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Conflito Ă© capĂ­tulo da guerra desde 1948, diz embaixador palestino

Por Redação em 11/10/2023 às 16:16:15
Foto: Reprodução internet

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O embaixador da Palestina no Brasil Ibrahim Alzeben falou com exclusividade à AgĂȘncia Brasil nesta quarta-feira (11) sobre o conflito iniciado no Ășltimo sĂĄbado (7). Da Cisjordânia, o diplomata palestino afirmou que o atual episódio é apenas mais um capĂ­tulo da guerra que Israel começou contra a Palestina em 1948.

Ele ainda pediu o fim imediato dos bombardeios à Faixa de Gaza e responsabilizou as potĂȘncias ocidentais por permitirem que Israel não desrespeitasse os limites territoriais da Palestina definidos pelas Nações Unidas.

"O que esta acontecendo agora é a continuidade - um capĂ­tulo mais - da guerra que fez Israel contra o povo palestino. É a continuidade da guerra que começou em Israel desde sua criação, até o momento, negando o direito do povo palestino à existĂȘncia", destacou. Ibrahim Alzeben qualificou o conflito como chacina e apelou para que as potĂȘncias Ocidentais detenham os bombardeiros de Israel. Sobre a posição do governo brasileiro, o diplomata destacou que, apesar de respeitar o posicionamento do Brasil, não concorda com os termos dos comunicados oficiais.

Para Alzeben, o Brasil tem importante papel a desempenhar como mediador do conflito. "Brasil é amigo de ambas as partes, tem o respeito de ambas as partes e tem respeito à nĂ­vel internacional e pode fazĂȘ-lo. Agora, se tem sucesso ou não, isso depende das circunstâncias internacionais", respondeu.

Questionado sobre o fato do Hamas não aceitar o Estado de Israel, o representante da Autoridade Palestina, que controla a Cisjordânia, disse que o grupo de Gaza é consequĂȘncia das violações dos direitos dos palestinos. "Não existia o Hamas (até 1987). Quem é responsĂĄvel por isso são os sucessivos governos de Israel que levaram a criação de vĂĄrias organizações, inclusive, e de criar essas situações beligerantes", concluiu.

Confira a seguir a entrevista completa com o embaixador da Palestina no Brasil Ibrahim Alzeben, que falou sobre o que deveria ser feito para suspender as hostilidades iniciadas no Ășltimo final de semana.

AgĂȘncia Brasil: Embaixador, como que a Autoridade Palestina analisa a ação do grupo Hamas no Ășltimo sĂĄbado? Como vocĂȘs avaliam essa ação?

Ibrahim Alzeben: O senhor perguntou ao embaixador de Israel como ele avalia a chacina que estĂĄ cometendo?

AgĂȘncia Brasil: Perguntei a ele o que Israel tem feito para reduzir as baixas civis e como responde às crĂ­ticas de que Israel pratica um Apartheid contra o povo palestino.

Alzeben: Seria bom perguntar a ele porque o que estĂĄ acontecendo agora é a continuidade - um capĂ­tulo mais - da guerra que fez Israel contra o povo palestino. Não adianta te dar qualificativos. É a continuidade da guerra que começou em Israel desde sua criação, até o momento, negando o direito do povo palestino à existĂȘncia. Além da terra arrasada que estão praticando, eles seguem desumanizando os palestinos. Não sei se o embaixador de Israel nos considera desumanos, que não somos humanos. Realmente, não adianta, a essa altura, começar a fazer qualificações e cair nessa armadilha de fugir da realidade que esse é um capĂ­tulo mais – lamentĂĄvel, triste e destrutivo - daquela guerra que começou em 1948.

Agora, ficar procurando qualificativos? Eu acho que a essa altura não tem muita importância. O que importa, como jornalismo, como diplomata, como superpotĂȘncia, como Nações Unidas, como comunidade internacional, é como parar essa loucura. O que estĂĄ acontecendo é uma chacina e que tem que parar. Se continuar vão ser mais vĂ­timas, mais sofrimento e vamos ficar mais distantes de uma solução. Erramos ou não, somos vizinhos e, como vizinhos, temos que nos respeitar, do mesmo jeito que os vizinhos na América Latina se respeitam. Pode ser que não compartam algumas coisas, mas se respeitam. As fronteiras são respeitadas, as relações diplomĂĄticas e hĂĄ cooperação. Isso é o que devemos procurar a essa altura. Não adianta estĂĄ procurando qualificativos e adjetivos.

AgĂȘncia Brasil: Como a Autoridade Palestina analisa a posição e as medidas do governo do Brasil, até o momento, em relação ao conflito?

Alzeben: O Brasil é um paĂ­s amigo, o senhor presidente é um amigo que goza de todo nosso respeito e carinho. Não somente do povo palestino, ele é um lĂ­der mundial que tem todo nosso respeito. Se o senhor quer se referir ao comunicado, nós respeitamos, simplesmente respeitamos a soberania de todos os paĂ­ses amigos, podemos compartilhar ou não, e não compartilhamos a Ășltima declaração não.

