Coaf vê 'saldo injustificável' em contas de suspeitos de financiar bloqueios golpistas de rodovias; empresário vai à CPI nesta terça

O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apurou que Argino Bedin e sua filha, Roberta Bedin, investiram R$ 21,5 milhões em aplicações financeiras entre 2021 e 2022. O conselho apontou que o saldo das contas não é justificável, por estar em desacordo com a renda de ambos.

Ambos tiveram as contas correntes bloqueadas pelo STF, em novembro passado, por serem suspeitos de terem financiando os bloqueios golpistas em rodovias após as eleições de 2022.

Argino Bedin deve ser ouvido nesta terça-feira (3) pela CPI dos Atos Golpistas no Congresso em razão das mesmas suspeitas. O ministro do STF Dias Toffoli determinou que Bedin é obrigado a comparecer, mas pode ficar em silêncio para não produzir provas contra si mesmo.

De acordo com o relatório de inteligência financeira (RIF) do Coaf, Roberta Bedin teria movimentado R$ 19,6 milhões no período e seu pai, Argino, R$ 1,9 milhão.

Relembre os bloqueios nas rodovias no vídeo abaixo, de 2022:

Bloqueios ilegais em estradas e rodovias comprometem setores importantes do país; entenda

"Investimentos significativos não proporcionais à capacidade financeira do cliente, ou cuja origem não seja claramente conhecida e incompatibilidade da atividade econômica, do objeto social ou do faturamento informados com o padrão operacional apresentado por clientes com o mesmo perfil", afirmou o Coaf.

Entretanto, tanto as contas correntes de Argino e Roberta, não tiveram movimentações suspeitas apontadas pelo Coaf, no período analisado. Os pedidos de análise foram todos feitos pela relatora Eliziane Gama (PSD-MA).

Doações para campanhas

Entre os membros da família Bedin que tiveram as contas bloqueadas, dois deles fizeram doações para campanhas nas eleições de 2022.

De acordo com o Coaf, o patriarca, Argino, doou R$ 86 mil para o Partido Liberal (PL), partido do ex-presidente Bolsonaro. Já Sérgio Bedin, outro membro, doou R$ 100 mil para a campanha de Bolsonaro, de acordo com o TSE.

Toda a família Bedin, ao redor do Brasil, doou R$ 198.618,27 para a campanha do ex-presidente Jair Bolsonaro. Eles também doaram R$ 463 para a candidatura do presidente Lula.

Ao todo, a família doou R$ 460.564,99 a campanhas de deputados estaduais, federais e presidenciáveis.