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População do Peru vai às urnas neste domingo para decidir novo presidente

Por Redação em 06/06/2021 às 12:00:11
Peruanos devem escolher entre Pedro Castillo, candidato de esquerda, mas com ideias conservadoras, e Keiko Fujimori que tenta o cargo pela terceira vez e é investigada por corrupção. População do Peru vai às urnas neste domingo para decidir novo presidente.

OSCAR DEL POZO / AFP

A população do Peru vai às urnas neste domingo (6) para eleger o seu novo presidente. A votação foi aberta às 7 horas (local, 9h em Brasília) e espera-se que haja um resultado já por volta das 23h30 (1h30 em Brasília). Em uma eleição marcada pela polarização, os peruanos devem decidir entre dois candidatos com posicionamentos políticos opostos.

Pedro Castillo, pertence ao partido de esquerda Perú Libre. Professor de uma escola rural, ganhou notoriedade após liderar uma prolongada greve nacional da categoria em 2017. Tem como lema a promessa de "não haver mais pobres em um país rico".

Keiko Fujimori, candidata pela direita com o partido Força Popular, é filha do ex-presidente preso Alberto Fujimori e é investigada por receber dinheiro ilegal da construtora brasileira Odebrecht para suas campanhas de 2011 e 2016. Suas propostas são sobre reativar a economia do país, duramente atingida pela pandemia.

As pesquisas mostraram que os candidatos praticamente empatam no segundo turno. No primeiro, com 18 concorrentes, nenhum recebeu mais de 20% de apoio e ambos são fortemente contestados por setores da sociedade peruana.

Quem ganhar terá que buscar acordos em um Congresso fragmentado para evitar que persista a instabilidade dos últimos cinco anos, que provocou a sucessão de três presidentes em cinco dias em novembro de 2020.

Além disso, o presidente eleito terá que encarar todo o rastro da pandemia, que não só colapsou a infraestrutura médica e de cemitério do Peru, como também deixou milhões de desempregados e colocou sob holofotes as desigualdades.

Estes problemas aprofundaram a desconfiança das pessoas no governo devido à resposta precária à COVID-19 e ao escândalo dos imunizantes, em que 500 pessoas, inclusive integrantes do governo, foram vacinadas em segredo, comentam especialistas à agência de notícias Associated Press.

Esquerda conservadora

O candidato presidencial do Peru, Pedro Castillo, durante coletiva de imprensa antes de votar, em Chugur, Peru.

REUTERS / Alessandro Cinque

O candidato do partido Perú Libre, de esquerda, Pedro Castillo, chega às urnas com ligeira vantagem sobre Keiko Fujimori, nas últimas pesquisas divulgadas após vencer o primeiro turno em 11 de abril com 18,9%.

Aos 51 anos, Castillo canaliza o sentimento de indignação de uma parte do Peru com sua mensagem: "Chega de pobres em um país rico". Seu nome começou a ganhar destaque em 2017, quando liderou uma prolongada greve nacional de professores.

Com um posicionamento que une a moral conservadora e reivindicações sociais, o candidato costuma citar passagens bíblicas quando apela à moralidade para justificar sua rejeição ao aborto, casamento homossexual e eutanásia.

Com um chapéu branco típico de Cajamarca, percorreu as regiões do Peru, até a cavalo, para obter votos.

"Castillo é uma espécie de Lula do campo, sem as habilidades sindicalistas do ex-presidente brasileiro, mas se mostra um bom comunicador", disse à agência de notícias France-Presse a jornalista e analista Sonia Goldenberg.

Entre suas promessas, estão a criação de um milhão de empregos em um ano e expulsão dos estrangeiros que cometem crimes, em alusão aos migrantes venezuelanos que chegaram desde 2017. Ele nega que pretenda confiscar os fundos de pensão dos trabalhadores, como afirmam seus críticos.

O seu partido, Perú Libre, é um dos poucos de esquerda que defende o regime do presidente venezuelano Nicolás Maduro. O candidato anunciou que se chegar ao poder o país recuperará o controle de sua energia e riquezas minerais, como gás, lítio e ouro, agora sob controle de multinacionais. No entanto, não especificou como o fará.

Candidata investigada

A candidata do partido Força Popular à presidência do Peru, Keiko Fujimori, durante entrevista coletiva em 8 de maio

Reuters/Angela Ponce

Keiko Fujimori tenta conseguir o cargo de presidente do Peru pela terceira vez. Sua carreira política é marcada pela reconstrução do movimento político de direita, o fujimorismo, que foi fundado por seu pai, ex-presidente Alberto Fujimori, em 1990.

Sua campanha tem um tom moderado e conciliador, após passar 16 meses em prisão preventiva, até maio de 2020. Ela é investigada pelo Ministério Público por supostamente receber dinheiro ilegal da Odebrecht para suas campanhas de 2011 e 2016, acusação que ela nega.

A prisão e a crise que atingiram seu Partido Fuerza Popular com o escândalo da Odebrecht a enfraqueceram. Mas ela conseguiu se recuperar para esta votação contra o esquerdista Pedro Castillo.

O MP, que se prepara para levá-la a julgamento, anunciou no dia 11 de março que pedirá 30 anos de prisão pelos supostos crimes de lavagem de dinheiro e obstrução da justiça, entre outros.

Se conquistar a presidência, terá imunidade e só poderá ser julgada após o término de seu mandato de cinco anos.

Entre suas propostas estão bônus às pessoas, incluindo um pagamento único de US $ 2.500 para cada família com pelo menos uma vítima do COVID-19, e a distribuição de 40% de um imposto para a extração de minérios, óleo ou gás entre as famílias que moram perto dessas áreas.

Seus apoiadores incluem os ricos, vários jogadores da seleção nacional de futebol e Mario Vargas Llosa, o principal autor do Peru e ganhador do Prêmio Nobel de Literatura. Vargas, que perdeu uma eleição presidencial há três décadas para o pai do candidato, Alberto Fujimori, deixou de chamá-la de “filha do ditador” em 2016 para considerá-la a representante da “liberdade e progresso”.

Peruanos nas urnas

Pessoas chegam a uma seção eleitoral para votar no segundo turno da eleição presidencial em Lima, Peru.

REUTERS / Liz Tasa

Mais de 25 milhões de cidadãos estão convocados às urnas em um país onde o voto é obrigatório, após uma campanha marcada pela polarização e exacerbação de medos.

Para este turno das eleições, foram habilitados 11.402 centros de votação e a distribuídas 380 toneladas de material eleitoral em aviões, caminhões e barcos.

Os centros eleitorais, incluindo centenas que serviram de local de vacinação contra a covid-19, ficaram sob vigilância policial e militar após a chegada de material como boletos de voto, urnas, registros e máscaras para os cidadãos que devem fiscalizar a votação.

Além dos cidadãos que residem no país, um milhão de peruanos também votarão em 75 países, incluindo 140.000 na Venezuela, Chile, Paraguai e Aruba, que não puderam votar no primeiro turno devido a restrições devido à pandemia.

Peruanos em Buenos Aires, na Argentina, votam nas eleições presidenciais de seu país.

REUTERS / Agustin Marcarian.

Os primeiros resultados oficiais serão conhecidos no domingo por volta das 23h30 (local, 1h30 em Brasília).

Fonte: G1

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