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Caso Flordelis: veja os destaques dos depoimentos no júri da ex-deputada e de outros 4 réus

Por Redação em 11/11/2022 às 03:44:01
A pastora, uma filha biológica, uma neta e mais dois filhos afetivos são julgados pelo assassinato do pastor Anderson do Carmo, em 2019. Flordelis é acusada de mandar matar o ex-marido. Julgamento de Flordelis: veja o que aconteceu

A ex-deputada federal Flordelis e mais quatro réus por envolvimento na morte do marido dela, o pastor Anderson do Carmo, são julgados no Tribunal de Júri de Niterói desde segunda-feira (7).

Anderson foi morto a tiros na residência da família, em Niterói, em junho de 2019. Além da ex-parlamentar, são julgados ainda sua filha biológica Simone dos Santos, a neta Rayane dos Santos e os filhos afetivos André Luiz e Marzy Teixeira.

Veja quem é quem no julgamento da ex-deputada federal Flordelis

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Flordelis é acusada de ser a mandante do crime e responde por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emprego de meio cruel e de recurso que impossibilitou a defesa da vítima), tentativa de homicídio, uso de documento falso e associação criminosa armada.

Mary, Simone e André Luiz respondem por homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio e associação criminosa armada.

Rayane por homicídio triplamente qualificado e associação criminosa armada.

As partes convocaram 29 testemunhas — o número pode variar com base nas estratégias dos advogados. Até a noite de quinta-feira (10), 12 testemunhas de acusação e 5 de defesa haviam sido ouvidas.

Veja abaixo o que disseram e o que de mais relevante ocorreu no Tribunal do Júri. Clique nos links para ler mais sobre cada detalhes do julgamento.

Flordelis durante no primeiro dia de julgamento

Brunno Dantas/TJRJ

1º dia de julgamento (segunda, 7/11)

O primeiro dia de julgamento durou mais de 11 horas. Quatro testemunhas foram ouvidas, uma delas convocada de última hora.

Flordelis chegou ao Fórum de Niterói por volta das 8h. No banco dos réus, a missionária chorava muito — sobretudo quando viu parentes na plateia.

A delegada Bárbara Lomba, responsável por parte do inquérito que investigou a morte de Anderson do Carmo, foi a 1ª a depor e falou por cerca de 6 horas. Ela disse que não foi confirmado o episódio de violência sexual dentro da casa, conforme alegado pela defesa de Flordelis. A policial alegou que Flordelis afirmou para a imprensa que o caso era um latrocínio (roubo seguido de morte), mas que não teria dito o mesmo para a polícia.

O delegado Allan Duarte Lacerda, que concluiu as investigações, foi o segundo a ser ouvido. Ele narrou algumas supostas tentativas de envenenamento malsucedidas e que teriam sido promovidas por Marzy Teixeira, filha adotiva de Flordelis. Contou também que houve uma tentativa de contratação de pistoleiros para executar o pastor.

Regiane Ramos Cupti, ex-patroa de Lucas César dos Santos, um dos filhos adotivos da pastora, disse que havia dois grupos na casa de Flordelis, um de "privilegiados" e outro de "escravos". Contou também que sofreu uma tentativa de atropelamento feita por uma das netas da pastora.

2º dia de julgamento (terça, 8/11)

Três testemunhas foram ouvidas; foram mais de 11 horas de depoimentos novamente. O 2º dia começou com uma 1 hora e 37 minutos de atraso porque André Luiz, um dos réus, não foi listado para a transferência até o fórum pela Secretaria de Administração Penitenciária.

O inspetor Tiago Vaz de Souza foi convocado como testemunha do assistente de acusação. Ele citou privilégios que existiriam dentro da casa entre os filhos e citou tentativas anteriores para tentar matar Anderson, que incluem envenenamento e até a tentativa de contratação de um pistoleiro. O policial também especificou que, segundo a investigação, Flávio dos Santos Rodrigues, filho de Flordelis, pagou R$ 8,5 mil pela arma utilizada para matar Anderson.

Alexsander Felipe Matos Mendes, filho afetivo de Flordelis, que também era chamado de Luan no núcleo familiar da ex-deputada, pediu para ser ouvido por videoconferência. "Eu não sei qual seria minha reação", disse. Ele reforçou que havia facções diversas dentro da casa de Flordelis: "Quando você era contra Flordelis e quem estava com ela, você era o próprio demônio. Era time A e time B, time do bem e time do mal", disse ele. Contou ainda que, após o enterro do pastor, Flordelis teria dito: "Estou livre".

A segunda testemunha da acusação foi Wagner Andrade Pimenta, filho afetivo da ex-deputada. Ouvido por videoconferência, ele falou sobre alguns rituais que presenciou na casa, inclusive da renomeação dos seus membros: "Wagner morreu e você agora é o Misael". Wagner relatou ainda que Anderson era menor de idade quando começou a namorar Flordelis.

