Após exonerar dezenas de bolsonaristas do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e escolher o general Marcos Antonio Amaro dos Santos para comandar o órgão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem ainda que decidir sobre um tema que divide o governo: o retorno da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para o GSI.
No início do ano, a Abin estava vinculada ao GSI – situação que mudou em 2 de março, quando a estrutura foi transferida para a Casa Civil. Agora, a mudança pode ser revertida, e a Abin, devolvida ao comando de um militar.
O ministro interino do GSI, Ricardo Cappelli, está fechando uma reestruturação do gabinete. Nela, a princípio, o serviço de inteligência do governo será reformulado e voltará para as mãos do futuro comandante do Gabinete de Segurança Institucional.
A medida é defendida também pela Casa Civil e pelo Ministério da Defesa.
A ala do governo que é contra a volta da Abin para o GSI alega que, nos países democráticos, o serviço de inteligência do presidente da República ou primeiro-ministro não fica nas mãos de um militar.
E que, pelo passado recente, esse modelo não tem funcionado no Brasil – há diversos exemplos de falhas nos últimos governos.
A proposta é que o serviço de inteligência fique nas mãos de um civil, numa secretaria ligada diretamente à Presidência da República, coordenando todos os serviços desta área no governo.
Novo comando do GSI
Lula ainda deve bater martelo sobre o futuro da Abin. Segundo ministros, no entanto, o anúncio do general Amaro para comandar o GSI deve acontecer já nesta sexta.
Pelo que vem sendo desenhado, o GSI assumiria uma função mais próxima à que hoje, nos governos estaduais, é cumprida pela Casa Militar. Ou seja, cuidaria da segurança do Palácio do Planalto e do Palácio da Alvorada.
Nesses moldes, a segurança direta e pessoal de Lula seguiria com a Polícia Federal.
Amaro foi chefe da Casa Militar da ex-presidente Dilma Rousseff e comandou a segurança pessoal da petista na época. É visto como um general sério e competente, que poderia consertar os problemas da área.