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Problemas políticos, pessoais e de gestão: veja países que trocaram de ministro da Saúde durante pandemia de coronavírus

Por Redação em 17/04/2020 às 19:52:23

Países como Bolívia, Equador e Holanda tiveram mudanças nos ministérios. Os motivos alegados vão desde motivos pessoais a conflitos com o governo e má gestão diante da crise sanitária causada pela Covid-19. O novo ministro da Saúde, Nelson Teich, e o presidente Jair Bolsonaro durante a posse nesta sexta-feira (17)

Evaristo Sa/AFP

Além do Brasil, outros países tiveram mudanças de ministros da Saúde ou cargos semelhantes desde 11 de março, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou pandemia de Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus.

Nesta sexta-feira (17), o novo ministro da Saúde do Brasil, Nelson Teich, tomou posse em cerimônia que contou com a participação do agora ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, demitido um dia antes pelo presidente Jair Bolsonaro após divergências sobre as estratégias para conter o avanço da Covid-19.

Novo ministro da Saúde Nelson Teich toma posse no Palácio do Planalto

Em outros países, as trocas de ministros ou diretores de cargos semelhantes ocorreram por motivos diversos alegados pelos governos, como:

remanejamento para priorizar especialista em saúde pública

má condução da resposta à chegada da pandemia

divergências com outros técnicos do governo

pressão pública

motivos pessoais

desrespeito às orientações de isolamento social

Boa parte das mudanças ocorreu na América Latina: Bolívia, Equador, Nicarágua e Peru são alguns dos países que trocaram de ministro da Saúde. Porto Rico, ilha caribenha pertencente aos Estados Unidos, também passou por substituição.

Veja abaixo outros países que trocaram de ministro da Saúde durante a crise do novo coronavírus

Bolívia

Ministro da Saúde, Aníbal Cruz, renuncia na Bolívia

Data da troca: 8 de abril

Quem saiu: Aníbal Cruz

Quem entrou: Marcelo Navajas

Motivo alegado: Então ministro alegou motivos pessoais e pediu renúncia

Cruz apresentou renúncia à presidente interina da Bolívia, Jeanine Ãñez, alegando "motivos pessoais". Ele ocupava o Ministério da Saúde boliviano desde que o atual governo tomou posse com a queda de Evo Morales, em novembro de 2019.

Equador

Pessoas mascaradas constroem túmulos em cemitério de Guayaquil, no Equador, em foto de 8 de abril

Vicente Gaibor del Pino/Reuters

Data da troca: 21 de março

Quem saiu: Catalina Andramuño

Quem entrou: Juan Carlos Zevallos López

Motivo alegado: Divergências dentro do governo

Em carta de renúncia, Andramuño afirmou que não obteve apoio em "muitas instâncias do governo" sobre os "postulados técnicos e médicos" de combate ao novo coronavírus. Segundo a ex-ministra, o ministério alertava desde dezembro para uma crise de emergência sanitária do país e, mesmo assim, o Executivo não garantiu recursos que contribuiriam com o enfrentamento da crise do coronavírus.

O Equador, inclusive, vive uma das piores crises causadas pelo novo coronavírus no mundo, com relatos de urubus sobrevoando Guayaquil — cidade onde corpos chegaram a permanecer nas ruas devido ao colapso funerário. Veja no VÍDEO abaixo.

Urubus sobrevoam céu de Guayaquil, cidade epicentro dos casos de infecção por coronavírus

Escócia

Catherine Calderwood, então chefe do Departamento Médico da Escócia, durante coletiva de imprensa em 22 de marçi

Andy Buchanan/Pool via Reuters

Data da troca: 6 de abril

Quem saiu: Catherine Calderwood (diretora do Departamento Médico)

Quem entrou: Gregor Smith

Motivo alegado: Desrespeito à quarentena

Calderwood era um dos principais nomes da campanha pelo distanciamento social na Escócia — até pedir renúncia do cargo de diretora do Departamento Médico por ser flagrada, mais de uma vez, viajando de Edimburgo a uma casa de praia em Earlsferry, a uma hora e meia da capital escocesa.

O desrespeito à quarentena no Reino Unido — uma das mais severas na Europa — ganhou as páginas dos jornais britânicos. A primeira-ministra escocesa, Nicola Sturgeon, reconheceu o erro de Calderwood, mas pediu que ela ficasse no cargo. Ainda assim, devido à pressão, a diretora pediu renúncia.

Holanda

AMSTERDÃ - O local com dois tamancos, normalmente cheios de turistas, é visto vazio no museu no museu ao ar livre de Zaanse Schans, perto de Amsterdã, na Holanda, nesta quarta-feira (25)

Peter Dejong/AP

Data da troca: 20 de março

Quem saiu: Bruno Bruins

Quem entrou: Hugo de Jonge

Motivo alegado: Ministro pediu renúncia alegando exaustão

Durante debate no Parlamento da Holanda, Bruins desmaiou enquanto ouvia o discurso de um parlamentar em 17 de março. O então ministro foi socorrido e prometeu retornar ao trabalho no dia seguinte. Entretanto, ele enviou uma carta de renúncia e alegou estar exausto após semanas de trabalho contra o novo coronavírus.

"A crise é tanta que precisamos de um ministro que esteja pronto para trabalhar a todo vapor imediatamente", disse o primeiro-ministro Mark Rutte, após aceitar a renúncia de Bruins.

