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Pacientes internados sem previsão de alta têm 'desejos' realizados em hospital de Cubatão: 'É um aconchego'

Por Redação em 13/04/2021 às 05:40:02
Pedidos atendidos chegam a emocionar pacientes que estão há muito tempo em hospital. Tartaruga Nina no encontro com Maria do Socorro, no Hospital de Cubatão

Divulgação/Fundação São Francisco Xavier (FSFX)

Para acalentar o coração dos pacientes, profissionais de saúde resolveram atender a pedidos simples, mas que carregam grandes significados para pessoas internadas no Hospital de Cubatão (SP). Os desejos vão desde comidas que lembram o aconchego do lar até a visita de familiares e animais de estimação. A ação chega a emocionar pacientes que estão há muito tempo no hospital, que acabam desfrutando de um momento de conforto e alegria.

A proibição de visitas, os cardápios específicos e a ingestão de remédios, entre outros cuidados, fazem parte da rotina hospitalar. Como forma de aliviar esse período de dor e restrições, os profissionais de saúde do Hospital de Cubatão aderiram ao movimento "O que importa para você", desde agosto de 2020.

A ação teve início nos Estados Unidos, com o CEO do Instituto norte-americano Healthcare Improvement, Maureen Bisognano. Ele desafiava os profissionais de saúde a terem conversas mais próximas com os pacientes e familiares.

No Hospital de Cubatão, os pacientes internados há mais tempo, com Covid-19 ou não, têm a oportunidade de pedir algo que trará felicidade a eles. Os desejos são avaliados pela equipe, composta por médicos, enfermeiros e nutricionistas, para garantir a segurança do paciente e não afetar a continuidade do tratamento.

“Fazemos o rastreio clínico do paciente, para ver se permite que ele tenha esse desejo realizado. Tentamos trabalhar o desejo de forma a não deixar de atender e não prejudicar o tratamento dele", explica Kevin Cristian Souza da Costa, analista de qualidade e segurança, que coordena o projeto no Hospital de Cubatão, administrado pela Fundação São Francisco Xavier.

Nesta semana, diversos pedidos foram atendidos. Na internação, uma mulher se deliciou com um bolo de chocolate. Outra preferiu um macarrão com molho branco, e teve um paciente que queria uma salada de frutas. No mesmo andar, um homem de 56 anos, internado desde agosto do ano passado, tinha o desejo de rever o filho de 9 anos, e outro estava com saudades do neto.

"Esses pacientes ficam muito tempo internados, isso faz com que eles fiquem muito tempo afastados das famílias, dos seus animais, daquilo que eles amam. Então, a gente tentar trazer aquilo que eles mais amam para perto deles, para entregar esperança, uma luz no fim do túnel, trazer felicidade", diz Costa.

Maria tinha o desejo de rever a filha e a tartaruga de estimação

Divulgação/Fundação São Francisco Xavier (FSFX)

A filha e a tartaruga

Maria do Socorro Sampaio está há 60 dias no Hospital de Cubatão. Ela sofreu um infarto em outubro, outro em dezembro e um terceiro no início de fevereiro. No dia 8 de março, fez um cateterismo e foi para o quarto. Com a piora do quadro, ela precisou ser transferida para a UTI, e não tem contato com a família, apenas por vídeo-chamada. Ela desejava muito receber a visita da filha, Ângela Sampaio da Rocha, e da tartaruga Nina. O pedido foi atendido.

“Eu converso com a minha mãe, e ela perdeu a noção do tempo. Para ela, faz muito mais tempo que ela não via a Nina. A Nina representa a casa dela, a saudade de casa, estar mais perto de casa. Pena que não podemos ter muita proximidade, só pegar na mão. Mas, estar próximo de quem se ama é muito bom", disse Ângela.

Além de conversar com a filha, a paciente conseguiu rever Nina. Ela ficou bem pertinho da idosa, que conversou e beijou a tartaruga. “Eu amo minha filha. Meu coração, hoje, está do tamanho do mundo. Muito obrigada por terem feito isso por mim. Não tem nada que agradeça o que fizeram”, disse.

Maria também foi levada para a área externa do hospital e tomou sol por alguns minutos, outro desejo atendido. "Vocês não sabem o quanto o sol faz bem, o quanto o sol é bonito. É uma coisa maravilhosa que Deus deu para a gente", afirmou.

“Nós vimos o impacto positivo que isso teve no processo de cura dela. Durante o dia, depois que a filha e o animalzinho de estimação foram vê-la, ela aceitou melhor a alimentação, que vinha rejeitando”, explica Samandha Gagliardi Iannuzzi, supervisora das UTIs e Pronto Atendimento.

Uma vitamina

Elizangela Sales da Silva teve Covid-19, e depois de quatro meses, contraiu dengue. Como tem problemas renais, o quadro de saúde dela se agravou, e ela precisou ser internada na UTI. No hospital, ela sentiu saudade da vitamina de banana que sempre faz em casa e consumia quase todos os dias. O desejo foi atendido com sucesso.

“Quase que diariamente eu tomava, ou de tarde ou de manhã, ou como uma fruta. É muito bom, porque a gente que fica internado se sente um pouco esquecido. A preocupação é com a saúde. A gente fica com vontade de comer isso ou aquilo, só porque está recluso”, diz ela.

Elizangela pediu uma vitamina de banana no Hospital de Cubatão

Divulgação/Fundação São Francisco Xavier (FSFX)

Saúde emocional

Costa explica que a maioria dos pacientes atendidos ainda não tem previsão de alta médica. Por isso mesmo, eles precisam ter uma estadia confortável no hospital. "Para o paciente atingir um estado de saúde, ele precisa estar em completa harmonia, não só no biológico, mas também no emocional, no mental. Ele precisa enxergar o tratamento e aderir ao tratamento. Um paciente triste não adere ao tratamento e se entrega à doença”, diz ele.

“São pedidos simples, porém, significativos para quem está longe de casa. E proporcionar bons sentimentos faz total diferença no tratamento”, conta Abiqueila Silva, supervisora de enfermagem.

Desde o início do projeto, 42 pacientes já foram atendidos. Administrado pela Fundação São Francisco Xavier, o Hospital de Cubatão foi o primeiro a desenvolver a iniciativa, que depois seria levada para outros hospitais em Minas Gerais.

Elizangela ainda não sabe quando terá alta, mas tem consciência de que o gesto fez toda a diferença neste momento para ela. “Humanização é o que a gente precisa. A gente fica internado e passa milhões de coisas na nossa cabeça. A gente começa a raciocinar, pensar na família, no que a gente faz, promete ser melhor. Esse projeto é um aconchego para nós”, conclui.

Elizangela fala que gesto fez toda a diferença neste momento do tratamento

Divulgação/Fundação São Francisco Xavier (FSFX)

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Fonte: G1

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