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Tenente acusada de matar jovem durante treinamento dos bombeiros é denunciada por tortura contra outro aluno em MT

Por Redação em 26/01/2022 às 11:51:27
MP cita que Maurício Júnior dos Santos foi submetido pela tenente a intenso sofrimento físico e mental, como forma de castigo pessoal, e que sessões de tortura só pararam após o aluno perder a consciência. Izadora Ledur era instrutora de curso dos bombeiros em Cuiabá

Câmara Municipal de Barra do Garças/Reprodução

A tenente do Corpo de Bombeiros Izadora Ledur de Souza Dechamps, acusada pela morte do aluno dos bombeiros Rodrigo Claro, em novembro de 2016, em Cuiabá, foi denunciada pelo Ministério Público Estadual por tortura contra outro aluno que participou do mesmo treinamento que Rodrigo naquele ano.

A defesa da tenente disse que não vai se manifestar sobre a nova acusação.

O documento o qual g1 teve acesso é assinado pelo promotor de Justiça Paulo Henrique Amaral Motta e foi encaminhado à Justiça no dia 21 deste mês.

Na denúncia, o MP cita que o aluno Maurício Júnior dos Santos estava sob a autoridade de Ledur e foi submetido a intenso sofrimento físico e mental, como forma de castigo pessoal.

Em julho de 2015, Maurício foi convocada para o 15º Curso de Formação de Soldado do Corpo de Bombeiros. No início de 2016, deu-se início às aulas da disciplina de salvamento aquático, a qual tinha como instrutora responsável a tenente Ledur.

De acordo com a denúncia apresentada pelo MP, após alguns exercícios preliminares, os alunos formaram uma fila e entraram na lagoa sem corda de apoio ou colete salva-vidas. Em seguida, após percorrer cerca de 40 metros, a vítima começou a sentir câimbras, sendo auxiliada por outros alunos. No entanto, Ledur teria determinado que os demais alunos seguissem com a travessia, deixando Maurício para trás.

“A denunciada passou a torturar a vítima fisicamente e psicologicamente, quando, além de proferir palavras ofensivas, iniciou uma sessão de afogamentos, submergindo-a por diversas vezes. Já sem forças para emergir e respirar, depois de ter engolido muita água e gritado por socorro, a vítima veio a segurar os braços da tenente, implorando para que ela cessasse a atividade”, diz.

As sequências de tortura, segundo o MP, só foram interrompidas após o aluno perder a consciência.

À época, o aluno foi encaminhado a uma unidade de saúde após acordar às margens da lagoa e sentir fortes dores de cabeça.

Conforme o prontuário de atendimento médico, Maurício “foi submetido a esforço físico desgastante, sofreu desmaio, vômitos, 3 episódios, tremor e dor torácica”.

No documento, o promotor cita, além da vítima, cinco testemunhas do caso que podem ser ouvidas durante o processo na Justiça.

Rodrigo Claro morreu em 2016

TVCA/Reprodução

Maus-tratos contra aluno

Em setembro de 2021, Ledur foi condenada a cumprir um ano de prisão, em regime aberto, pelo crime de maus-tratos contra o aluno Rodrigo Claro.

À época, o juiz Marcos Faleiros, da 11ª Vara Criminal Especializada da Justiça Militar, desqualificou o crime de tortura para maus-tratos. Ele foi seguido pela maioria do Conselho Militar, exceto pelo tenente-coronel Abel, do Corpo de Bombeiros, que entendeu que a tenente Ledur praticou o crime de tortura.

Pesou na decisão do magistrado Faleiros o laudo do Instituto Médico Legal (IML), que apontou um Acidente Vascular Cerebral (AVC) sem causa definida como a causa da morte de Rodrigo.

Ledur também não perdeu o cargo ou a farda. A Justiça ainda pode avaliar se ela deverá seguir medidas cautelares.

Izadora Ledur

TV Centro América

Desde a morte de Rodrigo, a Justiça investiga se houve abusos por parte dos instrutores do curso de formação.

O estudante do curso de formação de soldados do Corpo de Bombeiros foi internado após passar mal em uma aula na Lagoa Trevisan, em Cuiabá.

Rodrigo Claro morreu em novembro de 2016

Antônio Claro/Arquivo pessoal

Rodrigo ficou em coma na Unidade de Tratamento Intensiva (UTI) de um hospital particular da capital e morreu cinco dias depois. O jovem fazia aula de instrução de salvamento quando passou mal.

Segundo denúncia do Ministério Público Estadual (MPE) a tenente Ledur, que era a instrutora do curso, usou de meios abusivos de natureza física e de natureza mental.

Depoimentos de outros alunos, da família e testemunhas apontaram que Rodrigo disse que tinha medo da tenente e que dias da morte, durante outro treinamento, Ledur o empurrou na piscina.

Rodrigo Claro e a mãe, Patrícia Claro

Arquivo pessoal

Os amigos relataram que Rodrigo não era tão bom na água, que tinha suas limitações, que durante a prova pediu pra parar, para desistir, mas que Ledur ficava dando 'um caldo' no aluno.

Versão da tenente sobre a morte do aluno

Já a tenente disse, em depoimento à Justiça, que a vítima tinha “descontrole emocional na água e não estava preparado para ser bombeiro". O curso teria sido o segundo aplicado por ela. Ledur garante que não aconteceu nada diferente nesse curso em relação ao anterior. “A diferença é a resposta do aluno”, diz.

Rodrigo Claro

Facebook/Reprodução

Atualmente, ela desempenha funções administrativas. Desde a morte de Rodrigo, em novembro de 2016, Ledur apresentou vários atestados médicos.

A morte de Rodrigo

Em mensagem enviada para a mãe, Rodrigo disse que estava com medo

Reprodução/TVCA

Rodrigo morreu no dia 15 de novembro de 2016, cinco dias após passar mal em uma aula prática na Lagoa Trevisan, em Cuiabá, na qual a tenente Izadora Ledur atuava como instrutora.

De acordo com a denúncia do Ministério Público Estadual (MPE), Rodrigo demonstrou dificuldades para desenvolver atividades como flutuação, nado livre e outros exercícios.

Ainda segundo o órgão, depoimentos durante a investigação apontam que ele foi submetido a intenso sofrimento físico e mental com uso de violência. A atitude, segundo o MPE, teria sido a forma utilizada pela tenente para punir o aluno pelo mal desempenho.

Rodrigo passou mal na aula prática na Lagoa Trevisan, em Cuiabá

Reprodução/TVCA

Durante a realização das aulas, Rodrigo queixou-se de dor de cabeça. Após a travessia a nado na lagoa, ele informou ao instrutor que não conseguiria terminar a aula.

Em seguida, segundo os bombeiros, ele foi liberado, retornou ao batalhão e se apresentou à coordenação do curso para relatar o problema de saúde. O jovem foi encaminhado a uma unidade de saúde e sofreu convulsões, vindo a morrer alguns dias depois.

Fonte: G1/MT

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