O ministro das Relações Exteriores, Carlos França, classificou, nesta quarta-feira (6), como inadmissĂvel a agressão da RĂșssia à Ucrânia. Cobrado sobre uma posição clara do Brasil em relação ao conflito em audiĂȘncia pĂșblica na Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado, França rechaçou crĂticas de que o Brasil tenha uma posição dĂșbia sobre o tema.
"No caso desse conflito, nós temos um lado claro, que é a paz mundial. A agressão é inadmissĂvel. No momento em que hĂĄ um conflito armado e a invasão de território, nós entendemos que a RĂșssia cruzou uma linha vermelha. Quanto a isso não hĂĄ dĂșvida em relação à posição do Brasil. O lado do Brasil estĂĄ muito claro. É a defesa do interesse nacional e a busca pela paz. E essa posição é respeitada aĂ fora", afirmou.
Ainda segundo o chanceler, o governo brasileiro defende o "imediato cessar fogo" e "a proteção de civis e a garantia de acesso à assistĂȘncia humanitĂĄria" às vĂtimas da guerra.
Sobre a decisão do governo brasileiro de se abster em uma resolução contra a RĂșssia, analisada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a CiĂȘncia e a Cultura (Unesco) no mĂȘs passado, Carlos França disse que a posição foi tomada pelo fato do governo brasileiro acreditar que o Ășnico foro adequado para essas discussões é o Conselho de Segurança da ONU.
"É perigoso para o sistema multilateral que organizações passem a tratar e a legislar sobre matérias que são estranhas à sua competĂȘncia. Senão amanhã, talvez, a Organização Internacional do Trabalho [OIT] e a Organização Mundial de Propriedade Intelectual podem querer fazer uma resolução condenando o Brasil em questões de meio ambiente", defendeu, lembrando que o documento foi aprovado por 33 votos e com um alto nĂșmero abstenções, 24.
A resolução, proposta pelos paĂses ocidentais, denuncia que "vĂĄrios edifĂcios educacionais jĂĄ foram destruĂdos ou danificados [na Ucrânia], como o edifĂcio da Universidade Nacional Karazin, em Kharkiv".
O ministro Carlos França voltou a criticar sanções econômicas que paĂses do Ocidente impuseram à RĂșssia como forma de pressionar por um cessar-fogo.
"Eu entendo o uso de sanções pela Europa e pelos Estados Unidos. Era a arma que eles tinham naquele momento para se contrapor ao conflito. No entanto, não posso deixar de estranhar o fato da seletividade das sanções", disse. França discordou de comentĂĄrios vindos de embaixadores europeus de que se Brasil aderir logo às sanções, como os outros paĂses, o mundo teria o fim mais rĂĄpido do conflito.
"A própria Alemanha sofre com a possibilidade de deixar de contar com energia do combustĂvel russo para sua indĂșstria, para aquecimento de sua população, para geração de energia. Se até esses paĂses tĂȘm dificuldade, que dirĂĄ o Brasil que depende dos fertilizantes para manter girando o motor muito pujante que é o do agronegócio", disse.
Ainda segundo o ministro, as sanções tendem a atender os interesses de um grupo pequeno de paĂses, prejudicando a larga maioria, que depende de insumos bĂĄsicos. Do ponto de vista econômico, França admitiu que a principal preocupação do governo brasileiro estĂĄ ligada ao fornecimento de fertilizantes. "São indispensĂĄveis para agricultura e para segurança alimentar do mundo", ressaltou.
Fonte: AgĂȘncia Brasil