G1
Pessoas que testemunharam as agressões prestaram depoimentos à polícia e, depois, versões foram simuladas a partir das 23h30 desta terça (10), no pátio do Carrefour. Defesas sustentam que ações não causaram diretamente o óbito. Reprodução simulada dos fatos simulou ação na noite da morte de João Alberto, em Porto AlegreNathalia King/RBS TVA primeira noite de reprodução simulada dos fatos sobre a morte de João Alberto Silveira Freitas, homem negro espancado e morto na véspera do Dia da Consciência Negra, em novembro do ano passado, simulou as versões apresentadas por oito das nove testemunhas do caso. Somente a viúva, Milena Alves Borges, não compareceu ao local, como confirmou a Secretaria de Segurança Pública (SSP-RS). Eles prestaram depoimentos à Polícia Civil no começo da noite desta terça-feira (10) e, a partir das 23h30, foram reproduzidos no pátio da unidade do Carrefour, em Porto Alegre, onde o crime aconteceu. Um comboio com mais de 15 carros chegou pela Avenida Grécia, que estava bloqueada pela EPTC e policiais da Brigada Militar. O local onde a simulação ocorreu estava bloqueado por uma lona azul. "A reprodução simulada é um dos meios de prova de um fato criminoso. Durante a instrução do inquérito policial, não vi necessidade de fazer esta reprodução, por conta de tantas imagens que foram captadas sobre o fato. No entanto, a defesa quer mais esta prova e, portanto, será feita", observa a delegada Roberta Bertoldo, responsável pelo inquérito.Delegada do caso João Alberto fala sobre reconstituição do crimeA polícia indiciou seis pessoas que, mais tarde, foram denunciadas pelo Ministério Público por participação no homicídio triplamente qualificado, por motivo torpe, asfixia e recurso que impossibilitou a defesa da vítima.Giovane Gaspar da Silva e Magno Braz Borges, os seguranças que agrediram João Alberto, seguem presos. O advogado David Leal, que representa Giovane, foi quem pediu a reconstituição."O que queremos agora é apenas esclarecer a verdade, nada mais do que isso. Sendo esclarecida, a gente está satisfeito. Por isso que, neste momento, alguns detalhes terão que ser analisados. Como, por exemplo, onde estava o joelho de um, a mão de outro. Esses fatos são extremamente relevantes à medida em que eles podem ou não ter causado a asfixia", afirma.Além deles, respondem pelo crime Adriana Alves Dutra, funcionária que tenta impedir gravação e tinha, segundo a polícia, comando sobre os demais funcionários; Paulo Francisco da Silva, funcionário da empresa de segurança Vector que impediu acesso da esposa à vítima; e Kleiton Silva Santos e Rafael Rezende, funcionários do mercado que participam da imobilização de João Alberto.Ministra do STF rejeita novo habeas corpus de ex-segurança presoViúva de João Alberto fecha acordo de indenização com o CarrefourEntenda o que é a reprodução simulada dos fatosDe acordo com o Instituto-Geral de Perícias (IGP), a reprodução simulada dos fatos, conhecida como reconstituição, é uma das mais complexas perícias criminais realizadas pelo IGP. "Ela é realizada pelo perito criminal a pedido da autoridade policial ou judiciária. O objetivo é verificar a viabilidade de os fatos terem ocorrido da forma como foram narrados pelos envolvidos", explica o órgão.Neste caso, as ações no pátio do supermercado serão registradas pelo fotógrafo criminalístico do IGP, e o perito pode fazer perguntas às testemunhas para esclarecer cada ato."Após, o perito analisa as versões relatadas, verificando quais são factíveis, tendo como base elementos técnicos da análise pericial. No laudo, o perito também responde os quesitos técnicos que podem ter sido formulados pelo solicitante, pela defesa e pela acusação", observa o IGP. O prazo para entrega do laudo é indeterminado, pois depende da quantidade e complexidade das versões apresentadas, dos elementos a serem analisados e dos quesitos a serem respondidos.O Grupo Carrefour Brasil informou que não faz parte desta etapa do processo criminal, mas que "está dando todo o apoio necessário para que as autoridades policiais realizem a reconstituição". O estabelecimento foi fechado mais cedo para a utilização do espaço pelos agentes do IGP.Na quinta-feira (12), durante a segunda parte da reprodução simulada dos fatos, os réus participam da simulação. A área será isolada pela Brigada Militar, e não será permitido o acesso da imprensa. Os resultados serão divulgados na sexta-feira (13).Nota do CarrefourO Grupo Carrefour Brasil está dando todo o apoio necessário para que as autoridades policiais realizem a reconstituição. A empresa não faz parte deste processo criminal, que visa investigar individualmente os envolvidos na ação. O Grupo Carrefour Brasil segue comprometido com a luta antirracista que se materializa no maior investimento privado já feito para redução da desigualdade racial no Brasil. São valores que superam R$ 115 milhões e serão majoritariamente investidos em educação e geração de renda para a população negra.Vídeos: Caso João AlbertoI