Uma semana após o ocorrido, estudante ainda apresenta sintomas de estresse pós-traumático. Fachada da Escola Santo Tomás de Aquino
Reprodução/Rede Globo
“Ele chora e treme, dizendo que está no chão molhado. A impressão é a de que ele está preso nos acontecimentos. Estou dormindo com ele na cama e presencio os pesadelos”.
Nesta segunda-feira (7), uma semana depois da agressão ao adolescente com Transtorno do Espectro Autista (TEA), de 13 anos, a mãe da vítima contou como estão os dias de recuperação, em casa. A briga aconteceu no dia 1º de novembro, na Escola Santo Tomás de Aquino, que fica no bairro São Bento, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte.
O menino ainda convive com as consequências das agressões. O problema não é só físico, como o hematoma encontrado pela mãe dele assim que o viu na enfermaria da escola. Mas ela precisa amparar o filho com crises de ansiedade, consultas na terapia e psiquiatra. O quadro, segundo ela, é de estresse pós-traumático. Ele vive se lembrando do ocorrido.
A mãe conta que as agressões atingiram toda a família. Os avós ficaram tristes, os irmãos ficaram ansiosos e têm dificuldades para encarar a escola. Ela sabe que está ausente, em relação aos outros quatro filhos. É que a vítima exige muito mais da atenção dela.
“Estou me mantendo forte por amor aos meus filhos”, contou.
Paralelamente a toda essa situação, o adolescente que agrediu o colega e os pais dele não procuraram a família para se desculparem pelo ocorrido. Também não se interessaram em saber como está a vítima desde então.
“Infelizmente, passada uma semana dos eventos, ninguém da família do aluno envolvido se manifestou. A mãe não entrou em contato comigo, nem mesmo para saber como ele está, como eu estou. Ninguém se desculpou, nem mesmo a criança. Antes, esperávamos que eles tentassem algum contato, até mesmo por uma questão de empatia, mas isso não aconteceu”, disse a mãe do adolescente agredido.
Não há prazo para que o menino volte à escola. No último domingo (6), ele passou por duas crises de ansiedade. Em uma delas, foi necessária a presença da psicanalista na casa dele.
“Estamos aguardando o tempo dele. É um prejuízo emocional, social e intelectual para ele”, afirmou a mãe.
A mãe do adolescente disse estar “totalmente à disposição” da escola para se envolver em uma atividade extracurricular com a temática de inclusão para todos os alunos.
“Acho que uma atividade nesse sentido é de suma importância para a formação dos alunos”, disse.
O g1 procurou a Escola Santo Tomás de Aquino e aguarda um retorno da instituição.
Redes Sociais
Apresentador publicou vídeo em apoio à família do adolescente agredido
Reprodução/Redes Sociais
Apresentador do Caldeirão, na TV Globo, Marcos Mion repercutiu o caso no perfil oficial dele nas redes sociais.
Mion é pai de Romeo, que também tem Transtorno do Espectro Autista. Na publicação, o apresentador reproduziu a página do g1 e cobrou medidas efetivas contra o bullying e a impunidade do caso.
“Em nome de todas as crianças autistas, eu peço, por favor, que tirem um momento para conversar em casa sobre as diferenças, diversidade, respeito ao próximo”, afirmou em vídeo.
A publicação contou com o apoio de outros artistas brasileiros.
O apresentador Ratinho, do SBT, parabenizou o engajamento.
“Parabéns, Mion, pela sua luta em favor desta causa”, escreveu.
Patrícia Abravanel, também do SBT, destacou o apoio que o apresentador deu à mãe do estudante.
“Muito triste. Obrigada por lutar por essa causa e dar voz a essa mãe”, apontou.
O ator Raul Gazolla, no ar em Travessia, da TV Globo, criticou a postura da escola.
“É inacreditável que a escola, mesmo depois de ser alertada, nada fez para proteger essa criança. A escola tem de ser multada. Só assim eles entenderão a gravidade desta situação. Espero que essa criança se recupere deste trauma. Mas sabemos que não será fácil”, escreveu.
O alerta de Marcos Mion também recebeu apoio de Lúcio Mauro Filho, Evandro Mesquita, Ticiane Pinheiro e Lulu Santos, entre outros famosos.
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