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TCC vira projeto socioambiental e cadastra catadores para receberem por coleta de recicláveis

Por Redação em 19/09/2021 às 06:26:18
Cerca de 125 catadores já foram contemplados com cadastro e ajuda financeira. Ideia surgiu como tema de Trabalho de Conclusão de Curso e se transformou em um movimento em Peruíbe, no litoral paulista. Projeto socioambiental divulga serviço de catadores para ajudar na regularização e valorização dos trabalhadores

Arquivo Pessoal/Talita Guandalini

Um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) se transformou em um movimento socioambiental para melhorar a qualidade de vida de catadores de resíduos recicláveis em Peruíbe, no litoral paulista. No segundo semestre de 2020, a até então estudante Talita Guandalini, de 35 anos, decidiu criar a Locomotiva do Bem, projeto que dá visibilidade e ajuda na regularização dos serviços prestados por catadores.

Conforme explica Talita, agora gestora ambiental, no último ano, ela decidiu fazer uma pós-graduação em Gestão de Projetos em Organizações do Terceiro Setor na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC SP). No mês de junho, ela tentou criar um Plano de Gestão Integrada de Resíduos para o condomínio residencial onde morava, que conta com 300 moradores, para seu TCC.

Talita iniciou projeto como um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) e decidiu dar continuidade à iniciativa

Arquivo Pessoal/Talita Guandalini

Contudo, ao buscar fornecedores para retirarem o material reciclável do local, a estudante descobriu que Peruíbe não realizava coleta seletiva, apesar de existir uma grande demanda para o serviço. Ao longo do semestre, ela precisou buscar conhecimento técnico sobre resíduos sólidos, e descobriu o Instituto Lixo Zero Brasil (ILZB), que representa o país em um movimento internacional de organizações que desenvolvem princípios de rever e zerar a produção de resíduos no mundo.

Ao estudar os temas abordados pelo instituto, Talita percebeu como o serviço prestado por catadores era eficiente, mas irregular. "Sempre observei muito essas pessoas, que realmente precisam de apoio, e aí, nesse cenário de resíduos sólidos, eu pude perceber que os catadores de recicláveis são a ponta mais frágil", relata.


Em busca de patrocinadores e voluntários, projeto ajuda catadores de resíduos a encontrarem contratantes do serviço — Foto: Arquivo Pessoal/Talita Guandalini
Em busca de patrocinadores e voluntários, projeto ajuda catadores de resíduos a encontrarem contratantes do serviço


Sensibilizada com a situação, Talita decidiu unir suas ideias sobre gestão de resíduos com sua experiência em projetos sociais e criar a Locomotiva do Bem, como uma forma de dar visibilidade à causa dos catadores e estimular o poder público a regularizar a profissão, com direitos e leis referentes aos catadores.

Para isso, são realizados eventos com a ajuda de voluntários, e uma intensa e engajada divulgação nas redes sociais, para conscientizar as pessoas sobre a importância do serviço dos catadores.

A iniciativa ainda cadastra esses trabalhadores para recebem uma ajuda de custo, proveniente dos recursos arrecadados em eventos. Em setembro de 2020, o grupo realizou um evento com tendas de conscientização para informar catadores e moradores da região, e atrair patrocinadores para o movimento.

Ainda no ano passado, foram arrecadados R$ 80 mil, destinados aos 125 catadores que recolhem e repassam os resíduos recicláveis. O desejo da organizadora é estender o projeto a diversos locais do país, para que mais pessoas sejam contempladas com a ajuda.

Cataki


Aplicativo coloca contratantes e catadores em contato para combinar retirada de resíduos recicláveis — Foto: Reprodução/G1
Aplicativo coloca contratantes e catadores em contato para combinar retirada de resíduos recicláveis


Também com o intuito de ajudar financeiramente os catadores, Talita começou a utilizar como ferramenta da Locomotiva o aplicativo 'Cataki', uma plataforma que coloca catadores e clientes em contato.

Pelo app, a pessoa que possui resíduos recicláveis para descartar chama o catador mais próximo da residência para retirar os materiais. A plataforma mostra os catadores registrados, suas áreas de atuação, e os notifica. Ao chegarem à residência, os contratantes contribuem com um pagamento de R$ 5 a R$ 10.

"Eles são prestadores de serviço. Todo dia o lixo está dentro da nossa casa, então, quando a gente chama os catadores, é justo que a gente pague para eles por essa coleta. É isso que me move, a possibilidade de mostrar a todos os caminhos para ajudar", explica Talita.

Repercussão


Aplicativo coloca contratantes e catadores em contato para combinar retirada de resíduos recicláveis — Foto: Reprodução/G1
Locomotiva do Bem promove eventos para arrecadação de recursos e divulgação do serviço de catadores


No último trimestre de 2020, o Ministério Público entrou em contato com a organizadora para saber como poderia apoiar a causa e, juntos, conseguirem desenvolver políticas públicas voltadas a esse tema. Talita acredita que, por meio dessa parceria e da credibilidade que conquistaram, muitas pessoas serão beneficiadas, já que diversas famílias dependem deste serviço como única fonte de renda.

De acordo com a gestora ambiental, o maior desafio do projeto é encontrar parceiros. "Uma andorinha só não faz verão, então, é importante que a gente possa achar grandes parceiros", conta.

No entanto, mesmo com as dificuldades, ela segue divulgando a causa e tentando ajudar os catadores. "Temos uma lacuna muito grande entre a necessidade e o conhecimento das pessoas que dependem da política pública para sobreviver, principalmente aquelas em extrema vulnerabilidade. Elas precisam ser ouvidas, e nós precisamos de comunicação, mídia e publicidade para elas serem ouvidas", finaliza.

Fonte: G1

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