, foi uma das primeiras do país a buscar tratamento para quem saía de casos da doença que poderiam ter recuperação lenta ou gerar sequelas.

"Tínhamos a ideia de que poderíamos beneficiar estes pacientes em um ambulatório que priorizasse o atendimento a fisioterapia, nutrição, psicologia e enfermagem", destacou o médico Paulo Benchimol, um dos coordenadores do ambulatório.

Entrada do Ambulatório Pós-Covid do Hospital Universitário Pedro Ernesto, na Zona Norte do Rio

Cristina Boeckel/ g1

Especialidades

Os pacientes, que chegam pelo próprio hospital ou pela central de regulação estadual, são muitas vezes atendidos por mais de uma especialidade. Eles passam por uma triagem de um médico e a avaliação de um fisioterapeuta, que verifica as condições físicas.

"Os pacientes vêm para cá e passam por avaliações que duram mais de uma hora. Na avaliação, vários questionários que são utilizados no mundo todo são aplicados. Eles falam de depressão, ansiedade, fadiga e força e fazem testes físicos. A gente vê como ele responde ao estresse físico", afirmou Renato Cunha, que coordena os trabalhos da especialidade.

Cerca de 80% dos casos são encaminhados para a fisioterapia. Os pacientes são avaliados em uma escala que vai de 0 – sem sintomas pós-Covid – até 4, que são as pessoas com a mobilidade mais afetada e que precisarão de atendimento individual.

Pacientes recebem tratamento de sequelas após a Covid em ambulatório no Hospital Pedro Ernesto

Cristina Boeckel/ g1

A maioria dos pacientes é classificada como 1 ou 2 e passa por um atendimento com exercícios em grupo, em uma espécie de ginásio que funciona em uma das salas.

“Toda a assistência que ei tive aqui, tanto cardiológica, quanto nutricional, me ajudou bastante”, contou José Roberto sobre o trabalho complementar às sessões de fisioterapia.

Além das barreiras físicas, é comum encontrar pacientes com dificuldades como ansiedade, medo de morrer, crises de pânico, estresse pós-traumático e insônia. Aí entra a equipe de psicologia.

“No primeiro dia, ele chega com tanto medo de morrer que, quando você começa a mandar ele andar rápido e se esforçar, ele acha que se andar rápido e se esforçar ele vai morrer. Aí a gente mostra que não”, afirmou Renato Cunha.

Porta de ambulatório de atendimento para pacientes com sequelas da Covid no Hospital Pedro Ernesto, no Rio de Janeiro

Cristina Boeckel/ g1

Diferentes casos

O empresário Gabriel Campos Queiroz, de 32 anos, que ficou 44 dias internado no Hospital Zilda Arns, em Volta Redonda, nos meses de março e abril do ano passado, também chegou a pensar que a vida não voltaria ao que era.

“Quando eu saí do hospital, eu estava muito debilitado, eu não conseguia nem andar. Eu cheguei em casa de cadeira de rodas”, contou Gabriel.

Ele lembra que chegou a ter 95% dos pulmões comprometidos pela doença.

Nem sempre os casos do ambulatório são de pessoas que ficaram internadas.

"Começamos a ver que não foram só aquelas pessoas que foram internadas no CTI que tinham alterações. Pessoas que sequer tinham sido internadas, mas que tinham alterações pulmonares, ou ficaram em casa no isolamento domiciliar mas a recuperação delas é extremamente lenta. Ficam ainda com alguma fadiga", destacou Benchimol.

Muitas pessoas vão até o hospital reclamando de alterações que perceberam no corpo após a doença, mas que só no atendimento sabem que são consequência da Covid.

Cansaço, concentração, alterações do sono e ansiedade estão entre alguns dos problemas.

Para Gabriel, o ambulatório o ajudou a retomar a rotina. Após a batalha contra a Covid no ano passado, em janeiro deste ano o empresário descobriu que estava novamente contaminado. Desta vez, vacinado, os sintomas foram leves e o isolamento foi em casa, e não na UTI do hospital. Segundo ele, o trabalho de recuperação feito no ambulatório o ajudou a enfrentar sem problemas a doença.

"Na minha mente, mesmo tendo recebido alta há bastante tempo, eu achava que nunca mais teria uma vida normal. Hoje eu levo uma vida normal graças ao tratamento pós-Covid", afirmou o ex-paciente.

Fonte: G1

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