Calendario IPVA 2024

Em depoimento de diretor, senadores apontam omissão da ANS na fiscalização da Prevent Senior

Por Redação em 06/10/2021 às 17:20:52

No depoimento do diretor-presidente da AgĂȘncia Nacional de SaĂșde Suplementar (ANS), Paulo Roberto Rebello, os senadores da CPI da Covid-19 apontaram omissão da autarquia, ligada ao Ministério da SaĂșde, na fiscalização da Prevent Senior. O servidor anunciou, nesta quarta-feira, 6, que o órgão irĂĄ intervir na operadora de saĂșde através de uma Direção Técnica, e se defendeu das crĂ­ticas dizendo que soube das denĂșncias por meio da comissão. Os parlamentares suspeitam que a ANS atuou para blindar a empresa que entrou na mira do colegiado em razão de um dossiĂȘ que acusa a seguradora de utilizar "cobaias humanas" para o teste de medicamentos comprovadamente ineficazes, fraudar atestados de óbitos para omitir o coronavĂ­rus como causa da morte de pacientes e obrigar profissionais de saĂșde a trabalharem infectados.

Em sua exposição inicial, Paulo Rebello disse que a ANS "não tem autoridade para suspender pesquisas e tratamentos". Ele também acrescentou que a agĂȘncia foi surpreendida pelas denĂșncias feitas pelos 12 médicos e ex-médicos que elaboraram um dossiĂȘ contra a Prevent Senior e que soube das eventuais irregularidades por meio da CPI. "A ANS vem focando sua ação no combate à pandemia e foi surpreendida pelas denĂșncias contra a Prevent Senior", seguiu. Posteriormente, ele afirmou que "não cabe à ANS a intervenção em relação à prescrição de medicamentos [do kit covid]. Isto é da autonomia médica, cabe ao CFM [Conselho Federal de Medicina] e ao CRM [Conselho Regional de Medicina] fiscalizarem. Não temos competĂȘncia para tanto. Cabe ação da agĂȘncia quando houver qualquer tipo de pressão para que se receite este ou aquele medicamento". Na avaliação dos senadores, este é um dos elementos que comprovam que houve omissão da autarquia, uma vez que os 12 médicos e ex-médicos da Prevent Senior alegam, justamente, que não possuĂ­am autonomia para trabalhar. "Uma das atribuições da ANS é fiscalizar a denĂșncia. A agĂȘncia não mandou nenhum funcionĂĄrio ao hospital. Houve omissão, sim, nessa questão", disse o senador Otto Alencar (PSD-BA).

A versão de que a ANS só soube das denĂșncias quando o caso veio à tona na comissão, no final do mĂȘs de agosto deste ano, foi amplamente contestada pelos senadores. Vice-presidente da CPI, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) exibiu mensagens trocadas entre uma denunciante e um representante da ANS. No diĂĄlogo, datado do mĂȘs de junho de 2021, uma profissional da saĂșde compartilha prints de grupos da Prevent Senior nos quais diretores da empresa insistem na prescrição de fĂĄrmacos do chamado "kit-Covid" (veja abaixo). "Infelizmente, havia, sim, uma imposição por parte da operadora para que os profissionais prescrevessem determinados medicamentos aos pacientes, restringindo a autonomia médica", diz o relato. Em outra mensagem, um funcionĂĄrio da operadora de saĂșde diz: "Espirrou, toma [cloroquina]". Ao senador, Rebello disse que a agĂȘncia só teve acesso à denĂșncia na segunda-feira, 4.

