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STF permite que juízes atuem em casos de clientes de parentes, desde que em processos distintos

Por Redação em 21/08/2023 às 22:32:42
Ação da Associação dos Magistrados Brasileiros questionou trecho do Código de Processo Civil que impedia participação dos magistrados nos processos, mesmo que os familiares do juiz não atuassem diretamente nos casos. O Supremo Tribunal Federal (STF) tem 7 votos a 4 para para invalidar trecho do Código de Processo Civil que estabelece uma das regras para o impedimento de juízes em processos.

A ação em discussão no Supremo, apresentada pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), se refere a uma circunstância específica: quando o julgado é cliente de um escritório de parente do juiz. Mas desde que esse cliente esteja, naquela causa, sendo representado por outro escritório.

Com a decisão do STF, o juiz não está mais impedido de julgar nessas circunstâncias.

O julgamento ocorre em plenário virtual, onde os ministros apresentam os votos eletronicamente. O julgamento se encerra às 23h59 desta segunda-feira (21). Até lá, algum ministro pode mudar de posição.

A circunstância questionada pela AMB é comum em demandas envolvendo empresas, por exemplo, que costumam ter processos distribuídos a diferentes bancas de advogados.

Nessa situação, mesmo se a disputa jurídica tiver representantes sem ligação com o juiz, o fato de a empresa ter outros processos sob responsabilidade do escritório com ligações de parentesco com ele já geraria a proibição.

O Supremo não está analisando a regra que proíbe a participação do juiz quando atua diretamente na causa um advogado que é seu parente. Esse ponto do Código de Processo Civil continua válido.

Relator

O relator do caso, ministro Edson Fachin, considerou a regra constitucional. Para o ministro, é "justa e razoável a presunção legalmente estabelecida de ganho, econômico ou não, nas causas em que o cliente do escritório de advocacia de parente do magistrado atue".

O ministro rebateu o argumento de que não seria possível cumprir a norma, porque o Código de Ética da Ordem dos Advogados do Brasil impede a publicação dos nomes dos clientes dos escritórios. Para Fachin, no processo, se houver dúvidas, o juiz pode pedir a informação para as partes.

A ministra Rosa Weber acompanhou o relator.

Ressalva

O ministro Luís Roberto Barroso concordou em parte com a posição de Fachin.

Barroso entendeu que o artigo é válido, mas só pode incidir se "o magistrado tem ciência, ou razoavelmente deveria ter ciência, do impedimento". Além disso, ela não se aplicaria em ações constitucionais, julgadas pelo Supremo. Nem aos julgamentos da Corte em que os ministros definem teses de repercussão geral a partir de recursos.

Inconstitucionalidade

A divergência foi aberta com o voto do ministro Gilmar Mendes. O decano considerou o trecho inconstitucional. Citou que a regra "depende de informações trazidas por terceiros para a sua averiguação, o que nem sempre pode se coadunar com a realidade dos fatos, implicando consequências indesejadas para a efetividade da jurisdição".

"Mesmo sendo uma regra previamente estabelecida em lei, a norma dá às partes a possibilidade de usar o impedimento como estratégia, definindo quem serão os julgadores da causa", afirmou.

"A escolha dos julgadores, de outra forma definida pela distribuição, passa ao controle das partes, principalmente daquelas com maior poder econômico", prosseguiu.

"Especialmente quando se trata de grandes empresas e grandes escritórios, com ampla atuação em todo território nacional, como, enfim, assegurar o cumprimento dessa regra sem violar o princípio do juiz natural e a própria competência da Corte?", questionou.

A análise foi retomada com o voto do ministro Luiz Fux, que acompanhou o decano, pela inconstitucionalidade da regra. Também seguem a mesma posição os ministros Cristiano Zanin, Dias Toffoli, Nunes Marques e Alexandre de Moraes.

O julgamento do caso ocorre no plenário virtual, formato de deliberação em que os ministros apresentam seus votos em plataforma eletrônica do tribunal. A análise termina às 23h59 do dia 21 de agosto, se não houver pedido de vista (mais tempo de análise) ou de destaque (que traz o caso para julgamento presencial).

O que é impedimento

O impedimento de magistrados ocorre em situações previstas em lei - por exemplo, quando há parentesco entre ele e um dos participantes do processo - advogados, integrantes do Ministério Público, autores ou réus.

Se uma das situações previstas na regra se encaixar com o caso concreto, o juiz que recebeu a ação deve se declarar impedido, permitindo que aquela demanda seja distribuída a outro colega. Juízes que não tomam esta providência podem responder na Justiça e suas decisões podem anuladas ou revistas posteriormente.

Fonte: G1

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