AgĂȘncia Brasil: Como que o Brasil poderia ajudar a mediar esse conflito levando em conta que o paĂ­s preside atualmente o Conselho de Segurança da ONU?

Alzeben: Estou seguro de que se estivesse nas mãos do governo do Brasil faz tempo que eles teriam feito. Brasil é amigo de ambas as partes, tem o respeito de ambas as partes e tem respeito à nĂ­vel internacional e pode fazĂȘ-lo.

Agora, se tem sucesso ou não, isso depende das circunstâncias internacionais. O Brasil é paĂ­s amigo e se estivesse em suas mãos colocaria fim a esse conflito faz tempo.

AgĂȘncia Brasil: O que poderia ser feito neste momento para cessar as hostilidades, para que a guerra pare? O que poderia ser feito e quem poderia fazĂȘ-lo?

Alzeben: Deve ser um esforço coletivo e não somente deixar nas mãos dos Estados Unidos que demonstrou ser um aliado incondicional da agressividade de Israel, mandando porta-aviões e munições e mais armas de destruição. Deve ser um esforço coletivo da comunidade internacional, obviamente com uma presença notória do Brasil. Os Estados Unidos participariam como parte e não como Ășnico mediador. Tem que parar essa chacina, tem que parar esse fogo cruzado, esse bombardeiro contĂ­nuo e indiscriminado na Faixa de Gaza.

AgĂȘncia Brasil: A maior parte da comunidade internacional, incluindo o Brasil, defende que a saĂ­da para as hostilidades seria a consolidação de um Estado palestino economicamente viĂĄvel. Por que essa saĂ­da ainda não foi possĂ­vel após 75 anos da criação do Estado de Israel?

Alzeben: Como falei, esse episódio é a continuidade de uma guerra que Israel empreendeu contra nós. Israel estĂĄ impedindo a criação do Estado Palestino com apoio lamentĂĄvel dos Estados Unidos, que é uma superpotĂȘncia que, no lugar de cuidar do direito internacional e da paz mundial, estĂĄ ajudando um agressor, um paĂ­s que nega o cumprimento do direito internacional. Desde 1947, inclusive quando (o brasileiro) Oswaldo Aranha era presidente da Assembleia Geral (da ONU), se pretendia criar dois estados. Por que não foi criado outro estado e só foi criado um: que é Israel? Simplesmente porque Israel, com apoio de algumas potĂȘncias ocidentais, estava impedindo isso. Agora, simplesmente Estados Unidos e Israel com mais alguns paĂ­ses.

O responsĂĄvel desde episódio, de todas as guerras ao longo desses anos é, em grande parte, a comunidade internacional, que não fez respeitar sua determinação. Simplesmente, com cada agressão, não obrigava Israel a cumprir com o direito internacional e Israel se sentiu livre de seguir cometendo crimes e mais crimes e massacres.

A comunidade internacional que me refiro é o Ocidente e não os paĂ­ses que eram colonizados. O Ocidente que é responsĂĄvel. Ele que deixou as mãos abertas de Israel de seguir fazendo o que estĂĄ fazendo e levar ao povo palestino a um estado de desespero.

AgĂȘncia Brasil: O governo de Israel e atores que defendem que Israel estaria em seu direito de defesa alegam que, como Hamas defende a extinção do Estado de Israel, isso impediria um acordo para um Estado Palestino ou para o fim das hostilidades. Como o senhor responde a esse argumento?

Alzeben: O Estado de Israel foi criado em 1948. Até 1987, quando foi criado o Hamas, porque ele não cumpriu com suas obrigações internacionais? 1948, 1956, 1967, 1973, não existia o Hamas. Quem é responsĂĄvel por isso são os sucessivos governos de Israel que levaram a criação de vĂĄrias organizações, inclusive, e de criar essas situações beligerantes que comprometem nossas vidas diĂĄrias, que compromete a paz na região, que comprometem nossa própria existĂȘncia. Desde 1948 até o momento, quem estĂĄ impedindo o cumprimento do direito internacional é o próprio Israel acompanhado dos Estados Unidos e algumas potĂȘncias ocidentais.

AgĂȘncia Brasil: Qual, então, seria a saĂ­da viĂĄvel para o fim das hostilidades que estão acontecendo?

Alzeben: Intervenção imediata do Conselho de Segurança (da ONU), com apoio da comunidade internacional, daquelas potĂȘncias ocidentais. Os Estados Unidos devem ordenar o fim das hostilidades no lugar de mandar armamentos. Ele deve ordenar o fim do bombardeio e vamos nos sentar com todos os atores da região e por fim a essa tragédia que estĂĄ comprometendo não somente a paz na Palestina e em Israel, mas a paz na região e eu acho que é uma ameaça direta à paz mundial.

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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