Print de conversa de WhatsApp

CPI exibiu mensagem encaminhada por denunciante à ANS – Reprodução/TV Senado/YouTube

"O senhor deve ter uma assessoria e nunca tomou conhecimento [das denĂșncias]? Sinceramente, não me convence que só depois da CPI é que a ANS tomou conhecimento disso. Os jornais e blogs jĂĄ denunciavam a Prevent Senior desde março, abril. Essa é uma questão que o senhor vai ter que explicar direito. A imprensa jĂĄ divulgava, como o senhor só tomou conhecimento pela CPI? A comissão colocou às claras as evidĂȘncias de mau atendimento, de atitutdes tomadas dentro do hospital", reagiu Alencar. "Essa sua conversa de que a ANS não sabia, vamos colocar de forma diferente. A ANS só resolver fazer alguma coisa para valer depois que [o caso Prevent Senior] saiu na CPI. Fiquei feliz de saber que a agĂȘncia vai colocar uma Direção Técnica na Prevent, mas isso só aconteceu porque colocamos aquele cidadão [Pedro Batista JĂșnior, diretor-executivo da operadora] sentado aqui", seguiu o senador Humberto Costa (PT-PE).

"Largado à própria sorte"

A ausĂȘncia dos senadores aliados ao PalĂĄcio do Planalto na primeira parte da sessão chamou a atenção do presidente da CPI da Covid-19, Omar Aziz (PSD-AM). Durante boa parte da oitiva, apenas membros do G7, o grupo majoritĂĄrio da comissão, formado por oposicionistas e independentes, estavam presentes no plenĂĄrio. "Só para dizer: não tem ninguém da turma da Havan aqui, não. Eles gostam do pessoal da Havan. Se fosse o dono da Havan, estava lotado. Fakhoury foi um pouco menos, mas vocĂȘ estĂĄ só", disse Aziz. O parlamentar do PSD fez referĂȘncia ao depoimento de Luciano Hang, que ocorreu na quarta-feira, 29. Na ocasião, governistas fizeram diversas intervenções e saĂ­ram em defesa do empresĂĄrio. Deputados bolsonaristas, inclusive, acompanharam a sessão in loco e fizeram curtas transmissões ao vivo, como foi o caso da deputada Bia Kicis (PSL-DF). Na sessão desta quarta-feira, 6, o primeiro senador governista a inquirir o depoente foi Luis Carlos Heinze (PP-RS), por volta das 15h.

Cerca de 40 minutos depois, o senador Marcos Rogério (DEM-RO) perguntou ao depoente se ele é primo do ex-senador Lindbergh Farias, do PT. Diante da resposta positiva, o parlamentar do DEM afirmou que a CPI construĂ­a "narrativas". Ele se referiu ao fato de a comissão ter explorado a informação de que Paulo Rebello foi chefe de gabinete de Ricardo Barros (PP-PR) no Ministério da SaĂșde, além de ter sido indicado para a ANS pelo ex-ministro Gilberto Occhi (PP), do grupo polĂ­tico de Barros. O diretor negou que tenha sido apadrinhado pelo petista, Rogério acrescentou que não fez nenhuma imputação ao ex-parlamentar porque não é "irresponsĂĄvel", mas sua fala gerou um bate-boca. Randolfe Rodrigues disse que o governista "só vem proteger bandido aqui". "Pare de fazer palhaçada, estĂĄ hĂĄ cinco meses fazendo palhaçadas. Se isso aqui é um circo, Vossa ExcelĂȘncia é o maior palhaço", acrescentou o vice-presidente do colegiado.

O senador Rogério Carvalho (PT-SE) subiu o tom e rebateu a fala de Marcos Rogério. "Eu poderia fazer o mesmo. O que tem a ver o senhor com seu assessor que foi preso por trĂĄfico de drogas?", questionou o petista. Um auxiliar do senador do DEM foi preso em operação da PolĂ­cia Federal que mirou uma quadrilha de trĂĄfico de drogas – o servidor foi exonerado. Em resposta, o governista disse que "não tenho tolerância nenhuma da minha parte com qualquer prĂĄtica de crime".

Fonte: JP

Comunicar erro
Radio Jornal de Caceres
InfoJud 728x90
Combate a dengue 2023
Garotas de programa Goiania