Ex-juiz e ex-ministro da Justiça se filiou nesta quarta-feira (10), sem anunciar se deve disputar eleições em 2022; anteriormente, em entrevistas e eventos, Moro negava pretensão política. Ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro se filia ao Podemos
O ex-juiz federal e ex-ministro da Justiça Sergio Moro afirmou em entrevistas e eventos, registrados em datas anteriores à filiação dele ao Podemos, que não possuía pretensão política e não pretendia se candidatar.
Moro se filiou, na manhã desta quarta-feira (10), em em evento realizado em Brasília. No entanto, o ex-juiz não anunciou se vai disputar as eleições de 2022.
Em ato em Brasília, ex-juiz Sergio Moro se filia ao Podemos
Ainda enquanto juiz federal, ao ser questionado, Moro sempre negou a possibilidade de deixar o cargo na 13ª Vara Federal do Paraná para se tornar político.
Sergio Moro se filiou ao Podemos
REUTERS/Adriano Machado
Depois, ao assumir o Ministério da Justiça do governo de Jair Bolsonaro, o então ministro continuou a negar a possibilidade de iniciar carreira como político.
Veja frases ditas por Moro sobre política:
Ao deixar a Operação Lava Jato para comandar o Ministério da Justiça, em 2018, Moro disse que não se via "ainda como um político verdadeiro".
A afirmação foi dada durante uma palestra, em Curitiba. Na ocasião, Moro ressaltou que havia feito uma promessa em anos anteriores, de que jamais entraria para a política.
"Não pretendo jamais disputar qualquer espécie de cargo eletivo. Mas Ministério da Justiça e da Segurança Pública, para mim, eu estou em uma posição técnica, para fazer o meu trabalho", ressaltou.
Sergio Moro afirma que não se considera político ao aceitar ser ministro da Justiça
Disse ainda que, como ministro, iria trabalhar com aquilo que conhece, que é a Justiça.
"Eu, aqui, faço uma respeitosa divergência, não me vejo ingressando na política, ainda como um político verdadeiro. Para mim, é um ingresso num cargo que é predominantemente técnico", afirmou.
Ao jornal O Estado de São Paulo, em novembro de 2016, o então juiz havia dito que "jamais" seria candidato a um cargo eletivo:
"Não, jamais. Jamais. Sou um homem de Justiça e, sem qualquer demérito, não sou um homem da política. Acho que a política é uma atividade importante, não tem nenhum demérito, muito pelo contrário, existe muito mérito em quem atua na política, mas eu sou um juiz, eu estou em outra realidade, outro tipo de trabalho, outro perfil. Então, não existe jamais esse risco", afirmou.
À GloboNews, em 2017, ainda como juiz federal, ele disse: "Minha opção de vocação é outra. Sou um juiz e pretendo permanecer como juiz".
No mês de dezembro do mesmo ano, ao jornal O Globo, o então magistrado destacou que tinha como opção não deixar o cargo para se tornar candidato.
"É complicado, de antemão, fazer qualquer juízo de um magistrado que queira partir para a vida política. Tem todo o direito de fazê-lo. Mas minha escolha pessoal é permanecer como magistrado", afirmou.
Em 2020, durante participação no programa Roda Viva, da TV Cultura, Moro foi perguntado sobre possíveis planos de se candidatar e respondeu: "O que eu posso dizer é o seguinte: eu não tenho esse tipo de pretensão".
Em uma entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, em junho de 2020, após deixar o Ministério da Justiça, destacou que não pretendia tentar a candidatura à Presidência da República.
"Não existe nada disso. Eu tinha um plano quando estava no ministério, saí faz um mês. Nunca tive essas ambições pessoais nesse nível, sou uma pessoa muito mais simples", disse.
Ex juiz Sergio Moro nesta quarta-feira, 10 de novembro durante cerimônia de filiação no Podemos
AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO
Trajetória de Moro
Sergio Moro ganhou notoriedade nacional como juiz da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba durante a Operação Lava Jato, que investigou esquema de corrupção e desvio de recursos públicos envolvendo a Petrobras e políticos, e que levou à condenação mais de uma centena de pessoas.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha foram presos no âmbito da operação.
Durante o governo de Bolsonaro, Moro abandonou a magistratura e assumiu a função de ministro da Justiça. Com a decisão de se afastar do Judiciário, Moro deixou de julgar Lula, que ainda respondia a processos da Lava Jato.
Ele deixou o cargo em abril do ano passado, após acusar Bolsonaro de tentar interferir politicamente na Polícia Federal para blindar seus familiares e aliados de investigações.
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As declarações de Moro renderam ao presidente a instauração de um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar as denúncias. Bolsonaro prestou depoimento na última quarta-feira (3) e negou as acusações.
Bolsonaro e Lula, prováveis candidatos em 2022, acusam Moro de agir politicamente ao longo da carreira e com objetivos eleitorais.
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