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Pesquisador trans defende espaço para tratar de saúde transmasculina

Por Redação em 30/01/2023 às 16:09:29

Professor e pesquisador Leonardo Peçanha, em uma academia na Lapa - Fernando Frazão/Agência Brasil

Como professor de educação física, Peçanha argumenta que sua profissão é essencial na assistência a pessoas trans que estão em transição. Além de promover uma relação mais positiva com o próprio corpo, o exercício é um meio para que qualquer pessoa busque mudanças em sua forma física, o que tem um sentido especial para pessoas trans.

"O profissional de educação física é um profissional de saúde que lida com a reconstrução corporal através do movimento, assim como outras áreas, como a fisioterapia", afirma ele.

"O que eu tento propor é um outro olhar sobre a masculinidade e o exercício físico, tanto na saúde, quanto em usar o exercício para reconstruir o corpo. E observar diversos corpos, os que fazem reposição hormonal com testosterona e os que não fazem".

Não foi apenas a vivência como homem trans que despertou o interesse do pesquisador sobre o tema, mas também a atuação na academia Body Move, na Lapa, bairro que historicamente abriga pessoas trans.

Como professor de atividades como a natação, ele conta que, um dia, foi chamado na recepção para dar boas vindas a um novo aluno: outro homem trans.

"Ele estava muito nervoso, porque tinha muito medo de sofrer transfobia. Ele já sabia nadar, tinha sido nadador antes e queria voltar a nadar depois de ter passado por problemas pessoais. Dei aula pra ele, e ele não perdia em nada para nenhum outro homem que estava ali. Essa minha prática me fez perceber a importância de estarmos atentos, não para um atendimento especial, mas para um atendimento que leve em conta nossas especificidades".

Objetificação

O pesquisador defende que, assim como o exercício, a visibilidade trans deve ser para todos os corpos transmaculinos: negros, gordos, pessoas com deficiência, binárias ou não.

"Isso tem melhorado um pouco, mas, quando a gente olha o Instagram, por exemplo, as pessoas que têm mais seguidores são as pessoas brancas e com uma determinada leitura social em detrimento a outras. Não é uma crítica a essas pessoas, porque são todas trans, mas a essa estrutura que visibiliza uns em detrimento de outros. Isso é estrutural".

A rejeição aos corpos trans, na visão dele, anda de mãos dadas com a objetificação sexual de que são vítimas. Ao mesmo tempo em que o país se destaca pela violência contra as pessoas trans, tendo sido classificado pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) como o país que mais mata essa população no mundo, o Brasil também é o país que mais busca conteúdos pornográficos com pessoas trans, segundo levantamentos divulgados nos últimos anos por páginas de vídeos explícitos como o Pornhub e o Redtube.

"Existe uma dicotomia de que o mesmo corpo que é desejado é o mais assassinado", avalia ele. "Quando se fala em transmasculinidade, existe a curiosidade. Muitas vezes as pessoas querem se relacionar não por um sentimento, mas por curiosidade de entender o corpo transmasculino, que é lido como um fetiche, principalmente por pessoas cisgêneros".

Fonte: Agência Brasil

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