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Drag king de Franca cria festival on-line com apresentações de palhaços e malabaristas drags

Por Redação em 24/04/2021 às 07:30:14
Artista Daniela Barros, que dá vida a Allan King, quer divertir e provocar reflexões sobre gênero e sexualidade durante as apresentações, transmitidas gratuitamente pelo Zoom e pelo YouTube. O acrobata Guilherme Venancio, que dá vida à drag queen Salomé, no festival 'BRILHE', que mistura artes drag e circense

Festival BRILHE/Divulgação

Modelo desde adolescente, a artista Daniela Peixoto de Barros, de Franca (SP), pôde viajar o mundo a trabalho, mas foi na arte drag que encontrou sua verdadeira vocação. Em casa, de quarentena contra o coronavírus, ela teve a ideia de criar um festival circense com palhaços, malabaristas e acrobatas drags.

Além de entreter, o festival, batizado de "BRILHE", busca levar conhecimento aos espectadores e os fazer refletir. Por meio das atrações, que são transmitidas gratuitamente pela internet, o evento pauta discussões sobre gênero, sexualidade e a importância da arte.

“Tanto a arte circense quanto a arte drag são ferramentas muito potentes enquanto expressões artísticas. Elas provocam transformação e reflexão do espectador e da própria sociedade", diz Daniela.

Allan King se veste para apresentação que une artes circense e drag

Daniela Barros/Arquivo pessoal

Além de idealizar o festival, Daniela faz parte da programação, que se estende até domingo (25). De peruca preta, bigode e roupa social, ela dá vida ao drag Allan King, que faz acrobacias em um trapézio suspenso no ar.

“A gente percebeu que não tinha um evento que abordasse as artes drags e circenses de forma integrada, mesmo que houvessem pessoas que faziam drag e circo. O objetivo é criar uma comunidade para unir estas duas culturas,” afirma.

A drag queen Malena Karalhova em número circense do festival 'BRILHE', que une as artes drag e circenses

Festival BRILHE/Reprodução

A criação de Allan King

Desde a infância, Daniela nutria paixão pela ginástica artística, que começou a praticar aos 10 anos. Após sofrer um acidente, porém, ela precisou se afastar da prática, que só voltou a ser realizada uma década depois, quando adentrou o circo.

“Quando descobri o circo, fiquei encantada. Já tinha paixão por acrobacias quando criança. Estava adormecida. A arte transformou completamente minha vida", diz.

Drag Allan King, criado pela modelo Dani de Barros, de Franca (SP), em apresentação circense

Daniela Barros/Arquivo pessoal

Após se inserir no universo artístico, Daniela começou a estudar questões de gênero e criou seu personagem, batizado de Allan King. O drag surgiu de forma amadora, com ajuda de uma amiga, em apresentações que buscavam exaltar o empoderamento feminino.

"Enquanto homens, a gente ia se transformando ao decorrer do número, até virarmos duas mulheres. A gente não sabia fazer a maquiagem, então a gente foi experimentando e fomos evoluindo, até conhecer outras drags e aprimorar”, relembra.

Drag Allan King, vivido por Daniela Barros, de Franca (SP), segura argolas em apresentação circense

Daniela Barros/Arquivo pessoal

A princípio, o personagem foi criado como Allan, mas, quando Daniela conheceu outros drag kings, decidiu incrementá-lo – não só no nome, mas na performance como um todo. "Eu me considero um drang king queer, que é uma pessoa que mistura tudo que é masculino e feminino”, explica.

Apesar da formação em ciências contábeis e educação física, Daniela trabalha como professora de circo. Ela vive em São Paulo (SP), mas diz ter vontade de montar uma escola em Franca com o irmão, que é arquiteto. Não importa, afinal, a cidade em que está, já que sua casa são os palcos.

“A arte foi quase que como uma salvação. Foi nos palcos que me senti completa e feliz", afirma.

Daniela Barros, de Franca (SP), dá vida ao drag Allan King, que faz performances circenses

Daniela Barros/Arquivo pessoal

Drag queens no circo

Além da presença de Allan King, o festival "BRILHE" conta com oficinas, bate-papos e workshops. Nos espetáculos, há palhaços drags que, de peruca, maquiagem, salto alto e nariz pintado, fazem malabarismo e acrobacias no ar.

Uma das principais atrações é uma palestra da drag queen Rita Von Hunty, criada pelo professor Guilherme Terreri, nascido em Ribeirão Preto (SP), que dá aulas sobre política no YouTube, além da drag estrangeira Monae Fante.

A programação, com cerca de 72 horas, é financiada pela Lei Aldir Blanc, criada em 2021 para ajudar profissionais do setor cultural que perderam o emprego durante a pandemia. Ao todo, cerca de 20 profissionais estão envolvidos na produção do evento, que conta com intérpretes de libras.

O festival Brilhe Circo Drag acontece de forma virtual e gratuita

Daniela Barros/Arquivo pessoal

A transmissão dos espetáculos é feitas pelo Zoom e pelo YouTube. Prestes a encerrar a programação, Daniela planeja dar continuidade ao trabalho e organizar uma segunda edição presencial do festival.

“Foi bem emocionante e transformador. Teve poucas pessoas que não choraram de emoção. Foi uma energia muito boa. Recebemos mensagens incríveis de pessoas que estavam mal com a situação que a gente está vivendo e que se emocionaram muito", diz.

*Sob supervisão de Pedro Martins

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Fonte: G1

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