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Resultado do PIB reacende críticas de Lula e ministros à taxa de juros

Por Redação em 03/03/2023 às 01:36:44
Presidente criticou patamar de 13,75% da Taxa Selic: 'Não existe explicação'. Ministros da Fazenda e do Planejamento também fizeram comentários contra o atual índice do juro básico da economia. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ministros do governo federal retomaram críticas ao patamar mantido pelo Banco Central para a Selic, taxa de juros básica no Brasil.

Novas manifestações vieram após a apresentação do resultado do Produto Interno Bruto (PIB) – a soma dos valores de todos os bens e serviços finais produzidos pelo país no ano.

O PIB do Brasil cresceu 2,9% no ano de 2022, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado foi divulgado nesta quinta-feira (2).

"As pessoas dizem "o presidente não pode criticar o presidente do Banco Central". Que absurdo. O presidente da República pode criticar. O que eu não posso é ser leviano e dizer coisas que não sejam verdadeiras", disse Lula em entrevista à rádio BandNews.

"O que eu estou dizendo é a máxima verdade: não existe explicação para a taxa de juros ter 13,75%. Não existe excesso de consumo, não existe inflação de consumo neste país. A economia não está crescendo", completou.

Também nesta quinta, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a desaceleração da economia em 2022 está relacionada com uma reação do Banco Central às atitudes do governo Bolsonaro — que elevou gastos em ano eleitoral.

"Uma razão evidente de que houve uma reação do Banco Central às atitudes do governo anterior no período eleitoral, que ensejou aumento da taxa de juros, o que explica essa desaceleração", declarou ele.

Em entrevista no Palácio do Planalto também nesta quinta, Simone Tebet, ministra do Planejamento e Orçamento, pediu um "gesto" do Banco Central em relação à taxa de juros, que está em patamar elevado no país.

"Acho que a notícia [do avanço do PIB] foi boa. [...]. Não queremos nenhuma generosidade [do Banco Central], mas um gesto positivo, a favor do Brasil, na próxima reunião do Comitê de Política Monetária [do Banco Central] (Copom)", disse.

Selic

A taxa básica de juros (Selic), definida pelo Copom, começou 2022 em 9,25% ao ano e terminou em 13,75% — o maior nível em mais de seis anos. O patamar foi mantido na primeira reunião do Copom deste ano.

Além de Tebet, outros integrantes do governo têm pedido a diminuição da Selic pelo Banco Central. Haddad já fez declarações públicas nesse sentido.

No governo, o presidente Lula é quem tem feito as críticas mais pesadas ao BC e ao presidente da instituição, Roberto Campos Neto.

Lula já falou:

que a independência do BC é "bobagem", e reforçou que Henrique Meirelles teve autonomia em seu governo anterior mesmo antes da lei;

que a meta de inflação do país, de 3,75%, obriga a "arrochar" a economia brasileira em momento que precisa voltar a crescer;

que iria esperar “esse cidadão”, Campos Neto, terminar o mandato para “fazermos uma avaliação do que significou o Banco Central independente”;

que Campos Neto quer chegar a uma inflação “padrão europeu”, mas que é necessário chegar à inflação “padrão Brasil”;

que o Brasil tem “cultura” de juros altos, e que o patamar de juros e o comunicado do BC são uma “vergonha”.

A expectativa do mercado financeiro é de que a taxa de juros comece a recuar somente em setembro deste ano, quando passaria para 13,5% ao ano. A projeção é de que a Selic termine 2023 em 12,5% ao ano.

Para definir o nível dos juros, o Banco Central se baseia no sistema de metas de inflação. Quando a inflação está alta, o BC eleva a Selic. Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas, o Banco Central pode reduzir o juro básico da economia.

Queda de juros depende de condições econômicas

A taxa de juros subiu mais de 11 pontos percentuais entre janeiro de 2021 e agosto de 2022. De acordo com o Banco Central, a medida foi necessária para frear a inflação, agravada por eventos como a pandemia da Covid e a invasão da Ucrânia pela Rússia, além de fatores internos.

Com a disparada dos preços, o BC avaliou que era necessário elevar os juros e, assim, reduzir a circulação de dinheiro na economia -- mecanismo que segura a inflação.

Economistas avaliam que a redução dos juros, para não piorar a inflação, deve ser acompanhada de melhorias na economia. O governo precisa dar sinais positivos ao mercado e aos investidores – por exemplo, garantindo responsabilidade fiscal e segurança jurídica.

Isso traria investimentos ao país e manteria as contas públicas sob controle, fatores que contêm a inflação.

O economista Pérsio Arida, um dos pais do Plano Real e integrante da transição do governo Lula, afirmou em novembro que outra condição é a taxa de juros nos Estados Unidos, em tendência de alta. Quanto maior a taxa norte-americana, mas os investidores vão preferir enviar capital para o país, a principal economia do mundo.

“A queda de juros projetada pelo mercado parece razoável, mas depende da política fiscal responsável no Brasil e da taxa de juros americana. São as duas preocupações que podem afetar a taxa de juros mais a frente”, afirmou o economista.

Maurício Godoi, especialista em crédito e professor da Saint Paul Escola de Negócios, afirma que existe uma "conjuntura internacional complexa, com economias desenvolvidas elevando juros e grande volatilidade de moedas no cenário internacional".

"Já pensando em Brasil, temos incertezas em relação ao futuro fiscal e uma expectativa ainda alta de inflação que continuam a trazer um cenário mais conservador. Por isso, a taxa de juros tende a permanecer mais alta no decorrer do ano", avalia.

Fonte: G1

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