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Agenda de auxiliar registrou encontros secretos de Bolsonaro com comandantes após 2º turno

Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro delatou reuniões de conteúdo golpista entre Bolsonaro e comandantes.

Por Redação em 21/09/2023 às 18:48:46
Foto: Reprodução internet

Foto: Reprodução internet

Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro delatou reuniões de conteúdo golpista entre Bolsonaro e comandantes. Não há confirmação de que as reuniões registradas sejam as delatadas. Agendas mantidas por um ajudante de ordem subordinado ao tenente-coronel Mauro Cid registraram encontros secretos mantidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro com comandantes das Forças Armadas no período imediatamente posterior ao 2º turno das eleições de 2022.

Os jornalistas Bela Megale, no jornal O Globo, e Aguirre Talento, no UOL noticiaram nesta quinta-feira que Cid relatou à Polícia Federal ter presenciado reuniões em que Bolsonaro e militares trataram de golpe militar. As informações também foram obtidas pelo blog da Camila Bomfim com fontes ligadas à investigação.

Ao descrever a reunião, Cid relatou que o encontro incluiu uma minuta (ou seja, um rascunho) de um decreto golpista que incluiria uma série de ilegalidades, incluindo afastamento de autoridades.

Ele também disse à polícia que a ideia de um golpe foi recebida com entusiasmo pelo representante da Marinha, mas que o representante do Exército teria resistido à proposta.

Os dados das agendas constam das caixas de e-mail institucionais entregues pela Presidência da República à CPI dos Atos Golpistas. Não há nos registros informações sobre os assuntos tratados nos encontros. Também não há ainda confirmação de que alguma das reuniões seja a mencionada por Mauro Cid em sua delação.

Em nota divulgada nesta quinta-feira, o Comando da Marinha disse que não teve acesso à delação, que é fiel no cumprimento da lei e que a opinião de um oficial não reflete o posicionamento da Força.

Já a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro divulgou nota nesta quinta-feira (21) para dizer que ele não compactuou com ações "fora da lei".

Em delação, Mauro Cid revela que Bolsonaro fez reunião com cúpula militar para avaliar golpe no país

1º de novembro

O primeiro registro é do dia 1º de novembro de 2022, dois dias após o segundo turno da eleição. Segundo o calendário do e-mail institucional da Presidência do ajudante de ordens Jonathan Diniz, Bolsonaro recebeu no Palácio da Alvorada os titulares à época do ministério da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, da Justiça Anderson Torres, da Advocacia-Geral da União Bruno Bianco Leal, o ex-ministro e candidato a vice de Bolsonaro, general Braga Netto, e os "Comandantes de Força". O registro é de que a reunião durou uma hora.

Já em 2023, após os atos golpistas de 8 de janeiro, a Polícia Federal encontrou na casa de Anderson Torres uma minuta de decreto para instaurar Estado de Defesa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O texto -- inconstitucional, segundo juristas -- previa uma interferência indevida na Justiça Eleitoral. Em depoimento à PF, Torres disse que o documento era "descartável" e "sem viabilidade jurídica". Não há informações até agora de que este documento seja o mesmo mencionado por Cid em sua delação.

2 de novembro

No dia seguinte, em 2 de novembro, o ajudante de ordens Jonathan Diniz registrou um encontro às 15h30 no Palácio do Alvorada. Os participantes anotados são "AE Garinier Santos - Comandante da Marinha" (sic), "Gen Freire-Gomes - Comandante do Exército" e o filho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Neste último, o registro inclui a informação de que Flávio teria chegado mais tarde, às 16h30.

Segundo o registro, o encontro durou até 17h15.

14 de novembro

Diniz volta a incluir comandantes de Forças Armadas em encontros com o presidente no dia 14 de novembro. Segundo a marcação no calendário do militar, a reunião neste dia também ocorreu no Palácio da Alvorada, entre 14h30 e 16h20. Entre os participantes, constam "Comandantes de Força", "Gen Braga Netto" e "AE Rocha" (provavelmente o almirante Flávio Rocha, então secretário especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da República).

Neste registro, outros integrantes são mencionados apenas por siglas conhecidas em Brasília: MD (usada para o Ministério da Defesa), MJ (usada para o Ministério da Justiça), AGU (Advocacia-Geral da União) e CGU (Controladoria-Geral da União).

Fora das agendas oficiais

A presença dos comandantes nos encontros não foi mencionada nas agendas oficiais de Bolsonaro divulgadas pela Presidência à época. As reuniões também não constaram da agenda de nenhum dos comandantes mencionados.

O encontro de 1º de novembro, por exemplo, traz na agenda oficial como participantes apenas parte dos registrados por Diniz - os ministros da Defesa, da Justiça e da AGU. Não há menção a Braga Netto ou aos comandantes das Forças Armadas.

Já o encontro do dia 2 não foi sequer registrado, já que a agenda oficial daquele dia dizia apenas que o então presidente não possuía compromissos oficiais. O encontro do dia 14 também não foi incluído na agenda oficial, que listou somente reuniões do presidente pela manhã.

Fonte: G1

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