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Jacarezinho: MP avança com análises separadas de cenários de mortes, 3 meses após ação policial

Por Redação em 06/08/2021 às 03:35:55
Operação em 6 de maio terminou com 28 mortes. Apuração mais avançada é de casos de confronto com poucas vítimas em local fechado. Força-tarefa aguarda perícia independente. Operação da Polícia Civil na comunidade do Jacarezinho, no Rio, terminou com 28 mortos

Reuters

Três meses depois da operação da Polícia Civil que terminou com 28 mortes no Jacarezinho, na Zona Norte do Rio, a força-tarefa do Ministério Público avançou em investigações de cenários com poucos mortos em ambientes fechados durante a ação.

A tendência, segundo fontes ouvidas pelo G1, é que as análises das mortes durante a operação sejam concluídas de forma separada, levando em conta os locais onde elas aconteceram.

A operação, realizada em 6 de maio, completa três meses nesta sexta-feira (6). Os membros da força-tarefa, criada cinco dias depois da ação, aguardam ainda o resultado de perícias independentes que foram pedidas fora do âmbito do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE).

Investigadores dedicam cuidado especial com declarações e reconhecimentos de policiais feitos por parentes de vítimas e testemunhas da ação policial. Promotores da força-tarefa pediram fotos e vídeos para apurar se houve abusos de autoridade.

Em ofício enviado à Secretaria de Estado de Polícia Civil, os investigadores pediram também as imagens aéreas que foram feitas durante a operação.

A investigação da força-tarefa, que tem duração prevista de quatro meses, pretende apurar também:

a morte do policial André Frias e tentativa de homicídio contra outros agentes;

duas tentativas de homicídio a passageiros do metrô;

eventual fraude processual na remoção de cadáveres.

Policial civil André Frias, morto na operação do dia 6 de maio, no Jacarezinho, Zona Norte do Rio

Reprodução

A Polícia Civil nega que tenha havido execuções, e aplicou um sigilo de cinco anos sobre documentos da operação. O secretário de Polícia Civil, Allan Turnowski, afirmou que a polícia iria contribuir com as investigações, em entrevista ao RJ1 em maio:

"A transparência vai ser absoluta. O que a gente não pode é concluir antes de investigar. A investigação que vai levar a dizer ou não se houve execução. A investigação vai dizer se houve eventual massacre e chacina como foi dito"", disse ele.

Laudo da perícia aponta tiros pelas costas em operação no Jacarezinho

Registros de ocorrência

Cinco dos 12 registros de ocorrência de mortes no Jacarezinho se encaixam na descrição dos cenários com análise mais avançada pela força-tarefa, com uma ou duas mortes ocorridas após confrontos ocorridos em ambientes fechados durante a operação.

Na Rua São Manuel, Isaac Pinheiro de Oliveira e Richard Gabriel da Silva Ferreira foram mortos dentro de uma casa.

Na Rua do Areal, segundo o registro de ocorrência, um homem com uma pistola teria entrado em confronto dentro de uma residência e acabou morrendo.

Também na Rua do Areal, houve registros de confronto entre policiais e suspeitos dentro de uma residência. Após terem sido alvos de rajadas de tiros, policiais alegam que entraram na residência e encontraram dois suspeitos ainda com vida. Ambos foram levados para o hospital, mas morreram.

No Beco da Síria, Omar Pereira da Silva foi morto porque, segundo a polícia, atirou granadas nos policiais de dentro de uma casa após ter sido ferido com um tiro no pé. De acordo com os policiais ouvidos, um deles atirou contra o traficante, que atirava contra os agentes.

Na Travessa João Alberto, Jonathan Araújo da Silva morreu depois de ter sido atingido. Segundo o registro de ocorrência na Polícia Civil, ele estava na laje de uma casa atirando contra policiais.

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Localização dos corpos encontrados no Jacarezinho

Arte G1

Laudos da necropsia feita em 27 mortos atestam que um dos corpos recebeu um disparo a uma curta distância e outros quatro foram atingidos pelas costas.

Alguns levaram múltiplos tiros. Foi o caso de Richard Gabriel da Silva Ferreira, de 23 anos, morto em uma casa na rua São Manuel. Richard foi atingido por seis disparos: dois no peito, um na barriga, um nas costas e dois no braço. Todos os tiros eram de fuzil.

Três corpos também apresentavam escoriações por terem sido arrastados.

Um dos peritos, que assina o laudo de John Jefferson Mendes Rufino da Silva, de 30 anos, atestou que o corpo tinha uma lesão, na barriga, compatível com disparo a curta distância. Jefferson foi um dos mortos dentro de uma casa na Rua do Areal.

O profissional justifica que a ferida tinha vestígios de pólvora – chamados de zona de tatuagem – dispersos, sugerindo que o disparo tenha ocorrido entre 60 e 70 centímetros.

Em nota, a Secretaria de Polícia Civil disse que os laudos são compatíveis com conflitos em ambientes confinados. E acrescentou que só é possível uma análise técnica após o confronto de todas as provas produzidas.

A Polícia Civil já afirmou que só irá se manifestar após o fim das investigações.

Fonte: G1

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