Ministério PĂșblico Federal alertou sobre possĂvel descumprimento do contrato. Ministério da SaĂșde respondeu, afirmando que todos os fornecedores de vacinas enfrentavam dificuldades. Após receber um alerta do Ministério PĂșblico Federal em relação ao possĂvel descumprimento do contrato de compra da vacina indiana Covaxin, o Ministério da SaĂșde minimizou os riscos e defendeu que era preciso "compreensão" com as dificuldades enfrentadas por fornecedores de vacina.
A resposta ao Ministério PĂșblico consta de ofĂcio de 16 de abril assinado pelo diretor do Departamento de LogĂstica em SaĂșde, Roberto Ferreira Dias.
Ele foi cobrado, em 5 de abril, pela procuradora da RepĂșblica no Distrito Federal Luciana Loureiro sobre quais providĂȘncias o Ministério da SaĂșde adotaria "quanto ao provĂĄvel atraso e/ou descumprimento" do contrato.
Compra da Covaxin: 4 pontos sobre a denĂșncia de irregularidades
Os ofĂcios foram enviados pelo Ministério PĂșblico Federal para a CPI da Covid.
O Ministério da SaĂșde ressaltou que os problemas para a execução dos contratos não eram exclusivos do fabricante da Covaxin.
"Vale destacar que por se tratar de insumo de extrema importância, não só para este Ministério, mas para todo o paĂs, faz-se necessĂĄrio registrar o esforço e a compreensão das dificuldades encontradas por todos os fornecedores de vacina. Todos os contratados como Butantan, Fiocruz, União QuĂmica, Pfizer e Jansen em algum momento da assinatura do contrato até o presente momento apresentaram alguma dificuldade, sendo este Ministério responsĂĄvel por auxiliĂĄ-los na resolução dos problemas", diz o texto.
O ministério também informou à procuradora que chegou a notificar a empresa Precisa Medicamentos, que intermediou a negociação para aquisição pelo governo da vacina Covaxin, fabricada pelo laboratório indiano Bharat Biotech. Essa notificação ocorreu em 30 de março.
No mesmo documento, o diretor do Ministério da SaĂșde lembrou que o Bharat Biotech teve a certificação de boas prĂĄticas de fabricação negada pela AgĂȘncia Nacional de Vigilância SanitĂĄria (Anvisa).
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O ofĂcio diz que a rejeição não necessariamente impediria a entrega dos lotes da vacina Covaxin pela empresa Precisa, mas que essa decisão acabou pesando em uma outra deliberação da agĂȘncia: a que negou, em março, autorização excepcional e temporĂĄria para importação e distribuição das doses da vacina — essa autorização acabou sendo posteriormente concedida no inĂcio deste mĂȘs.
"Cumpre esclarecer que o pedido de Certificação de Boas PrĂĄticas de Fabricação – CBPF, negado pela Anvisa, não necessariamente impediria a entrega dos lotes da vacina Covaxin pela empresa Precisa Medicamentos Ltda. No entanto, esse impedimento, após inspeção realizada pela agĂȘncia na fĂĄbrica e considerada insatisfatória, foi relevante na votação da diretoria colegiada da Anvisa para a concessão da autorização excepcional de importação desse insumo, a qual também teve decisão indeferida."
O documento relatou ainda que, até aquele momento, tinham sido feitas trĂȘs reuniões entre Anvisa, técnicos do Ministério da SaĂșde e a empresa Precisa para discutir a documentação necessĂĄria para a autorização de importação da vacina.
A empresa, por exemplo, não tinha apresentado o relatório técnico da avaliação do medicamento ou vacina para Covid-19, documento necessĂĄrio para a concessão de autorização de importação.
"Em vista dos fatos relatados, a empresa foi impedida de realizar o cumprimento do cronograma estabelecido no contrato nÂș 29/2021, que previa a primeira entrega em até 20 (vinte) dias a partir da assinatura do contrato, 25/02/2021."
Segundo a procuradora Luciana Loureiro, hĂĄ indĂcios de possĂveis irregularidades no contrato para a entrega de R$ 20 milhões de doses da Covaxin no valor total de R$ 1,6 bilhão. O preço de cada dose foi fixado em US$ 15, superior ao de outras vacinas no mercado internacional, como a da Pfizer.
O contrato para a compra da Covaxin foi firmado entre o Ministério da SaĂșde e a Precisa Medicamentos, empresa responsĂĄvel pela ponte entre o governo federal e o laboratório que produz a vacina na Ăndia.
A empresa é a Ășnica intermediĂĄria que não tem vĂnculo com a indĂșstria de vacinas. Mesmo após alertas sobre os problemas na execução, o governo teria insistido no contrato.