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Idoso que esperou 8 dias por vaga em UTI após rins pararem mesmo com liminar morre com Covid-19: 'Não aguentou', diz filha

Por Redação em 10/04/2021 às 07:06:06
Júlio César Morgado, de 69 anos, morador de Bertioga, no litoral paulista, só conseguiu vaga na segunda-feira (5), em um hospital de Suzano (SP). Idoso esperou 8 dias por vaga em UTI com hemodiálise após rins pararem por complicações da Covid-19

Arquivo Pessoal/Ivana Cristina Morgado

O idoso de 69 anos que aguardou oito dias por uma vaga de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com hemodiálise, após os rins pararem por conta da Covid-19, em Bertioga, no litoral paulista, não resistiu e morreu. Mesmo com uma liminar concedida pela Justiça, ele só foi transferido na segunda-feira (5).

Júlio César Morgado, que era pastor em Bertioga, contraiu o novo coronavírus enquanto cuidava da esposa, que também foi contaminada. Ele teve um agravamento em seu estado de saúde e precisou ser internado no Hospital Municipal de Bertioga no dia 21 de março.

Enquanto estava internado, Morgado teve um problema nos rins, que pararam por conta de complicações da Covid-19, e precisava ser transferido com urgência para uma UTI com hemodiálise. Porém, o hospital onde ele estava internado não possuía o equipamento.

Preocupada, a auxiliar administrativa Ivana Cristina Morgado, de 41 anos, filha do idoso, entrou com um pedido de liminar na Justiça, para que a vaga fosse disponibilizada em algum hospital da região, ou do Estado de São Paulo. O documento foi deferido no dia 31 de março, com um prazo de 48 horas para cumprimento.

No entanto, o pastor só foi transferido na última segunda-feira, para um hospital em Suzano (SP). Após dois dias da transferência, ele sofreu um infarto enquanto realizava a hemodiálise e morreu. “Eu perdi o amor da minha vida. Depois de tanta luta que tivemos para salvar a vida dele, ele não aguentou”, lamenta Ivana.

Em entrevista ao G1 neste sábado (10), a auxiliar explicou que o hospital ligou na data da morte, durante o dia, para informar que o paciente havia apresentado uma leve melhora, porém, durante a noite, ela recebeu a ligação confirmando o óbito.

“Se onde ele estava tivesse como fazer a hemodiálise, ele não teria piorado. Cada dia que passava, o quadro dele ia piorando. Eu acredito que, se não tivesse demorado tanto tempo, ele teria resistido à hemodiálise”, conta.

Ivana relata que sua mãe ainda está se recuperando da Covid-19, e permanece com alguns sintomas, como tosse. Por isso, mesmo abalada com a morte do pai, precisa seguir firme para cuidar da mãe, que também ficou muito mal com a perda do esposo. "Ela está sem chão, não sabe o que fazer. Eu me sinto de mãos atadas, porque não posso perder ela também. Estou fazendo de tudo por ela agora, para que ela fique bem logo”, explica.

Mesmo revoltada com a demora do hospital em atender seu pai, ela ainda não decidiu se tomará alguma providência contra a unidade, por ainda não ter digerido toda a situação. "Eu não me conformo que ele foi embora. Por mim, mesmo que com sequelas, ele estaria aqui com a gente, e cuidaríamos dele", desabafa.

O velório e o sepultamento de Júlio César Morgado ocorreram em Diadema (SP), onde os familiares puderam se despedir rapidamente. Ele deixa a esposa, uma filha e a igreja que dirigia.

VÍDEOS: G1 em 1 Minuto Santos

Fonte: G1

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