Previsão dos próximos depoimentos foi divulgada nesta quinta e pode ser alterada. Até agora, CPI ouviu dez pessoas, como o ministro da Saúde, ex-ministros e ex-assessor de Bolsonaro. O calendário de junho da CPI da Covid prevê depoimentos de médicos, pesquisadores, ex-assessores do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, governadores e um empresário. O cronograma foi divulgado à imprensa nesta quinta-feira (27) e pode sofrer alterações (veja a lista completa mais abaixo).
Instalada há um mês, em 27 de abril, CPI da Covid investiga ações e omissões do governo federal durante a pandemia e eventuais desvios de verbas federais repassadas a estados e municípios.
Nesta quinta, CPI encerrou a quarta semana de depoimentos. Ao todo, dez pessoas já foram ouvidas pelos integrantes da comissão, como o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga; os ex-ministros da pasta Eduardo Pazuello, Nelson Teich e Henrique Mandetta; o ex-secretário de Comunicação do governo Fabio Wajngarten; e o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas.
Na última quarta-feira, a CPI aprovou a convocação de nove governadores. Dois deles, Wilson Lima (PSC), do Amazonas, e Helder Barbalho (MDB), do Pará, devem prestar depoimento em junho, segundo a agenda divulgada nesta quinta-feira.
Apesar de as convocações dos governadores terem sido aprovadas, integrantes da CPI dizem acreditar que eles não vão comparecer. O comando da CPI espera que os 27 governadores, conjuntamente, entrem com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF).
Esses integrantes da CPI apostam em um precedente de 2012, quando o então governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), recorreu à Suprema Corte para não depor à CPI do Cachoeira. O STF, na ocasião, decidiu favoravelmente a Perillo, que alegou não haver competência, por parte de uma CPI do Congresso, para a convocação de um governador.
Mesmo tendo conhecimento dessa decisão, integrantes da cúpula da CPI colocaram em votação e aprovaram os requerimentos de convocação de governadores, em uma estratégia para desmontar argumentos de senadores governistas. O presidente Jair Bolsonaro, com frequência, cobra a investigação de governadores e prefeitos.
>>> Veja no vídeo abaixo como foi o depoimento do diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, à CPI, nesta quinta-feira (27):
Diretor do Instituto Butantan presta depoimento na CPI do Covid
Os depoimentos de junho
Veja a agenda prevista para junho:
Terça-feira (1º): Nise Yamaguchi, médica oncologista defensora da cloroquina contra a Covid;
Quarta-feira (2): Clovis da Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia; Zeliete Zambom, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade; Francisco Alves, infectologista do Hospital Emílio Ribas (SP); Paulo Porto Melo, médico neurocirurgião;
Terça-feira (8): Nísia Trindade Lima, presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz);
Quarta-feira (9): Elcio Franco, ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde;
Quinta-feira (10): Markinhos Show, ex-assessor do Ministério da Saúde;
Sexta-feira (11): Cláudio Maierovitch, médico sanitarista, e Nathália Pasternak, microbiolgoista e pesquisadora da USP;
Terça-feira (15): Marcellus Campêlo, secretário de Saúde do Amazonas;
Quarta-feira (16): Wilson Witzel, ex-governador do Rio de Janeiro;
Quinta-feira (17): Carlos Wizard, empresário;
Terça-feira (22): Filipe Martins, assessor da Presidência da República;
Quarta-feira (23): Representante do Instituto Gamaleya (desenvolvedor da vacina russa Sputnik V);
Quinta-feira (24): Jurema Werneck, representante do Movimento Alerta;
Terça-feira (29): Wilson Lima, governador do Amazonas;
Quarta-feira (30): Helder Barbalho, governador do Pará.
Segundo a agenda, no dia 1º de julho, deverá comparecer o governador do Piauí, Wellington Dias (PT).
Wilson Witzel, ex-governador do Rio de Janeiro
WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO
Ex-governador
Segundo integrantes da CPI, há uma expectativa grande em torno da convocação do ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel, que sofreu impeachment neste ano por suspeitas de desvios em recursos da saúde que deveriam ter sido usados no combate à Covid.
Parlamentares de oposição veem no depoimento do ex-governador potencial "grande" de desgaste do governo Jair Bolsonaro. Witzel se aproximou e caminhou ao lado da família do presidente na campanha de 2018, mas, avaliam senadores, Witzel "não tem nada a perder" e poderá entregar informações valiosas à comissão, por estar com "ódio no coração", segundo avaliou um senador.
Depois de eleito governador, o ex-juiz do Rio de Janeiro se desentendeu com a família Bolsonaro e afastou-se do presidente. "Foi a convocação que mais assustou os governistas", relatou outro parlamentar.