Calendario IPVA 2024

Filha aponta erro da polícia após mãe ser queimada e morta pelo ex em SP

Por Redação em 12/05/2020 às 05:26:29

Crime ocorreu em Praia Grande, no litoral paulista. Caso foi registrado como tentativa de homicídio e filha luta para que polícia reconheça morte da mãe como feminicídio. Rosicleide morreu dias após ser esfaqueada pelo ex-companheiro e ser internada em Praia Grande, SP

Arquivo Pessoal

A filha da dona de casa Rosicleide de Oliveira dos Santos, de 47 anos, está revoltada e aponta um erro da polícia na condução e registro do crime contra sua mãe, em Praia Grande, no litoral paulista. A vítima morreu poucos dias depois de ser esfaqueada pelo ex-companheiro, um vigilante de 55 anos. Além de feri-la, ele ateou fogo ao colchão em que a ex-mulher estava, já machucada. Ela teve uma parte do corpo queimada.

"Minha mãe tentou se defender com uma tesoura, mas ela levou quatro golpes de faca, e um deles perfurou o intestino. Ela ficou internada na UTI em estado grave e faleceu no dia 1º de maio. A polícia considerou como briga de casal e afirmou que não sabe quem foi a vítima da história, por ambos estarem feridos. Isso é um absurdo, minha mãe foi, na verdade, mais uma vítima de feminicídio", afirma a estudante Rafaela Regina de Oliveira, de 22 anos.

O caso ocorreu na madrugada do dia 29 de abril, em uma residência na Rua 23 de Maio. De acordo com a jovem, no dia 28 de abril, por volta das 23h, ela conversou com a mãe por telefone. Conforme relata, ambas permaneceram trocando mensagens até 1h30 do dia 29. Rafaela mora em Aracaju e a mãe vivia em Praia Grande, então, tinham o costume de conversar diariamente pelo celular.

A filha afirma que a vítima disse a ela, naquela noite, que o ex-companheiro, que apenas morava na mesma casa que ela, mas não mantinham nenhum relacionamento, estava a provocando naquele dia. "Na verdade, ele é alcoólatra e estava alcoolizado. Meu irmão morava com eles dois e, na terça-feira do ocorrido, foi justamente o dia que meu irmão mudou de casa e dormiu na nova residência. Então, provavelmente o ex da minha mãe já estava premeditando fazer isso. Nesse dia, minha mãe falou que ele estava procurando motivos para brigar", conta Rafaela.

Segundo a estudante, o vigilante tinha um jeito agressivo, mas nunca tinha agredido a mãe fisicamente até então. Após pararem de trocar mensagens, mãe e filha foram dormir. No dia seguinte, a jovem enviou mensagem para Rosicleide e achou estranho que, ao longo do dia, não obteve resposta.

Filha pede que caso seja reconhecido como feminicídio pela polícia

Arquivo pessoal

"Quando deu 18h do dia 29, meu irmão foi para a casa da nossa mãe e deu de cara com uma cena de terror. O local estava todo ensaguentado. O vizinho contou que, por volta das 2h, 20 minutos depois de eu falar com ela, ouviu gritos de socorro e chamou a polícia. Minha mãe gritava por ajuda. Quando a PM chegou, o policial avistou ele nu em cima dela e desferindo golpes de faca", afirma a filha.

Conforme registrado no boletim de ocorrência, a Polícia Militar informou que, chegando ao imóvel, encontrou a porta fechada, e pela janela entreaberta viu o vigilante nu e ensaguentado. De acordo com a PM, ao ver a presença da polícia, ele afirmou que iria se vestir para abrir a porta.

Porém, em seguida, os policiais ouviram a vítima gritando por socorro e pularam a janela. Ao entrar no quarto, um dos PMs viu o investigado em um colchão no chão, com uma faca em punho tentando atingi-la. Assim que ele viu o policial, jogou a arma branca no chão.

Enquanto a equipe da PM aguardava a chegada do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), o vigilante ateou fogo ao colchão em que a vítima estava deitada. "A polícia nos informou que o PM apagou correndo e tirou ela do colchão. Então, ela só teve uma pequena parte do corpo queimada, porque eles foram rápidos", diz a jovem.

"É uma dor muito forte perder nossa mãe de uma forma tão covarde. Quando a gente perde para uma doença, ainda nos preparamos, mas quando é uma vida perdida dessa forma, é muito difícil de aceitar".

Após a mãe ser internada e vir a óbito, Rafaela conta que o ex-companheiro de Rosicleide, que também estava sob observação no hospital, teve alta e saiu sob custódia da polícia. "Ele só deu depoimento e foi liberado. Pegaram ele em cima dela a esfaqueando, mas como ele também estava machucado, a polícia diz que não teve a certeza que ele era o autor. Foi uma série de erros da polícia no registro dessa ocorrência e na condução do caso. Minha mãe só tentou se defender. Estamos revoltados".

O Dia das Mães deste ano foi triste para os filhos de Rosicleide. "Eu não consigo dormir pensando que uma pessoa que tirou a vida da minha mãe de uma forma tão brutal está solta. Infelizmente, a vida de uma mulher não vale nada nesse país. Cada dia que passa, em vez de nos sentirmos seguras, nos sentimos mais frágeis. A mulher hoje em dia é tratada como um objeto descartável", lamenta a filha.

Questionada sobre a prisão do vigilante, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) afirmou que as investigações prosseguem, mas ainda não há novidades.

Caso foi registrado na Delegacia Sede de Praia Grande

João Paulo de Castro/G1

Fonte: G1

Comunicar erro
Radio Jornal de Caceres
InfoJud 728x90
Combate a dengue 2023
Garotas de programa Goiania