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Quilombolas fazem 'rodízio' de plantações para preservar o solo do Cerrado em MT

Por Redação em 10/09/2021 às 14:45:07
Quando o solo da área plantada começa a enfraquecer, o grupo deixa o espaço recuperar a mata por um período de três a cinco anos e, enquanto isso, planta em outro lugar. Quilombolas ajudam na preservação do Cerrado por meio de práticas agroecológicas em MT

Marcio Camilo

Os quilombolas da comunidade Mutuca, do Quilombo Mata Cavalo, em Nossa Senhora do Livramento, a 42 km de Cuiabá, fazem 'rodízio' de roçados, uma prática milenar que ajuda a preservar o solo do Cerrado em Mato Grosso. Quando o solo da área plantada começa a enfraquecer, o grupo deixa aquele espaço recuperar a mata por um período de três a cinco anos e, enquanto isso, planta em outro lugar.

Nesse sábado (13), comemora-se o Dia Nacional do Cerrado, bioma que ocupa 23,9% do território brasileiro. Estima-se que 200 espécies de mamíferos, 180 répteis, 150 anfíbios, além de mais de 11 mil plantas nativas e 1,2 mil espécies de peixes vivem no bioma.

Considerado o berço das águas, ele ainda abastece oito bacias hidrográficas. No entanto, nos últimos anos, a área tem sido ameaçada pelo desmatamento e pelas mudanças climáticas.

Famílias Quilombolas trabalham juntos no cultivo e preservação do meio ambiente

Marcio Camilo

De acordo com a comunidade quilombola, o processo de rodízio das áreas plantadas é feita sem a necessidade de expansão da agricultura para novos lugares. A prática ajuda a evitar a degradação do solo.

Segundo os organizadores do projeto Muxirum Quilombola, a lógica de plantio do grupo é milenar, com raízes que remetem ao continente africano.

Na comunidade, a agricultura é entendida como uma festa e toda comunidade se une para fazer o plantio e a colheita. A família que termina o roçado vai ajudando a outra e assim sucessivamente. Num mesmo espaço são cultivados diversos alimentos como mandioca, arroz, feijão, batata doce, abóbora, banana e hortaliças. Os alimentos são para o dia-dia, mas também servem de fonte de renda para a população.

Comunidade Quilombola vive da agricultura familiar

Marcio Camilo

'Muxirum'

A prática do Muxirum no Cerrado é feita sem a utilização de agrotóxicos. As sementes são armazenadas em “tuias”, um recipiente feito de palha de babaçu, que ajuda a manter as propriedades do cereal.

Essas sementes, segundo a coordenadora do projeot, Laura Ferreira da Silva, são chamadas de criolas e passam de geração em geração. Algumas dessas sementes são armazenadas por até 2 anos, com cinzas produzidas por fogões a lenha muito usados na comunidade.

Investimento

O governo informou que vai destinar cerca de R$ 1,5 milhão ao projeto por meio do programa 'REM Mato Grosso'. O dinheiro deve ser usado para melhorias na agricultura familiar de cerca de 500 famílias quilombolas, que estão divididas em 17 comunidades localizadas nos municípios de Poconé, Cáceres, Barra do Garças e Nossa Senhora do Livramento.

O objetivo é dar autonomia às comunidades e ajudá-los a expandir os projetos de criação e preservação do meio ambiente.

Fonte: G1/MT

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