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Moradores temem 'morte' de nascentes com instalação de unidade de tratamento de minério em Ribeirão do Eixo

Por Redação em 05/07/2020 às 07:13:30

População do distrito de Itabirito, na Região Central de Minas Gerais, é contra implantação do empreendimento. Mineradora Aston Martin S.A. disse que minas d'água serão preservadas e construção está de acordo com a lei. Vista aérea da comunidade Ribeirão do Eixo, em Itabirito

Jônatas Elias de Oliveira/Arquivo pessoal

Moradores do distrito de Ribeirão do Eixo, em Itabirito, na Região Central de Minas Gerais, estão apreensivos com a possibilidade de um licenciamento para a instalação de uma unidade de tratamento de minério (UTM) no local.

O presidente do Conselho de Desenvolvimento Comunitário (Codecre), Ivair Alberto Gomes, qualifica a situação como "bem complicada".

"São 22 nascentes catalogadas próximo ao local onde a Aston [Martin S.A.] quer implantar a UTM e mais de 300 famílias usam dessa água. Eles vão desviar cursos d"água para alimentar um reservatório para lavar minério", disse.

Gomes falou ainda que, se houver a instalação desta UTM, haverá uma movimentação muito grande de carretas transportando minério diariamente.

"São milhares de carretas, porque cada carreta transporta, em média 30 toneladas".

Montanhas de onde minam as nascentes em Ribeirão do Eixo

Jônatas Elias de Oliveira/Arquivo pessoal

Ainda segundo ele, 2,5 milhões de toneladas de rejeitos serão gerados por ano.

"A gente entende que mora em Minas, forte em minério, mas a gente também entende que essa UTM pode ser montada em um outro local, sem prejudicar as nascentes", defendeu.

Gomes explicou também que as nascentes no Ribeirão do Eixo têm grande importância para o meio ambiente porque compõem o Ribeirão do Silva, que deságua no Rio itabirito, que chega ao Rio das Velhas, usado no abastecimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Ele disse ainda que não descarta a possibilidade de impedir o licenciamento da UTM por meio de uma ação na Justiça.

A monitora de alunos Adriana Lobo de Paiva Santana, que mora em Ribeirão do Eixo há cinco anos, também é contra a instalação da UTM. Ela classifica a água do lugar como "pura e natural".

Para ela, minerar perto das nascentes vai trazer prejuízos à comunidade e à natureza. Ela teme que as minas d"água sejam contaminadas e "mortas" e que os moradores tenham que passar a pagar por água tratada e que, segundo ela, não é boa.

O que diz a Aston Martin S.A.

A advogada da Aston Martin S.A., Bruna Aguiar de Paula, disse que o processo de regularização ambiental da UTM iniciou-se em agosto de 2013, quando a mineradora procurou uma empresa para elaborar um estudo de pré-viabilidade ambiental do empreendimento.

Segundo Bruna, os resultados desse estudo mostraram-se factíveis à implantação do empreendimento na propriedade e, em novembro daquele mesmo ano, foi firmado a elaboração do Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental - EIA/Rima + PCA e a gestão ambiental do processo.

A defensora disse que foi dado início dos trabalhos do EIA/Rima e estudos complementares e, dessa forma, foram feitos outros estudos como arqueologia, espeleologia, inventário de fauna e a própria caracterização do empreendimento.

Com relação aos rejeitos de minério gerados pela UTM, a Aston afirmou que eles serão destinados à recuperação de erosões em um raio de 3 km do empreendimento, sem prejudicar o meio ambiente.

A mineradora disse também que o uso de duas captações de água atenderá o consumo do empreendimento e da comunidade. A Aston garantiu que não utiliza produtos químicos no tratamento do minério de ferro.

Com relação às nascentes, a mineradora afirmou que elas não serão prejudicadas por se tratar de uma área de preservação, que constitui uma reserva florestal legal (RFL).

Compensação ambiental

As compensações ambientais são feitas no âmbito da Superintendência Regional de Meio Ambiente (Supram) e serão definidas posteriormente.

Com relação à Prefeitura de Itabirito, a Aston falou que aguarda a manifestação da Secretaria de Meio Ambiente sobre o pedido de declaração de conformidade.

Por fim, a mineradora declarou que existe é um mandado de segurança contra o município de Itabirito em que foi deferido no dia 3 de junho o pedido liminar para que a Secretaria de Meio Ambiente se posicione acerca do empreendimento, que deve ser analisado de acordo com o uso e ocupação do solo.

O G1 entrou em contato com a prefeitura, que disse não ter sido notificada oficialmente.

Nascente em Ribeirão do Eixo, em Itabirito

Jônatas Elias de Oliveira/Arquivo pessoal

Fonte: G1

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