O pianista Alexander Melnikov e o regente Kirill Karabits se encontraram num espetáculo no palco da Sala São Paulo nesta quinta-feira (2). Mais 83 músicos também participaram do concerto. Encontro entre pianista russo e regente ucraniano é destaque no principal palco da música clássica de SP
Pelo menos 83 músicos da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo brindaram o público com a já habitual elegância de suas apresentações. Mas o destaque desta quinta-feira (2) foi o encontro entre o pianista russo Alexander Melnikov, e o regente ucraniano Kirill Karabits.
Karabits, o maestro, foi chamado de última hora para substituir um colega venezuelano.
“Quando o maestro Domingos disse que não podia vir por um problema de saúde, a gente teve que procurar um substituto. Entre as opções viáveis, tinha o maestro Kirill Karabits, conhecido como um maestro russo, mas eu pensei: "não, ele é ucraniano". E o nosso solista, que já estava na temporada, era russo, e eu pensei: "nós vamos ter uma ocasião maravilhosa, um maestro ucraniano e um solista russo". Na situação que a gente está é um encontro maravilhoso”, disse Arthur Nestrovki, diretor artístico da Osesp.
Em tempos tristes de guerra, o público de São Paulo viu lado a lado representantes de países antagônicos no cenário geopolítico. O que veio do palco nada teve a ver com esse momento de violência. Pelo contrário, só reforçou ainda mais o poder da música em juntar as pessoas.
“Se os líderes conseguissem sentir a emoção que os dois conseguiram emitir nesse concerto de hoje, essa guerra não estaria acontecendo”, afirma o estudante Matheus Vieira.
Encontro entre pianista russo e regente ucraniano é destaque no principal palco da música clássica de SP
Reprodução
Em entrevista após o concerto, os artistas falaram sobre a guerra no Leste Europeu.
Karabits diz que se sente devastado já que o país dele vive o momento mais difícil de sua história. E complementa: “A minha única esperança é que a guerra acabe o mais rápido possível”.
Melnikov é mais conciso. Quando perguntado se ele tem uma mensagem, o russo afirmou.
“Mensagem? Qual mensagem? Eu me sinto envergonhado. Desculpa”, conta.