Pouco depois do início do depoimento de Wagner, Flordelis precisou de atendimento médico. Ela teve um mal-estar e vomitou, mas depois de 15 minutos conseguiu voltar ao plenário.

Réus: Marzy Teixeira, ao fundo, Rayane dos Santos, Simone dos Santos (de óculos). À frente, Flordelis e o filho André Luiz

Brunno Dantas/TJRJ

3º dia de julgamento (quarta, 9/11)

A primeira a depor foi Luana Pimenta, nora da ex-deputada e mulher de Wagner Pimenta, o Misael. Ela citou um plano confidenciado a ela por Marzy: 'Matar o Anderson vai resolver o problema de todo mundo. Ele é muito rigoroso, ninguém é feliz naquela casa". Luana ainda contou que se dedicou muito a Flordelis, e que a pastora foi uma “decepção” para ela.

Daniel dos Santos de Souza, filho adotivo de Flordelis e Anderson do Carmo, depôs por videoconferência. Ele confirmou que sabia de um plano para matar o pastor, e que o próprio Anderson sabia da existência do complô. Relembrou ainda a noite da morte do pastor: "Eu me lembro de ouvir seis disparos. Teve intervalo sim, entre os tiros. A minha mãe, Flordelis, gritava, que tinham matado o marido dela".

Terceira a depor, Daiane Freires, filha afetiva de Flordelis , contou que soube que uma irmã, Kelly, era abusada por Anderson do Carmo. Kelly teria contato para a mãe e ouvido: "Se a mulher está ciente que o marido procura outra, não é pecado".

Em seguida foi a vez de Raquel Silva, neta de Flordelis e filha de Carlos Ubiraci, outro réu do caso e que já foi julgado, falar. Ela disse que chegou a receber uma espécie de treinamento com uma psicóloga para uma simulação de um interrogatório. Raquel relatou ainda que o lema dos "familiares preferidos" era "negue até a morte". Contou que os filhos favoritos ganharam um Iphone após a morte do pastor, e que Flordelis costumava usar um taco de beisebol para bater.

À noite, Simone dos Santos, filha biológica de Flordelis e também ré no processo, passou mal e precisou ser retirada do plenário. Ela foi levada a uma sala anexa para receber atendimento médico. O julgamento não precisou ser interrompido. Simone faz tratamento contra um câncer, em estado de metástase.

4º dia de julgamento (quinta, 10/11)

O produtor artístico Allan Soares, namorado de Flordelis, acompanha todos os dias de julgamento.

Roberta dos Santos, filha afetiva de Flordelis e primeira testemunha ouvida no 4º dia, afirmou que tudo o que acontecia na casa tinha a permissão da pastora. Questionada se a ex-deputada mandou matar Anderson, respondeu: "Com certeza."

Rebeca Vitória Rangel Silva, sobrinha de Anderson e neta adotiva da ex-parlamentar, disse que depoimentos foram simulados para inocentar Flordelis como mandante da morte. "Diziam: 'Tem que falar a favor da Flordelis'."

Erica dos Santos de Souza, filha adotiva de Flordelis, contou que Rayane perguntou se ela tinha "o contato de algum bandido", mas não explicou o motivo.

Thayane Dias foi a primeira testemunha de defesa ouvida no julgamento. Ela negou que Flordelis sequestrasse crianças para criar com sua família: "Nos 28 anos vivendo com ela, eu nunca a vi roubar nenhuma criança."

Diogo Bagano Diniz Gomes, médico oncologista que atendeu a ré Simone Santos no Albert Einstein, em SP. Ele falou sobre o tratamento dela e como ficou seu quadro de saúde até ser presa.

O desembargador Siro Darlan foi outra testemunha de defesa convocada pelos advogados de Flordelis. Darlan contou como ajudou a fiscalizar as crianças em poder de Flordelis quando era juiz da Vara de infância e juventude no Rio de Janeiro. Ela abrigava ao menos 25 crianças e morava em um barraco no Jacarezinho, mas, após ajuda, conseguiu se mudar para o Rio Comprido e regularizar a situação perante à Justiça.

Também ouvido, o perito Sami El Jundi — o mesmo contratado pela defesa de Dr. Jairinho para o caso Henry Borel — foi chamado para analisar o laudo de necropsia de Anderson. O corpo tinha 30 ferimentos, um deles na cabeça: “Esse tiro matou instantaneamente” e foi a curta distância, cerca de 50cm ou 60cm. Falou ainda que Anderson recebeu vários tiros na região genital. "Tinha um objetivo de destruir o que estava ali, indicando natureza sexual, sim. Raiva e destruir o que estava ali", confirmou o perito ao ser questionado.

Fonte: G1

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