Nicarágua

Homem com máscara caminha em frente a um muro com a figura do presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, em 30 de março

Oswaldo Rivas/Reuters

Data da troca: 1º de abril

Quem saiu: Carolina Dávila

Quem entrou: Martha Reyes

Motivo alegado: Remanejamento interno de cargos

O regime de Daniel Ortega nomeou a médica Martha Reyes, então chefe nacional de Vigilância, para ocupar o Ministério da Saúde. A então titular da pasta, Carolina Dávila, passou a assessorar o governo para o sistema de saúde na capital Manágua. Ela não perdeu o status de ministra, no entanto.

A mudança foi anunciada pela vice-presidente Rosario Murillo, que também é primeira-dama da Nicarágua. Na data da troca, Ortega ainda estava sem dar notícias em público, o que gerou boatos sobre seu estado de saúde. Ele reapareceu nesta semana, após quase um mês.

Peru

Comerciantes usam máscaras em comércio de alimentos de Lima, no Peru, nesta quinta-feira (2)

Cris Bouroncle/AFP

Data da troca: 20 de março

Quem saiu: Elizabeth Hinostroza

Quem entrou: Victor Zamora

Motivo alegado: Escolha de profissional com experiência em saúde pública após maus resultados na condução da crise

Diante da chegada dos casos de Covid-19, o presidente do Peru, Martín Vizcarra, demitiu Elizabeth Hinostroza e nomeou Victor Zamora para o Ministério da Saúde. Ambos são médicos, mas o chefe do executivo afirmou que optou escolher um especialista em saúde pública para lidar com a pandemia.

Segundo a imprensa peruana, porém, o presidente estava insatisfeito com a demora na resposta ao crescente número de casos de coronavírus no país. O jornal "El Comercio" afirma que a "falta de liderança" da então ministra Hinostroza irritou o governo, que decidiu demiti-la após as primeiras mortes pela Covid-19 começarem a aparecer.

Porto Rico

Bandeiras dos EUA e de Porto Rico tremulam na frente do Capitólio de San Juan, em foto de maio de 2017

Alvin Baez/Arquivo/Reuters

Data das trocas: 13 de março e 28 de março

Quem saiu: Rafael Rodríguez Mercado (secretário de Saúde) e Concepción Quiñones

Quem entrou: Lorenzo Gonzáles

Motivo alegado: Má condução da crise e denúncias de corrupção no governo

A situação política em Porto Rico, pertecente aos Estados Unidos, é mais complicada. Primeiro, a governadora Wanda Vásquez demitiu Rafael Rodríguez por estar "insatisfeita" com o então secretário após os primeiros casos chegarem ao território.

A governadora, então, nomeou a médica Concepción Quiñones para comandar Porto Rico na condução da pandemia. Porém, ela deixou o cargo após denunciar uma série de irregularidades em compras de insumos para o combate à pandemia de Covid-19. No lugar dela, entrou Lorenzo González.

Romênia

Policial de máscara caminha em frente a principal praça de Bucareste, na Romênia, em foto de 27 de março

Inquam Photos/Octav Ganea via Reuters

Data da troca: 26 de março

Quem saiu: Victor Costache

Quem entrou: Nelu Tataru

Motivo alegado: Reação pública negativa pela condução da crise

Costache saiu do cargo de ministro da Saúde após dizer que toda a população de Bucareste deveria passar por testes de Covid-19 o mais rápido possível. A fala irritou profissionais de saúde, que alegavam ser prioridade a disponibilização de equipamentos hospitalares em meio à pandemia.

De acordo com a imprensa da Romênia, Costache pediu renúncia a pedido do próprio primeiro-ministro Ludovic Orban.

Ucrânia

Ministro da Saúde da Ucrânia, Maksym Stepanov, veste máscara em aeroporto de Kiev enquanto aguarda partida de médicos rumo à Itália em 4 de abril

Gleb Garanich/Reuters

Data da troca: 30 de março

Quem saiu: Illya Yemets

Quem entrou: Maksym Stepanov

Motivo alegado: Razão não especificada

O parlamento da Ucrânia aprovou no fim de março a troca nos ministérios das Finanças e da Saúde em plena pandemia de Covid-19. Nenhum motivo para as demissões foi detalhado. Entretanto, segundo a imprensa ucraniana, já havia pedidos de renúncia do ex-ministro Yemets semanas antes da decisão, em meio aos primeiros registros da doença.

E a Nova Zelândia?

Vizinhos conversam à distância em um subúrbio no centro de Christchurch, Nova Zelândia, no sábado (28), país tem isolamento para evitar dispersão da Covid-19

Mark Baker/AP

O ministro da Saúde neozelandês, David Clark, recebeu críticas e pedidos por demissão após ser flagrado em uma praia apenas dois dias depois de o governo decretar confinamento à população. A primeira-ministra Jacinda Ardern não o demitiu, mas retirou dele algumas atribuições especiais.

"Em condições normais, eu teria demitido o ministro. O que ele fez está errado e ele não tem desculpas. Mas agora a prioridade é a luta coletiva contra a Covid-19", justificou a premiê.

VEJA TAMBÉM: A estratégia da Nova Zelândia em eliminar, e não achatar, a curva da Covid-19

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Fonte: G1

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