Calendario IPVA 2024

Jovem entra na Justiça para tentar acessar celular do pai que morreu de Covid-19: 'Recuperar parte dele'

Por Redação em 25/05/2021 às 05:16:15
Arlindo Rodrigues Lino morreu aos 63 anos por complicações da doença em um hospital de Santos, no litoral paulista, e não teve tempo nem chance de passar senha do aparelho. Filha tenta desbloquear aparelho para ter acesso às lembranças do pai

Arquivo Pessoal

A jovem Livia Lino, de 27 anos, precisou entrar na Justiça para tentar garantir o direito de desbloquear o celular do pai, que faleceu vítima da Covid-19, e ter acesso às fotos e lembranças dele. Arlindo Rodrigues Lino morreu aos 63 anos por complicações da doença em um hospital de Santos, no litoral paulista, e não teve tempo nem chance de passar a senha do aparelho.

Segundo Livia, o pai estava com sintomas de gripe quando a mãe dela positivou para a Covid-19. Após o teste, ele foi ao hospital junto com ela para ver que tipo de medicação seria necessária. Entretanto, ao chegar, foi internado. Apesar de não ter sintomas fortes, ele foi intubado poucos dias depois, e não resistiu à doença. O objetivo da filha é conseguir acessar fotos e lembranças guardadas no aparelho.

"A gente sabe que essas lembranças não vão trazer ele de volta, mas o celular foi o último recurso que ele usou nos dias em que estava isolado. São as últimas anotações, últimas lembranças, últimas memórias. É como se pudéssemos recuperar uma parte pequena dele. Não vai trazer ele de volta, mas vai ajudar a gente, principalmente nos momentos de saudade", disse Livia em entrevista ao G1.

Arlindo teve os primeiros sintomas e foi internado em março. Com menos de uma semana de internação, precisou ser intubado. Segundo relata a filha, ele não teve tempo de passar orientações ou conversar com a família. Os pertences dele foram entregues após a intubação, mas Livia não tentou entrar no celular, aguardando a alta do pai.

"Fiquei do dia 18 ao dia 4 de abril aguardando ele, porque tinha esperanças de que ele voltasse, acordasse. Mas, não foi o que aconteceu. No dia 4, ele não resistiu e acabou falecendo, e surgiu esse desafio para a gente", esclarece a jovem. Livia, que tem acesso à nuvem, aos e-mails e senhas do pai, relata que a única que não tinha era a do celular. Após a morte, eles começaram a buscar formas de desbloquear, para acessar fotos e contatos de amigos distantes que não receberam a notícia do falecimento dele.

Ela relata que procurou assistências técnicas que atendem celulares da marca, e até mesmo tentaram contato direto com a empresa, mas não tiveram um retorno positivo. Uma das formas seria resetando o celular, o que faria com que ela perdesse tudo que está contido no aparelho. Por não ter conseguido um retorno da empresa, ela decidiu entrar com uma ação judicial para tentar obter respostas.

O caso tramita pelo Foro de Santos. Em primeira instância, o juiz foi favorável ao pedido da filha. Entretanto, a empresa recorreu. Dentre as justificativas, explicou que apenas fabrica o aparelho, não sendo responsável pelo sistema operacional utilizado. A empresa ainda alegou que é impossível o cumprimento da decisão sem resetar o aparelho.

Após a resposta, a família e a empresa aguardam o juiz ouvir novamente ambas as partes. O caso ainda é julgado em primeira instância.

VÍDEOS: As notícias mais vistas do G1

Fonte: G1

Comunicar erro
Radio Jornal de Caceres
InfoJud 728x90
Combate a dengue 2023