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Mãe de Tatiane Spitzner fala pela 1ª vez sobre a filha, vítima de feminicídio: 'Deixou muita saudade'

Por Redação em 22/07/2021 às 05:34:48
Segundo Dolores Spitzner, jovem era uma pessoa feliz, apaixonada por animais e que valorizava os amigos e a família. Morte de Tatiane completa três anos nesta quinta (22), Dia Estadual do Combate ao Feminicídio. Mãe de Tatiane falou pela 1ª vez desde a perda da filha

Reprodução/RPC

Uma dor que nunca vai embora, mas que é preenchida pelas boas lembranças e pela saudade de uma pessoa que deixou marcas importantes por onde passou. Para a mãe de Tatiane Spitzner, vítima de feminicídio no Paraná, a maior saudade é a presença da filha "sempre alto astral".

Dolores Spitzner falou pela primeira vez em uma entrevista exclusiva ao G1 e à RPC em Guarapuava, na região central do estado, quase três anos após a morte da jovem.

Aos 29 anos, em 2018, Tatiane Spitzner foi morta e jogada da sacada do prédio onde morava. Luis Felipe Manvailer foi condenado a mais de 30 anos de prisão pelo crime. A defesa de Manvailer recorre da condenação do Tribunal do Júri.

Ela contou sobre as características que fizeram da filha uma pessoa especial e lembrada com carinho e saudade por quem a conheceu. Segundo Dolores, Tatiane era uma mulher feliz, animada, apaixonada pelos animais e uma amiga ouvinte, que sempre tentou ajudar os outros.

"A Tati foi uma pessoa muito importante para a nossa vida, deixou muita saudade. A Tati, ela era especial, acho que todas as pessoas que conviveram com ela sempre tiveram muto respeito", relembrou.

IML conclui que advogada Tatiane Spitzner morreu por asfixia

Reprodução/JN

A morte e toda a investigação do crime ganhou notoriedade nacional após a divulgação de imagens de câmeras de segurança que registraram agressões físicas sofridas por ela.

A data da morte deu origem ao Dia Estadual de Combate ao Feminicídio.

Para a mãe, o caso de Tatiane alertou outras pessoas sobre a violência contra a mulher.

Quem era Tatiane Spitzner

Segundo mãe, Tatiane era uma pessoa alto astral desde pequena

Foto: Arquivo Pessoal

Repetidas vezes, o nome de Tatiane foi lembrado como o de uma pessoa alegre, determinada e repleta de amor em Guarapuava.

Segundo a mãe, a jovem cultivou amizades por toda a vida como uma excelente ouvinte, além valorizar o companheirismo e o amor da família.

"Eu sinto mais falta da presença dela. Dos momentos que nós passamos juntas, de tudo. Me vem muita lembrança dela desde pequena, depois adolescente, ela sempre com as amigas que iam lá em casa", relembrou.

Dolores contou que também participava dos momentos, e que Tatiane era uma filha sempre presente.

"A gente se divertia muito. Era uma coisa leve, nós éramos companheiras para tudo: ai, mãe, vamos provar uma roupa, vamos junto. E assim nós fazíamos [...] Sempre uma filha muito companheira, muito. Todo dia a gente conversava. Todos os dias. Quando ela foi para a Alemanha também, todos os dias. Nós não ficamos um dia sem se falar", disse.

Ela também recordou o lado artístico e comunicativo de Tatiane. A paranaense tinha grande talento para a pintura, que praticava desde muito cedo, ainda criança, e também para o teatro.

Era ela a responsável por organizar os teatros que paravam os encontros de família.

"A Tati gostava muito de artes, ela sempre participou dos teatros do colégio, gostava muito de leitura, e também ela pintava quadros. Uma coisa que ela gostava muito era de plantas também", lembrou.

Tatiane também se destacava pelo lado atleta, mas, principalmente, pelo grande amor pelos animais.

A advogada participou ativamente de ações de combate aos maus-tratos, desde ajuda financeira a resgate e até mesmo com atuação pro bono para defender as instituições. Pro bono, no caso, significa que Tatiane atuava como advogada em ações sem cobrar pelo trabalho.

Em 2012, Tatiane chegou a comprar um cavalo para salvá-lo dos maus-tratos depois de o dono se recusar a entregá-lo.

Morando em um apartamento e sem ter para onde levar o animal, Tatiane movimentou a cidade para encontrar um lar para o cavalo. E encontrou.

Em 2012, Tatiane comprou um cavalo vítima de maus-tratos para salvar o animal

Foto cedida/Arquivo Pessoal

O julgamento

Dolores acompanhou o julgamento que condenou Luis Felipe Manvailer pela morte da filha. O júri popular durou sete dias.

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Para a mãe, foram dias difíceis. Em especial, segundo ela, ao ver a forma que a filha foi exposta como uma pessoa que não era durante o julgamento.

"Olha, foi muito triste. Voltou tudo. A cabeça, voltou tudo. Foram dias horríveis. Ter que ouvir tudo aquilo. Eu fui no julgamento, fiz questão de ir pela Tati, como mãe da Tati. Mas não foi fácil. Tudo o que eles estavam falando, falaram dela. Coisas que não são verdade, sabe, foi difícil pra mim", ressaltou.

Alerta

Assim como o pai, Tatiane era advogada

Foto cedida/Arquivo pessoal

Segundo Dolores, o caso de Tatiane deixou a marca de uma bandeira pela luta diária de combate à violência contra a mulher.

Convivendo com uma dor que nunca vai embora, ela ainda ressaltou a importância do amor próprio.

"Se valorizarem, ter amor próprio, não se deixar se enganar por pessoas que ela convivem e muitas vezes não valem a pena. Não depender da outra pessoa para ela poder ser forte, ter assim uma autonomia, uma independência para poder sair de um relacionamento abusivo", ressaltou.

Veja mais notícias da região em G1 Campos Gerais e Sul.

Fonte: G1

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