O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira, 15, que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, tem sido alvo de "ataques artificialmente plantados", em razão de reuniões de Luciane Barbosa Farias, conhecida como "dama do tráfico amazonense", com integrantes da pasta. Farias é casada com Clemilson dos Santos Farias, conhecido como Tio Patinhas, um dos líderes do Comando Vermelho no Amazonas. "Minha solidariedade ao ministro Flávio Dino, que vem sendo alvo de absurdos ataques artificialmente plantados. Ele já disse e reiterou que jamais encontrou com esposa de líder de facção criminosa. Não há uma foto sequer, mas há vários dias insistem na disparatada mentira", escreveu o chefe do Executivo federal em seu perfil no X (antigo Twitter). O petista ainda afirmou que o ministério "tem coordenado ações de enorme importância para o país: a defesa da democracia; o combate ao armamentismo selvagem; o enfrentamento ao crime organizado, ao tráfico e às milícias; e a proteção da Amazônia". "Essas ações despertam muitos adversários, que não se conformam com a perda de dinheiro e dos espaços para suas atuações criminosas. Daí nascem as fake news difundidas numa clara ação coordenada", acrescentou Lula.
Flávio Dino é um dos principais cotados para a cadeira da agora ex-ministra Rosa Weber no Supremo Tribunal Federal (STF), ao lado do ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, e do presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas. Nas últimas semanas, porém, a disputa voltou a ficar embaralhada, em razão da crise na segurança pública no Rio de Janeiro e na Bahia, que amplia a pressão sobre Dino, e, agora, a crise causada pela revelação feita pelo "O Estado de S. Paulo". O jornal revelou que Luciane Barbosa Faria esteve em audiência com dois secretários e dois diretores da Justiça em um período de três meses. A "dama do tráfico" esteve inicialmente no MJSP no dia 19 de março com Elias Vaz, secretário Nacional de Assuntos Legislativos de Flávio Dino. No dia 2 de maio, ela se reuniu com Rafael Velasco Brandani, titular da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) – Luciane representava a Associação Instituto Liberdade do Amazonas (ILA) na agenda com Velasco. A ILA, segundo reportagem do Estadão, é financiada com dinheiro do tráfico.
Em nota, o Ministério da Justiça e Segurança Pública confirmou a presença de Luciane na pasta, mas afirma que ela integrava uma comitiva e que era "impossível" que o setor de inteligência do MJSP detectar previamente a presença dela. Elias Vaz disse repudiar "qualquer envolvimento abjeto e politiqueiro do meu nome com atividades criminosas". O ministro Flávio Dino, por sua vez, negou a participação e conhecimento prévio sobre a reunião realizada por Vaz e disse que a repercussão do assunto é "por conta de vil politicagem". "Nunca recebi, em audiência no Ministério da Justiça, líder de facção criminosa, ou esposa, ou parente, ou vizinho. De modo absurdo, simplesmente inventam a minha presença em uma audiência que não se realizou em meu gabinete".
Fonte: JP