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Coronavírus: maior pronto-socorro de Minas teme aumento de queimaduras por álcool

Por Redação em 24/03/2020 às 05:48:19

A apreensão dos profissionais da saúde aumentou após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária liberar, na semana passada, a venda de álcool líquido 70% em embalagens de até 1 litro. Álcool gel só deve ser utilizado nos casos em que não há como lavar as mãos com água e sabão, dizem especialistas

Reprodução/TV Integração

Quando o assunto é coronavírus, todo mundo já sabe que o álcool pode ser um dos aliados na prevenção à doença. O uso da substância, entretanto, tem despertado uma outra preocupação entre os profissionais da área da saúde em Minas Gerais: o possível aumento de ocorrências de queimaduras.

Só no ano passado, o Hospital João XXIII, pronto-socorro referência para atendimentos a queimados em Minas, registrou 2.127 atendimentos de pacientes com queimaduras variadas, uma média de 6 por dia. Entre os casos, estão os provocados por uso indevido de álcool.

"Dentro de casa, não precisa passar álcool nas mãos. Lavar com água e sabão basta. Se vai limpar superfície onde as pessoas tocam, basta fazer uma solução com alvejante diluído, não tem necessidade de utilizar álcool", alertou a coordenadora da Unidade de Tratamento de Queimados Kelly Araújo.

A presidente da regional mineira da Sociedade Brasileira de Queimaduras, Marilene Massoli também alerta para o uso de álcool nas mãos antes de ir pra cozinha. "Na internet circulam vídeos em que as pessoas dizem que é preciso passar álcool nas mãos antes de cozinhar. Isso é um perigo, porque o fogo pode "pular" nas mãos e provocar queimaduras graves", disse Marilene.

Outra preocupação da SBQ são receitas de fabricação de álcool para eliminar coronavírus, com utilização de álcool combustível. A orientação é para que só sejam utilizados produtos certificados pelos órgãos competentes.

O maior problema de queimaduras provocadas por álcool, segundo a coordenadora de queimados do Hospital João XXIII, é a gravidade dos ferimentos. "Casos de queimadura com álcool geralmente são mais graves, porque ocorrem explosão. Neste caso, acometem áreas extensas e de forma muitas vezes mais profunda", disse Kelly.

Liberação do álcool líquido é visto com ressalvas

A apreensão dos profissionais da saúde aumentou após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária liberar, na semana passada, a venda de álcool 70% em embalagens de até 1 litro. A comercialização de álcool desta forma estava proibida desde 2002, por causa do grande número de acidentes envolvendo queimaduras em crianças.

"A preocupação é que a liberação do álcool liquido seja feita precisamente para este período da epidemia, que não avance além disso. Para população vai ser um retrocesso", disse a presidente da regional mineira da SBQ.

Queimaduras com líquidos quentes

Com as crianças em quarentena dentro de casa, o conselho da coordenadora do setor de queimados do Hospital João XXIII, Kelly Araújo, é manter não só o álcool fora do alcance da meninada, mas redobrar a atenção também ao fogão.

É que muitos casos de queimaduras em crianças que dão entrada no Hospital João XXIII, em BH, é por escaldadura, ou seja, líquidos quentes que derramam sobre a pele, provocando lesões. No ano passado, foram 1.304 atendimentos de crianças que sofreram queimaduras com líquidos quentes, uma média de 3,5 por dia.

Fonte: G1

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