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Pressionado por "rolo compressor" do Centrão, Lula escolhe blindar petistas e escantear Marina na MP dos MinistĂ©rios

Por Redação em 27/05/2023 às 08:24:09

O presidente Luiz InĂĄcio Lula da Silva (PT) até que tentou minimizar a crise envolvendo a medida provisória (MP) que reestrutura a Esplanada dos Ministérios, ao dizer que as mudanças promovidas pelo Congresso Nacional eram algo "normal", mas o saldo da semana é claro: o governo entrou em curto-circuito diante do rolo compressor do Centrão, que esvaziou duas pastas que representam a espinha dorsal de sua gestão, o Meio Ambiente os Povos OriginĂĄrios, duas das principais bandeiras da campanha eleitoral que o levaram ao inédito terceiro mandato. Diante da constatação de que não haveria como conter o Ă­mpeto de um Parlamento eminentemente conservador, Lula jogou para blindar o coração de sua administração, a Casa Civil, e aceitou o desgaste para evitar que a MP caducasse – o texto perde a validade na quinta-feira, 1Âș.

A aprovação do relatório do deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL) por 15 votos a 3 na comissão mista criada para analisar a MP escancarou uma divisão entre os aliados de Lula. O ministro Alexandre Padilha, responsĂĄvel pela articulação polĂ­tica, celebrou o acordo firmado com os parlamentares. O lĂ­der do governo no congresso, Randolfe Rodrigues, tratou o placar como uma vitória, sob o argumento de que o parecer do emedebista atendia em 90% os interesses de governo. O perfil do PT no Senado seguiu a mesma linha. Faltou combinar com os russos: a presidente do partido, Gleisi Hoffmann, usou o Twitter para criticar a postura do Congresso. "Foi feita toda uma reestruturação dos ministérios e cargos pra abraçar a diversidade brasileira e as necessidades do Estado e agora a direita quer mudar tudo no estilo à lĂĄ Bolsonaro, prejudicando em especial a ĂĄrea indĂ­gena. Fala sério! O projeto de governo eleito pelo povo é o de Lula", publicou. No dia seguinte, a pĂĄgina da legenda no Senado compartilhou um vĂ­deo no qual o senador Humberto Costa (PT-PE), afirma que os petistas vão "lutar para devolver o texto original". "Pressione seu deputado e seu senador para que ele não permita retrocessos", escreveu. Independentemente de qual seja a corrente majoritĂĄria na gestão, o fato é que o Planalto assistiu a uma clara demonstração de força de deputados e senadores, que expuseram a dificuldade de Lula em conseguir manter de pé a primeira medida de seu terceiro governo: a composição ministerial.

O texto aprovado pela comissão mista prevĂȘ o esvaziamento dos ministérios do Meio Ambiente, que perderĂĄ do rol de suas atribuições o Cadastro Ambiental Rural (CAR), a AgĂȘncia Nacional de Águas (ANA) e o Sistema Nacional de Informações em Saneamento BĂĄsico (Sinisa), o Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos ResĂ­duos Sólidos (Sinir) e o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos HĂ­dricos (Singreh), que migram para o Ministério das Cidades, de Jader Filho (MDB), e dos Povos OriginĂĄrios, que viu o colegiado chancelar a transferĂȘncia da demarcação de terras indĂ­genas, a razão existencial da pasta, para o Ministério da Justiça. Um ministro de Lula com assento no Congresso ouvido pela reportagem reconhece o impacto da decisão, mas fala em enxergar "o copo meio cheio": "Conseguimos manter o PPI na Casa Civil, em um momento em que o ministro Rui Costa estĂĄ na mira da cĂșpula do Legislativo. perder o PPI feriria de morte o coração do nosso governo". O governo também foi vĂ­tima de uma arapuca do Congresso: depois da crise envolvendo o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), sobre o rito de tramitação das MPs, o texto passou a ser de fato analisado nos Ășltimos dias de maio. O projeto ainda precisa ser analisado nos plenĂĄrios das duas Casas. com o tempo exĂ­guo até a data em que a medida provisória perderĂĄ sua validade, 1Âș de junho, Lula se viu encurralado, sem tempo hĂĄbil para negociar. Se a MP dos Ministérios caducasse, além do simbolismo de ver o pontapé inicial da gestão perder efeito, voltaria a vigorar a estrutura do governo Bolsonaro, o que poderia implicar no colapso do Executivo Federal, uma vez que Lula propôs mudanças significativas no organograma da Esplanada. Assim, não houve outra alternativa: o presidente da RepĂșblica entregou os anéis para preservar os dedos.


Fonte: JP

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